Indicação de Eduardo Bolsonaro a embaixada sobe o passe do Senado em meio a tramitação da reforma
Cotação em dólar A decisão de Jair Bolsonaro de indicar o filho Eduardo embaixador em Washington foi considerada um erro por dirigentes de partidos que apoiaram mudanças na Previdência. O presidente, dizem, falhou não só na forma, mas especialmente no timing, interrompendo a repercussão positiva do avanço da reforma no Parlamento. Esse grupo lembra que o nome do 03 chegará ao Senado em meio à tramitação das novas regras de aposentadoria —agregando custo extra à articulação do Planalto.
Salto sem rede Líderes de partidos de centro e centro-direita dizem que o presidente precisa estar ciente de que, se confirmar a indicação do filho à representação mais nobre do Brasil, iniciará operação de alto risco —a votação no Senado é secreta.
Salto sem rede 2 Por isso, senadores de partidos de oposição ainda custam a crer que Bolsonaro vai levar a operação adiante. Um integrante dessa ala política e da Comissão de Relações Exteriores calcula que, na largada, Eduardo tenha nove votos contrários entre os 17 titulares.
Primeiro sarrafo A comissão sabatina e avaliza antes do plenário os indicados a postos diplomáticos.
Round 1 Confirmado embaixador, Eduardo terá como um dos primeiros testes de fogo a revisão do contrato de fornecimento do etanol americano que abastece o Nordeste.
Round 2 O Brasil quer aproveitar o vencimento do contrato, em setembro, para renegociar termos e tentar abrir mercado para o açúcar brasileiro.
Fica a dica Uma vez embaixador, dizem nomes fortes do setor agro, Eduardo terá de aprender que, embora esteja ideologicamente alinhado à política de Donald Trump, Brasil e EUA são rivais nos negócios. Disputam os mercados globais de soja e carne.
Só observando O suplente do PSL que pode assumir a vaga de Eduardo na Câmara, Vinicius Tadeu Sattin Rodrigues, 30, é médico e, mesmo após o anúncio, deu plantão no hospital onde atua como radiologista. “Não procurei ninguém e ninguém me procurou”.
De boas intenções… “Independentemente do interesse pessoal, concordo com a escolha”, diz Vinicius. “Ele é preparado, já participa das relações exteriores. A capacidade técnica e a confiança que tem do presidente são indiscutíveis. Não entendo o problema.”
O que se pode fazer hoje O fato de a votação em segundo turno da reforma da Previdência na Câmara ter ficado para agosto preocupa aliados do governo. Tanto que o ministro Luiz Eduardo Ramos (Secretaria de Governo) telefonou a líderes do centro nesta sexta (12) e perguntou se não era possível encerrar logo tudo.
Tempo ao tempo Ramos ouviu de volta que os parlamentares estavam exaustados após horas de debate, e que havia risco de não garantir os 308 votos necessários para barrar propostas que pudessem desidratar o projeto.
Voz do povo O temor dos governistas é o de que os deputados possam ser pressionados durante o recesso ao retornarem para suas bases eleitorais.
Operação resgate Alvo de uma onda de ataques na internet e de ameaças de punição por dirigentes de seu partido, a deputada Tabata Amaral (PDT-SP) recebeu voto de solidariedade do colega Mário Heringer (PDT-MG), segundo secretário da Mesa Diretora da Câmara dos Deputados.
Operação resgate 2 Em vídeo a dirigentes e filiados, ele disse que Tabata “é uma flor que merece e precisa ser cultivada” e que tem certeza de que ela votou pela reforma “por convicção”. Por fim, pede trégua, “carinho e respeito”. “Essa menina é o jeito diferente que a sociedade quer de fazer política.”
Grife o nome O procurador Lauro Cardoso ganhou mais força entre aliados do presidente Jair Bolsonaro no processo que culminará com a escolha do sucessor de Raquel Dodge no comando da PGR. Ele, que já tinha apoio no núcleo militar, agora ganhou a confiança dos civis.
Quase lá Cardoso tem passagem pelas Forças e curso de operações especiais. É querido, inclusive, por deputados do PSL. Ele ficou em quarto lugar na eleição em que sua categoria formou lista tríplice.
TIROTEIO
Infelizmente, cedemos a pressões que reforçam a desigualdade em vez de buscar ações que deem oportunidades a todos
De Ana Carla Abrão, economista, sobre a Câmara ter flexibilizado as regras de aposentadoria para algumas categorias nesta sexta (12)