Instituto quer certificar empreiteiras; com entidade, Odebrecht tenta reaver controle do setor
Render-se? Jamais Lançado sob a face pública de organizações que militam pela transparência, o recém-criado Instituto de Integridade de Autorregulação do Setor de Infraestrutura abriga pretensão da Odebrecht de retomar o controle deste mercado, amparada por outras empreiteiras de médio e grande porte. Em reuniões que precederam a fundação da entidade, a empresa apresentou o projeto a parceiros, escolheu dirigentes e antecipou que almeja criar selo que seja pré-requisito para a contratação de obras.
Caça com gato A Odebrecht apostou na montagem de um instituto depois que seu plano inicial, a criação de uma plataforma de monitoramento de concorrências públicas, a Observe, foi descartado pela cúpula da empresa.
Caça com gato 2 Com a guinada, veio a decisão de apostar na autorregulação. A empreiteira, então, convocou ainda no primeiro trimestre reunião com CEOs de empresas do setor e apresentou a proposta de criação do instituto.
Suas armas As organizações que são a face pública da nova entidade são Instituto Ethos, FGVethics e a IFC. O general da reserva Sérgio Etchegoyen foi apresentado como escolhido para presidi-la. O desafio é abrir diálogo com o governo Bolsonaro.
Melhor não Advogados e especialistas consultados por empreiteiras acionadas pela Odebrecht fizeram reparos à investida. Apontam que o setor ainda não está maduro para autorregulação e que a ideia de um selo pode ser facilmente conectada à restrição de competitividade.
Sem mais Procurada, a assessoria da Odebrecht encaminhou material que registra a adesão da empreiteira ao novo instituto no dia 16 de maio e não comentou os relatos de que patrocinou a ideia desde antes do lançamento formal.
Sem mais 2 A assessoria do Instituto Ethos recebeu perguntas do Painel por email, mas argumentou que não teria tempo hábil de respondê-las pela necessidade de consultar as outras organizações que estão à frente da nova entidade.
Você manda A capacidade do governo de liberar emendas de deputados ainda no início desta semana será crucial para determinar o ânimo da comissão especial que analisa a reforma da Previdência.
Curti A equipe econômica tomou gosto pela ideia de cortar recursos do FAT do BNDES.
Bateu no teto? Políticos de diversas correntes acompanharam com lupa os atos a favor de Sergio Moro (Justiça) e do governo Bolsonaro neste domingo (30). Avaliação geral: foram significativamente menores do que os de 26 de maio.
Métrica O ato anterior ocupou sete quarteirões da avenida Paulista. Este, quatro.
Somos um A retórica do ministro ao comentar o apoio que recebeu também foi analisada. Dirigentes de partidos, governadores e membros de cortes superiores leram a expressão “Eu vejo, eu ouço”, empregada por Moro, como sinal de adesão ao discurso messiânico que caracteriza parte de seus apoiadores.
Corda bamba Integrantes do STF começam a manifestar receio de que, com o avanço de revelações sobre bastidores de delações, colaboradores digam à Justiça que foram obrigados a assumir crimes que não cometeram.
Corda bamba 2 O assunto surgiu após reportagem da Folha em parceria com o The Intercept, neste domingo (30), revelar debates internos sobre o trato —ainda inconcluso— de Leo Pinheiro, da OAS.
Salve-se… O jurídico do PSL montou força-tarefa para recolher documentos e prestações de contas de diretórios regionais suspensos pela Justiça Eleitoral. É preciso submeter a papelada a novo julgamento. Sem isso, esses diretórios não podem lançar candidatos.
…quem puder A missão é árdua: antes de servir a Jair Bolsonaro, o partido era uma sigla nanica, e os gestores de anos atrás deixaram pontas soltas.
Bagunça pouca Só em São Paulo, há 43 diretórios nessa situação —o da capital incluso. Desde que Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) assumiu da legenda no estado, mês passado, teve início o esforço de mapear a situação em todas as cidades e tentar sanear as irregularidades apontadas.
TIROTEIO
Moro representa a esperança de que possa existir Justiça no Brasil. Sua força intimida a política e provoca inveja no STF
Do senador Major Olímpio (SP), líder do PSL, sobre os atos de apoio ao ex-juiz em meio à crise do vazamento de mensagens da Lava Jato