Governadores racham e discordam da estratégia de pressionar o Congresso a mantê-los em reforma

Em terra de cego A tentativa de pressionar a Câmara a enquadrar estados e municípios na reforma da Previdência rachou o grupo que reúne os 27 governadores do país. Há divergências não só em relação à essência do projeto mas também ao estilo de atuação. Gestores do Nordeste têm dito que, no afã de liderar, João Doria (SP) e Ibaneis Rocha (DF) cometem erros “de principiante”. Há queixas em relação a ataques ao Congresso e avisos de que o ambiente “é de maratona, não de corrida de 100 metros”.

A olho nu O impasse ficou explícito nesta quinta (6), quando ao menos três versões de cartas assinadas por governadores foram divulgadas. A primeira era uma minuta e acabou rechaçada pelos termos que usava; a segunda foi rejeitada por ao menos quatro gestores que constavam como signatários (os de PI, CE, SE e RN disseram não ter assinado); e a última só representava o Nordeste.

Você primeiro Os governadores do Nordeste querem que o relator da reforma da Previdência, Samuel Moreira (PSDB-SP), tire da proposta temas polêmicos, como mudanças nas aposentadorias rural e assistencial, o BPC, para depois entrarem em campo.

Puxe a fila O recado foi repassado por Flávio Dino (PC do B-MA) ao presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ). Segundo aliados, ele disse que o democrata pode, sim, contar com a responsabilidade dos governadores da oposição, mas só depois de modificar os pontos mais problemáticos.

Quem avisa… Doria tem repetido que lutará “com todas as forças” para manter estados e municípios na reforma, mas sua gana melindrou alguns. Seu secretário Alexandre Baldy (Transportes Metropolitanos) foi abordado em Brasília na quarta (5) por deputados e senadores que se ofenderam com a retórica do tucano.

…amigo é Segundo relatos, Baldy ouviu que o governador de SP se porta “como Bolsonaro” ao falar grosso com o Congresso como se quisesse emparedá-lo e que “quem quer ser presidente não pode seguir tal caminho”.

Água fervente A última briga entre Joice Hasselmann (PSL-SP) e Major Olímpio (PSL-SP) ampliou o descontentamento com a deputada, que é líder do governo no Congresso.

Água fervente 2 Olímpio, que diz não confiar na palavra dela, afirma que muitos líderes de partidos pensam como ele. “Me senti traído. A palavra empenhada não vale”, disse.

Dois para lá Oposição e partidos de centro-direita devem exigir o cumprimento de uma série de condições para aprovarem o crédito extra de R$ 248 bilhões.

Dois para cá As lideranças pretendem pedir a liberação de recursos bloqueados para o Minha Casa, Minha Vida e para segurança hídrica do Nordeste. Só no programa habitacional, são R$ 2 bilhões represados.

Limites Integrantes da comissão que analisa o texto pregaram parcelar o valor, obrigando o governo a recorrer ao Congresso por dinheiro periodicamente. Isso levaria a queda de braço ao limite e poderia inviabilizar o pagamento do 13º a aposentados e pensionistas do INSS. O alerta é do relator Hildo Rocha (MDB-MA).

VAR O debate da crise econômica em Brasília foi suplantado, na quarta (5), pelas discussões do caso Neymar. “Pela primeira vez as redes entenderam o que é presunção de inocência”, disse um integrante da cúpula da Câmara.

VAR 2 Equipes que monitoram as redes para deputados apontaram que o tema alcançou 92 milhões de pessoas, que as menções ao nome do jogador subiram 782% e que há forte divisão entre os vereditos na internet: 58% o defenderam; 42% o criticaram.

Air force 1 O presidente Jair Bolsonaro ficou preso no elevador do hospital Home, em Brasília, ao visitar o jogador que se contundiu durante partida no Mané Garrincha. Quem viu a cena diz que a pane durou “tempo considerável”.

Peso pesado Procurado, o hospital confirmou o episódio e disse que o elevador travou porque a comitiva presidencial superou a capacidade máxima. “O equipamento demonstrou toda sua tecnologia e segurança ao entender que a situação de locomoção estaria comprometida pelo excesso de pessoas”, justificou a entidade em nota.


TIROTEIO

O Atlas da Violência mostrou o que a maioria dos brasileiros já sabe: liberar armas significa promover mais mortes

De Ivan Marques, diretor executivo do Sou da Paz, sobre a escalada dos assassinatos de mulheres e de crimes no Norte e no Nordeste