Líderes do Congresso sugerem a Bolsonaro ministros ligados a mais de um partido

Vasos comunicantes Na tentativa de estabelecer pontes com o futuro governo de Jair Bolsonaro (PSL), líderes do Congresso se movimentam para sugerir ao presidente eleito que escolha para sua administração nomes polivalentes –ou seja, conectados com mais de um partido. Esse lobby poderia favorecer políticos como o ministro das Cidades, Alexandre Baldy, que representa o PP e o DEM na gestão Michel Temer (MDB). Baldy esteve com Bolsonaro nesta quarta (14) durante três horas.

Dois por um Baldy vem trabalhando nos bastidores para estreitar laços com o governo recém-eleito. Ele é muito próximo da cúpula do PP e do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), que está em campanha para se reeleger no comando da Casa.

Paredes com ouvidos Há dois obstáculos ao movimento. Ninguém acha espaço para falar a sós com Bolsonaro, sempre rodeado pelos filhos e por auxiliares. O centrão desconfia do novo governo e prefere manter distância segura entre o Congresso e o Planalto.

Veja bem Os líderes interessados na aproximação com Bolsonaro dizem que não querem indicar nomes, mas apenas persuadir o capitão reformado da necessidade de buscar quadros com relações diversificadas, para que faça suas escolhas com isso em mente.

Não é comigo O presidente do DEM, ACM Neto, garantiu a integrantes de seu partido que não há chance de declarar apoio oficial ao novo governo. Ele manterá o discurso de que os futuros ministros filiados à sigla foram escolhas pessoais de Bolsonaro.

Recrutamento À frente da articulação para formar um bloco de oposição ao próximo governo no Senado, o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) se encontrou com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso na segunda (12).

Cabe todo mundo A ideia de Randolfe, que já iniciou conversas com o senador eleito Cid Gomes (PDT-CE), é atrair o PSDB para o grupo, que também reuniria PSB e PPS.

No páreo Uma possibilidade seria o bloco lançar Tasso Jereissati (PSDB-CE) na disputa pela presidência do Senado em fevereiro, caso Renan Calheiros (MDB-AL) seja candidato ao posto.

Ele tem lado A escolha do embaixador Ernesto Araújo para chefiar o Itamaraty no governo Bolsonaro quebra uma tradição que sempre permitiu à diplomacia brasileira exercer papel moderador no cenário internacional, afirma o ex-ministro Celso Amorim.

Para quem pode Na sua avaliação, seria impossível o país deixar o sistema multilateral como Araújo sugere. “O Brasil não tem força para impor sua vontade ao mundo”, diz Amorim, que conduziu a política externa no governo Lula.

Santo forte Para integrantes da cúpula do Congresso, foi decisiva na escolha de Araújo a influência do seu sogro, o embaixador Luiz Felipe de Seixas Corrêa, secretário-geral do Itamaraty no governo FHC.

No armário Um lobista que conheceu Araújo em sua temporada em Washington no início da década ficou surpreso ao ler o blog que ele criou durante a campanha eleitoral. Araújo nunca revelou simpatia por ideias conservadoras como as que defende ali, afirma.

Prata da casa Interlocutores da equipe de Bolsonaro no mercado financeiro apostam que o escolhido para presidir o Banco Central, Roberto Campos Neto, defenderá a manutenção de pelo menos parte da atual diretoria da instituição. Dos oito diretores, cinco são funcionários de carreira.

Em mãos Representantes da Confederação Nacional dos Municípios (CNM) entregarão ofício à embaixada de Cuba nesta sexta (16) com um apelo para que o país reconsidere a decisão de abandonar o programa Mais Médicos.

Para reforçar Secretários municipais de Saúde também planejam ir à embaixada para tentar conversar com cubanos sobre os riscos da saída imediata dos médicos.


TIROTEIO

A promessa de mandar os cubanos para casa teve o efeito esperado. O novo governo deveria ter uma solução na manga

De Lígia Bahia, professora de saúde coletiva da UFRJ, sobre Cuba ter deixado o Mais Médicos após as críticas de Jair Bolsonaro ao programa