Campanha de Bolsonaro monitora reação da internet, nicho do candidato, a atentado
Na ponta dos dedos A campanha de Jair Bolsonaro (PSL) monitorou a reação da internet ao atentado contra o presidenciável, que foi esfaqueado. Relatórios de buscas no Google e menções no Twitter foram enviados à cúpula do partido. Os documentos indicam que, entre o meio-dia de quinta (6) e a mesma hora de sexta (7), Bolsonaro foi o candidato mais buscado, chegando a, em alguns momentos, concentrar 98% das pesquisas. Na rede social, o nome dele foi mencionado mais de 1,7 milhões de vezes.
Meio a meio Um dado foi destacado no relatório. O documento diz que, no Twitter, a #forçaBolsonaro aparece mais de 200 mil vezes. Já #Bonoro, “muito usada pelos detratores para acusar o ataque de ser mentiroso, comemorar o crime e declarar que o queriam morto, mais de 202 mil.”
Meu povo Antes de sofrer o atentado, Bolsonaro gravou vídeos falando de seu programa de governo. O PSL vai divulgar os filmes a partir de segunda (10). Enquanto o presidenciável está na UTI, Carlos, seu filho, gerencia as redes sociais e posta em nome do pai.
O dia seguinte Na manhã desta sexta (7), mais disposto, o presidenciável disse aos aliados que “acharam que iam tirar o pangaré velho da disputa, mas não conseguiram”.
Língua de fogo Os bolsonaristas incorporaram ao discurso do partido teorias da conspiração e até notícias falsas que circulam na internet. A vinculação do agressor com o PT é um dos ingredientes desse caldeirão. Desde já a sigla de Bolsonaro quer empurrar ao menos parte da responsabilidade do ataque aos petistas.
Primeiro instinto Rival de Bolsonaro no campo da direita, Geraldo Alckmin (PSDB) ficou consternado ao saber do ataque. Telefonou a um auxiliar e disse que queria entender o ocorrido. O lado médico do tucano reagiu antes do que o político. “Não existe risco superficial em ataque a faca. A chance de infecção é grande. É grave“, disse.
Vida real Depois, em conversa com aliados, Alckmin falou sobre a radicalização no país. Segundo relatos, comentou que sempre se pensa na divisão das redes sociais quando se fala sobre o assunto, mas o episódio teria mostrado que há, sim, gente disposta a levar esse sentimento às ruas.
Em etapas Aliados de Alckmin ainda não apontam na mesma direção ao discutir o impacto do ataque a Bolsonaro na campanha tucana. Os principais conselheiros, porém, querem esperar a poeira baixar e, depois, retomar vida normal. “É eleição. É a pele dele ou a nossa”.
Pela razão Passado o choque inicial, um caminho possível, dizem tucanos, é redirecionar a crítica ao candidato do PSL para o terreno da suposta falta de preparo dele para comandar o país.
Nem vem que não tem O PT monitora o movimento dos bolsonaristas que tentam vincular a sigla ao ataque e avalia, por enquanto, que muito dificilmente os adversários terão sucesso. Não há, diz a cúpula da sigla, qualquer vínculo do esfaqueador com o partido.
Deixe-me ir Dirigentes petistas aguardam com ansiedade a Justiça definir se poderão falar com Lula, preso em Curitiba, na segunda (10), quando deve haver uma definição sobre a troca na chapa presidencial.
Campo neutro Há preocupação com a condução da conversa com o ex-presidente. Fernando Haddad, hoje vice e provável substituto de Lula, é visto como interessado no assunto –e até agora é o único que tem carta branca certa para entrar na PF.
Duro de engolir Segundo os relatos, Lula não estaria triste, mas inconformado. Ele tem dito que venceria as eleições no primeiro turno e que considera um absurdo o veto à sua participação na disputa.
Cobras e lagartos João Doria (PSDB-SP) foi duramente criticado por aliados de Alckmin após dizer, como revelou o Painel, que Bolsonaro tem vaga garantida no segundo turno. “Invejoso” foi o termo mais ameno.
TIROTEIO
Enfim, admite-se o óbvio: a inevitável impugnação. Para Haddad, antes tarde que mais tarde. Se não for tarde demais
Do cientista político Carlos Melo, professor do Insper, sobre a expectativa de que o PT substitua o ex-presidente Lula por Haddad