Sem Lula, índice de nordestinos que rejeitam escolher candidato dá salto e chega a 34%
Terra de ninguém Em nenhuma outra região do país a ausência de Lula na disputa presidencial produz tantos órfãos como no Nordeste. O Datafolha mostra que o índice de eleitores que declaram voto branco, nulo ou em nenhum candidato quando o petista não está entre as opções salta do patamar de 13% a 14% para mínima de 31% e máxima de 34%, a depender do cenário. Como o ex-presidente é o nome de até 51% dos nordestinos, seu impedimento faz do território a fatia valiosa de seu espólio político.
Tempo urge O percentual de lulistas que afirmam votar no candidato indicado pelo ex-presidente (66%) deve ampliar a pressão interna para que o PT defina novo rumo. Há quem sugira que Fernando Haddad (PT-SP) seja lançado a um cargo para começar a percorrer o país e, depois, substituir o ex-presidente.
Pago para ver Integrantes da cúpula do PDT dizem que nem eles nem Ciro Gomes esperam que o PT os procure para construir uma aliança. Hoje, dirigentes do partido apostam que os petistas terão candidato próprio —e que este não passará de 10%.
Deixa como está Lula não tem reclamado da comida nem do tratamento que tem recebido na carceragem da PF. Por ora, a defesa não cogita pedir a transferência do ex-presidente.
Suor e lágrimas O advogado Cristiano Zanin ficou em pânico quando viu o monomotor em que voaria com Lula para Curitiba, no dia da prisão do petista. Foi acalmado por Sigmaringa Seixas amigo e advogado do ex-presidente.
Enjoei O Datafolha mostra que regiões que apoiaram o PSDB nas últimas eleições agora olham para outros candidatos. No Sudeste, Geraldo Alckmin aparece sempre atrás de Jair Bolsonaro (PSL), com diferença de no mínimo sete pontos percentuais.
Afasta de mim No Sul, Álvaro Dias (Podemos) abocanha parcela importante do eleitorado. Enquanto Alckmin marca no máximo 5% das intenções de votos, ele chega a até 16%.
Para todos A reação dos aliados de Bolsonaro à nova denúncia da PGR contra o presidenciável incluiu a direita na onda de inquietude que se alastrou pelos diversos espectros da política depois das ações do MPF na última semana.
A próxima vítima Após as prisões de Lula (PT) e de Paulo Preto (ligado ao PSDB) e a ofensiva sobre amigos de Michel Temer (MDB), dirigentes partidários se queixaram de que o Ministério Público e o Supremo estão usando seus poderes para tutelar a eleição.
Com o fígado Gustavo Bebbiano, advogado de Bolsonaro, politizou a denúncia de Raquel Dodge contra o deputado por crime de racismo. “O sistema —leia-se Legislativo, Judiciário e Executivo— está desesperado com a possibilidade de ter um candidato de direita que vai mudar esse Brasil imundo.”
Pingo é letra Em conversa durante a Cúpula das Américas, neste sábado (14), o presidente do Chile, Sebastián Piñera, perguntou a Michel Temer sobre o quadro eleitoral no país. O brasileiro respondeu que a disputa pelo Planalto estava embolada, com ao menos 14 candidatos. “Então estou diante do 15º”, concluiu o chileno.
Senhor do tempo Com o ex-ministro Henrique Meirelles no banco de reservas, o MDB espera que o presidente Temer decida em julho se vai mesmo se arriscar na disputa pela reeleição.
Quem paga? O empresário Flávio Rocha, pré-candidato ao Palácio do Planalto pelo PRB, vai pedir ao Ministério Público Eleitoral que investigue se PT e PSOL usaram dinheiro do fundo partidário para bancar o protesto que fizeram em um call center da Riachuelo, no Rio Grande do Norte, na última quarta-feira (11) . Ele alega que houve danos ao patrimônio.
TIROTEIO
A utilização de dinheiro público para a glamorização da prisão de Lula beira a prevaricação. É o avesso do avesso do avesso.
DO SENADOR RICARDO FERRAÇO (PSDB-ES), sobre aliados do ex-presidente terem aprovado em Comissão do Senado uma inspeção na cela do petista.
CONTRAPONTO
Acerta até quando erra
Na sessão conjunta do Senado e da Câmara do último dia 3, o deputado Danilo Forte (PSDB-CE) criticou os petistas por obstruírem os trabalhos da Casa e iniciou uma discussão com Maria do Rosário (PT-RS), sua colega de plenário. Acusado de usar de má-fé, pediu uma réplica a Eunício Oliveira (MDB-CE), que presidia o Congresso.
— Presidente, eu fui citado, tenho direito de réplica.
Tentando encerrar o impasse, Eunício se confundiu:
— Senador Danilo…
— O sr. foi chamado de presidente do Supremo pelo Michel Temer e agora está me promovendo a Senador! Estamos muito bem! — respondeu Forte aos risos.