Moro vê refluir sua agenda anticorrupção e desagrada antigos aliados
O voo de Ícaro A via política trilhada por Sergio Moro resultou até aqui em um refluxo na expectativa de antigos aliados que enxergavam no engajamento do ex-juiz a alavanca para impulsionar a agenda anticorrupção. O ato mais recente, a sanção do pacote anticrime a despeito das críticas do ministro, não foi digerido. A nova lei limita a atuação de procuradores e desagradou a policiais e magistrados, o que criou a percepção de que Moro pode estar sendo engolido pela política, e não o oposto.
A própria pele Ao contrário de outros momentos de divergência, dessa vez, Moro confrontou Jair Bolsonaro publicamente sobre os vetos que esperava no pacote anticrime. Não resultou.
O santo é de barro A entrevista do juiz Nino Toldo à Folha, dizendo-se frustrado após episódios que levaram a Lava Jato a ser questionada, reforçou a avaliação de que Moro fez a transição para a política cedo demais e que, mesmo com alta aprovação popular, queima capital rapidamente.
Até tu, Brutus? No meio jurídico, as declarações de Toldo foram lidas como um dos mais duros golpes no ministro da Justiça. O magistrado, que presidiu a Ajufe (Associação de Juízes Federais do Brasil) de 2012 a 2014, sinaliza que Moro perde apoio até entre aliados de primeira ordem.
Torcida No meio político, a leitura é que, ironicamente sob Moro, o discurso de combate à corrupção perde fôlego e pode ceder a centralidade do debate político até 2022.
Igual… Integrantes do Ministério Público e da Polícia Federal têm adotado posições distintas nas críticas à lei anticrime. Para procuradores, um dos trechos mais polêmicos é o que obriga informar à Justiça todas as investigações instauradas, o que é considerado um “controle excessivo”.
…mas diferente Os policiais federais são contrários a pontos que, segundo avaliam, enfraquecem o estatuto da delação e, consequentemente, o combate à corrupção.
No seu quadrado A divisão das categorias pode prejudicar ações que contestam a lei.
Explica O ministro Luís Roberto Barroso, do STF, diz que comunicou Dias Toffoli sobre a decisão em que recortou a interferência do governo no Conanda para informar o presidente da corte, caso ele quisesse levar o tema à ratificação do plenário antes do recesso.
TIROTEIO
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