Desobediência a ordem expressa de Bolsonaro foi gota d’água e levou à queda de Cintra
Manda quem pode Jair Bolsonaro ficou especialmente irritado e mandou demitir Marcos Cintra porque viu na divulgação de detalhes da proposta de recriação da CPMF uma desobediência a pedido feito pessoalmente por ele à equipe econômica. Antes de ser internado para sua quarta cirurgia, o presidente foi ao ministério e solicitou que o assunto não fosse esmiuçado até que ele saísse do hospital. Ressaltou que não estava convencido e pediu que o aguardassem para dar rumo à reforma tributária.
Gota d’água Este último episódio acabou sendo a cereja do bolo no processo de fritura de Cintra, agora ex-secretário da Receita. Bolsonaro estava insatisfeito e fazia críticas ao trabalho dele no órgão a outras autoridades, sem qualquer cerimônia, há meses.
De boas intenções… O presidente costumava dizer que Cintra era uma boa pessoa, mas que não tinha condições de controlar a Receita. Depois disso, Paulo Guedes (Economia) começou a confidenciar que, dado o rumo da coisa, não seria possível manter o secretário no cargo por muito tempo.
…o inferno está cheio No dia 15 de agosto o Painel relatou que a cabeça do então chefe do fisco estava à prêmio.
Foi-se Na noite desta terça (10), mais de 12 horas antes da exoneração de Cintra, membros da Receita já especulavam, junto a parlamentares, que a queda do chefe era certa.
Sete palmos de terra Na Câmara, o debate sobre a criação de um novo tributo nos moldes da CPMF é considerado natimorto. O DEM, partido dos presidentes do Congresso, liderou a derrubada da contribuição no passado. Assumir sua volta seria uma derrota política, na avaliação de integrantes da sigla.
Nova via Bernard Appy, instado agora a apresentar alternativa para desonerar a folha de pagamentos sem a CPMF, estudou o tema no passado. Na ocasião, concluiu que o desconto deveria se concentrar nos trabalhadores que recebem um salário mínimo. O custo calculado à época, envolvendo outros penduricalhos, seria de R$ 150 bi.
Dia da caça O plenário do TCU decidiu dar andamento a processo contra o ex-secretário da Receita Jorge Rachid por ter descumprido ordem da corte. Ele deve apresentar alegações em 15 dias. As penas vão de multa à inabilitação para cargo público por até 8 anos.
Armas em punho Naufragou a tentativa de Felício Laterça (PSL-RJ) de derrubar o líder do PSL da Câmara, Delegado Waldir (GO), mas a bancada de deputados da sigla segue em pé de guerra. Houve lavação de roupa suja em reunião na terça (10).
Segundas intenções É grande o grupo de deputados que questiona a liderança de Waldir, mas a suspeita de que Laterça articulou um abaixo-assinado para derrubá-lo só para depois tentar ficar com o posto fez os insatisfeitos recuarem da operação.
Não fica um O presidente do PSL, Luciano Bivar (PSL-PE), não escapa das queixas. Cerca de 10 deputados estudam meios de convocar uma assembleia para discutir a renovação da executiva com o objetivo de tirá-lo do comando da sigla.
Dois é bom O debate sobre medidas de aperfeiçoamento do Judiciário não ficará restrito à Câmara. O senador Cid Gomes (PDT-CE) protocolou projeto que cria a figura do juiz de garantia. Para ele, o magistrado que conduz a investigação não pode ser o mesmo que julga.
Umbigo do mundo Cid já mapeou resistências e avalia que será alvo de críticas de lavajatistas que verão na iniciativa uma tentativa de fustigar o ex-juiz Sergio Moro. Diz, porém, que a discussão nasceu antes da Lava Jato e chegou a ser defendida no passado por Renato Casagrande (PSB), hoje governador do ES.
BFF Em almoço com deputados do PSDB, Luiz Eduardo Ramos (Secretaria de Governo) declinou elogios a Aécio Neves (MG). Disse que votou no mineiro para presidente em 2014, tratou aquela derrota para o PT como fruto de fraude e ainda posou para foto.
Visita à Folha Marcos Alves, presidente do Mercado Bitcoin, visitou a Folha nesta quarta (11). Estava acompanhado de Ricardo Bonatelli, presidente da PUB Comunica.
TIROTEIO
O Marcos Cintra acabou como bode expiatório, porque na verdade era o Paulo Guedes quem queria a nova CPMF
Do deputado Paulinho da Força (SD-SP), sobre a queda do agora ex-secretário da Receita em meio à discussão da recriação do imposto