Sem apoio do clã Bolsonaro, adesão a protestos cai e não impressiona classe política

A montanha pariu um rato Realizadas em meio à queda de braço entre o clã Bolsonaro e os principais nomes da Lava Jato, as manifestações contra ministros do STF e o projeto que pune o abuso de autoridade não conseguiram pressionar a cúpula dos três Poderes. Sem o apoio do presidente e de seus filhos, os atos registraram menos adesão do que os anteriores. O resultado aliviou a elite do parlamento, que classificou o lema das mobilizações como contrário ao Estado de democrático de Direito.

Toca de lado O ministro Sergio Moro (Justiça), que vive momento delicado com Jair Bolsonaro, evitou dar veredito aos que pedem o veto total da lei do abuso de autoridade. No Twitter, disse que examinará o tema com cuidado. Deltan Dallagnol, chefe da Lava Jato de Curitiba, silenciou.

Nós contra eles Deltan, aliás, virou alvo do núcleo radical do bolsonarismo. Apoiadores de Olavo de Carvalho, entre eles o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-RJ), distribuíram vídeo do escritor com críticas ao procurador.

Nós contra todos Olavo diz que Deltan quer reabilitar a esquerda ao tentar usar os recursos recuperados pela Lava Jato repassando-os a ONGs.

Quebrou Um político experimentado da centro-direita avalia que o esvaziamento dos atos deste domingo (25) indica que a máquina de mobilização a serviço de Sergio Moro, e ora de Bolsonaro, pode estar perdendo força.

Casamento de fachada Disseminou-se na classe política a impressão de que as cotoveladas entre Bolsonaro e Moro aumentarão, em público e em privado, e a relação se esgarçará até a inviabilidade. Se o ministro tem pretensões políticas, diz liderança da centro-direita, o timing da ruptura está passando.

O que vai volta Observadores da diplomacia creem que parte da rispidez de Emmanuel Macron a Jair Bolsonaro se deve ao tratamento que o brasileiro dispensou a um dos mais fortes ministros franceses há um mês. O presidente cancelou encontro e apareceu numa live cortando o cabelo.

Além do horizonte O autor do best-seller “Sapiens“, Yuval Noah Harari, vem ao Brasil em novembro para o lançamento do Modernizar, fórum criado pelos presidentes da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), para tratar de grandes temas globais.

É cilada Donos de cargas que negociam com caminhoneiros a tabela do frete perceberam mudança no discurso do governo. De um suporte transitório, que levaria a um “desmame” gradual, o governo parece defender agora uma renda mínima perene à categoria. Os termos desagradam o setor produtivo, que questiona o tabelamento no Supremo.

É cilada 2 Empresários dizem que há pressão do governo a favor dos caminhoneiros para que um acordo seja fechado antes do julgamento, no dia 4. O aceite, porém, prejudicaria o pleito na Justiça.

Segunda volta Certos de que o governo Bolsonaro se curvou aos caminhoneiros, donos de cargas, muitos dos quais do setor rural, já se preparam para levar a discussão ao Congresso. Querem que os parlamentares fixem data de validade para a tabela, com o argumento de que amanhã outros empresários serão vítimas da política presidencial.

A fila não anda Os acenos do governo ao Senado estão provocando ciúmes na Câmara. Líderes da centro-direita já enviaram ao general Luiz Eduardo Ramos (Secretaria de Governo) mensagem de que nova liberação de verbas para emendas deve ser usada prioritariamente para honrar os promessas pendentes.

Aos aliados, a conta Senadores que estiveram com Paulo Guedes (Economia) ficaram com a impressão de que não faltará dinheiro para emendas. O ministro teria ficado satisfeito com a arrecadação de impostos e sinalizou que está entrando dinheiro novo de dividendos de estatais.

Nas paradas O MDB consultou o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) para saber se poderá comprar espaço comercial em TVs e rádios para propaganda partidária no ano que vem. A lei de 2017 proibiu publicidade gratuita em nome das siglas, mas nada diz sobre campanhas pagas. O pedido é do advogado Renato Ramos.


TIROTEIO

O aumento do fogo, do desmate ou de ambos está relacionado às políticas antiambientais e à falta de ação do governo

Do coordenador de políticas públicas do Greenpeace, Marcio Astrini, sobre a crise diplomática causada por queimadas na Amazônia