Pacto de Bolsonaro racha Judiciário e Congresso; texto prega combater corrupção ‘nos gabinetes’

Cabe recurso O aceno de um pacto entre os chefes dos três Poderes em torno de, entre outras questões, uma reforma da Previdência, rachou a magistratura. Além da Ajufe, que condenou a iniciativa publicamente, a Anamatra também critica a hipótese de o presidente do STF, Dias Toffoli, assinar o documento proposto por Jair Bolsonaro. As duas entidades se preparam para ir à Justiça contra as regras de aposentadoria propostas pelo governo. Já a AMB defende a tentativa de facilitar o diálogo.

Pintados… A Associação dos Juízes Federais apresentou a parlamentares notas técnicas contra elementos da reforma de Paulo Guedes (Economia). Se o Parlamento chancelar a proposta do governo, a entidade vai judicializar trecho que traça nova alíquota a ser cobrada de servidores públicos.

…para a guerra A Associação Nacional dos Magistrados da Justiça do Trabalho pediu audiência com Toffoli. O grupo já apontou inconstitucionalidades na reforma e vê com preocupação a tentativa de atrelar o Supremo à causa.

No seu quadrado Já o presidente da Associação dos Magistrados Brasileiros, Jayme Oliveira, diz que o “reconhecimento da necessidade de reformas não significa, em nenhuma hipótese, a defesa desta proposta ou de pontos dela”.

Ideia fixa O texto do pacto proposto por Bolsonaro também foi criticado por alas do Congresso. Especialmente o trecho final, que exalta o combate ao crime “nas ruas e nos gabinetes”, e foi lido como forma de criminalizar a política.

Seus termos O documento formulado pelo governo fala em invocar “as demandas do povo como o grande farol de nossa democracia” e na inauguração de “um novo tempo”. O texto prega a “defesa da vida e da dignidade humana; o respeito às liberdades individuais e à propriedade privada”. O livre mercado é exaltado.

Fale por você Deputados dizem que Bolsonaro não busca um pacto, e sim o endosso de seu programa de governo. Fincados em generalidades, dizem os críticos da ideia, os termos precisam ser analisados à luz de propostas já feitas pelo presidente antes de serem validados.

Vai ou racha? Deputados que apoiam os protestos contra a política educacional de Bolsonaro apostam em atos grandes nesta quinta (30). Só não garantem que serão maiores que os do dia 15.

 

 

Barco furado O ambiente de desconfiança entre Legislativo e Planalto furou a blindagem da equipe econômica junto ao mercado. Operadores de grandes fundos dizem que só a reforma da Previdência não será suficiente para alavancar investimentos.

Quero mais Os relatos mostram que, agora, os investidores querem ver se o governo Bolsonaro é viável politicamente a ponto de conseguir entregar mais do que as mudanças nas regras de aposentadoria, como a reforma tributária, privatizações e a reforma do Estado.

Engole o choro A pressão de setores do mercado pelo corte da taxa de juros é, na visão de um ex-ocupante da cadeira de Roberto Campos Neto (Banco Central), improdutiva. O estímulo extra não seria capaz de limpar o horizonte, dada a confusão política. Além disso, poderia ressuscitar a inflação.

Entre nós O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), estreou nos últimos dias um portão que liga o interior da área de sua residência oficial à de Rodrigo Maia (DEM-RJ), comandante da Câmara. A passagem foi feita para viabilizar encontros sem que fosse preciso acessar a rua.

Me basto As críticas de Bolsonaro ao PSL irritaram integrantes do partido. “O PSL é independente, não temos obrigação com o governo. O PSL não quer nada desse governo, nossas pautas são a favor da sociedade. Se ele apresentar algo que a gente discorde, votaremos contra”, diz Júnior Bozzela (PSL-SP).

Visitas à Folha Murat Yavuz Ates, embaixador da Turquia, e Serkan Gedik, cônsul-geral daquele país, visitaram a Folha nesta quarta-feira (29).

Nader Fares, sócio-diretor comercial da Marabraz, e Abdul Fares, sócio-diretor financeiro da empresa, visitaram a Folha nesta quarta (29). Estavam acompanhados de Leonardo Bersi, assessor de imprensa.


TIROTEIO

O Judiciário não deve pactuar questões que, depois, serão julgadas pelo STF. Fundamental preservar sua independência

Do deputado Alessandro Molon (PSB-RJ), que questiona a discussão de um pacto entre o presidente do Supremo, Dias Toffoli, e Bolsonaro