Cúpula do Congresso vai comandar novos ministérios; governo promete liberar R$ 4 bi em troca de reforma

Dando que se recebe Ao recriar os ministérios de Cidades e Integração Nacional, o governo Jair Bolsonaro dará a cartada final na tentativa de terceirizar a montagem de uma base que garanta a reforma da Previdência. Os titulares das duas pastas serão indicados pela cúpula do Congresso e devem centralizar a liberação de dinheiro da União para projetos de interesses de parlamentares. Deputados dizem que o governo se comprometeu a liberar até R$ 4 bilhões por meio dos novos órgãos até o fim do ano.

Mão do gato A indicação dos ministros caberá aos presidentes da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP). Com isso, o governo vai deixar na mão do Congresso a intermediação de pleitos por recursos às bases parlamentares, consolidando o DEM, que já tem três pastas, como o operador político do governo.

Agentes múltiplos Maia quer fazer de sua indicação para Cidades um símbolo da parceria com partidos do centrão, como o PP. Por isso, Alexandre Baldy (PP-GO) é o mais cotado. A simbiose, porém, despertou críticas dentro da sigla do presidente da Câmara. O nome do Senado seria o de Fernando Bezerra (MDB), hoje líder do governo.

Quem sabe faz a hora… Aliados afirmam que Jair Bolsonaro vai aproveitar as mudanças na Esplanada para tirar Marcelo Álvaro Antônio do comando do Turismo. A ideia é apresentar o pacote como uma minirreforma ministerial.

…não espera acontecer Auxiliares do presidente passaram a defender que ele aproveite a medida provisória que reorganiza o organograma do governo para tirar a Comunicação das mãos de Santos Cruz (Secretaria de Governo).

Arte da guerra O anúncio da recriação de ministérios foi feito no mesmo dia em que o presidente deu publicidade ao decreto que vai facilitar o porte de armas. Bolsonaro acenou, portanto, com uma mão à política e com a outra ao núcleo duro de seu eleitorado.

Arte da guerra 2 O fato de as duas jogadas terem deslanchado em meio à crise com os militares –hoje um dos pilares do governo– indica que o presidente pode estar buscando uma alternativa para depender menos da força institucional dos generais.

Dois coelhos O governo produziu nos últimos meses mais de dez versões do decreto que vai facilitar o porte de armas para determinadas categorias. Em algumas minutas, havia artigo que ampliava ainda mais o número de pistolas e rifles que civis podem ter.

Meu povo Tomando pelo valor de face o que já foi anunciado pelo governo, especialistas apostam que o texto do decreto vai abrir caminho para o fim do monopólio da Taurus –demanda do núcleo duro da base eleitoral de Bolsonaro.

Ver para crer Entusiastas de Bolsonaro e de políticas armamentistas, porém, querem aguardar a publicação do decreto. Dizem que, quando legislou sobre a posse, o presidente foi mais conservador do que eles esperavam.

Uni-vos Reitores de ao menos duas universidades públicas recorreram a assembleias de docentes e conselhos universitários para pedir que as entidades organizem protestos contra os cortes impostos pelo Ministério da Educação.

Vai ter luta O PSB preparou uma série de filmes contra a reforma da Previdência proposta pelo governo. Os vídeos da campanha atacam pontos da projeto como o sistema de capitalização e a desconstitucionalização dos direitos previdenciários.

Visitas à Folha Caio Mesquita, presidente da Acta Holding, que publica a Empiricus, visitou a Folha nesta terça-feira (7). Estava acompanhado de Ricardo Mioto, sócio da FSB Comunicação.

Eduardo Sanovicz, presidente da Abear (Associação Brasileira das Empresas Aéreas), visitou a Folha nesta terça (7). Estava acompanhado de Adrian Alexandri, diretor de comunicação, e Luiz Caversan, consultor.


TIROTEIO

Estudantes e sindicatos ressuscitaram em uma canetada só. Mantido, o corte vai provocar inadimplência generalizada

De Ivan Camargo, ex-reitor e professor do Departamento de Engenharia da UnB, sobre o contingenciamento imposto pelo MEC