Líder do governo Bolsonaro na Câmara estreia sob desconfiança e ataques dentro do próprio partido
Técnico sem time O líder do governo na Câmara, Major Vitor Hugo (PSL-GO), vai inaugurar sua atuação nesta legislatura sob a desconfiança de integrantes do próprio partido. Deputados do PSL já esboçam uma rebelião contra o nome escolhido por Jair Bolsonaro e buscam o apoio de integrantes do Planalto para minar sua influência. A ala da sigla que tenta criar clima para enfrentamento atribui a Vitor Hugo articulação para impedir que o delegado Waldir (PSL-GO) assumisse a liderança da sigla na Casa.
Desafinados A indisposição de parte da legenda de Bolsonaro com o líder do governo se soma a uma série de pequenos desentendimentos que fizeram do descompasso uma das marcas do PSL desde a formação de sua numerosa bancada na Câmara.
Desafinados 2 A ala do partido que se indispôs com Vitor Hugo também vê digitais do líder do governo na dissidência interna que levou o presidente do PSL, Luciano Bivar (PE), a disputar o segundo turno da eleição para a Mesa Diretora contra um integrante da própria sigla —Bivar venceu, mas por uma margem apertada: 14 votos.
Prazo de validade Um grupo de deputados do partido diz que a ingerência de Vitor Hugo em decisões do PSL despertou antipatias e questionamentos. A ideia de parlamentares e pessoas próximas a Bolsonaro é provocar, mais cedo ou mais tarde, uma mudança na liderança do governo.
Só, somente só É consenso que a expressiva votação obtida por Rodrigo Maia (DEM-RJ) em sua reeleição na Câmara alçou o deputado democrata a um novo patamar de articulação política. Desta vez, Maia costurou acordos com outros partidos sem interferência direta do Planalto a seu favor. Obteve resultado notável.
Marco Um dirigente do partido de Maia diz que é a primeira vez desde a eleição de Fernando Collor, em 1989, que a repercussão da atuação da cúpula do governo na eleição da Câmara foi “praticamente nula”.
Ainda lembro Em reunião com a bancada do PSDB, Maia agradeceu a ajuda que recebeu anos atrás de Aécio Neves (PSDB-MG), apoiador de sua primeira eleição ao comando da casa. “Não fosse isso, talvez não estivesse aqui”, disse.
Vá na frente Governadores que se comprometeram a ajudar o governo a aprovar a reforma da Previdência dizem contar com o empenho pessoal de Jair Bolsonaro no convencimento de grupos afeitos ao presidente, mas arredios ao projeto, como policiais.
Bala de prata Integrantes da equipe econômica do governo dizem que o presidente vê a mudança nas regras de aposentadoria como a proposta mais importante de sua gestão e que, por isso, não têm dúvidas de que ele vai atuar na linha de frente da articulação.
Cego no castelo Parlamentares que tentaram articular uma terceira via na disputa pela presidência do Senado temendo a vitória de Davi Alcolumbre (DEM-AP) dizem que foi Renan Calheiros (MDB-AL) quem acabou impedido que um novo nome germinasse.
Cego no castelo 2 O grupo que buscava alternativa mais palatável ao embate público contra Davi crê que Renan viu na decisão do STF que restituiu o voto secreto um sinal de que reorganizaria sua base. E, por isso, travou o plano B.
Cego no castelo 3 Após a manifestação do Supremo, o alagoano não atendeu telefonemas de senadores que, ele sabia, buscavam outro nome.
#Novaera Randolfe Rodrigues (Rede-AP), articulador da candidatura de Alcolumbre, está vivendo um paradoxo na internet: tem sido criticado pela esquerda e defendido por simpatizantes de Bolsonaro.
Ao vivo “Você ajudou a eleger o candidato de Onyx Lorenzoni, portanto, ajudou a eleger o candidato de Bolsonaro. (…) Quando Davi promover a agenda do governo contra nossos direitos no Senado, suas digitais estarão lá”, disse a ele o presidente do PSOL, Juliano Medeiros, no Twitter.
TIROTEIO
A Nova República acabou. Temos agora uma ordem de outra natureza. E o MDB, pilar da última era, sofreu as consequências
Do ex-ministro Moreira Franco, sobre a mudança no mapa do poder inaugurada com a ascensão de Jair Bolsonaro ao Palácio do Planalto