Impasse no Senado reforça ala que defende terceira via entre Renan e Alcolumbre

Cadê o algodão entre cristais? A fratura exposta na sessão do Senado desta sexta (1º) reforçou a ala de parlamentares que busca uma terceira via para tirar o foco da disputa pela presidência da Casa de Renan Calheiros (MDB-AL) e Davi Alcolumbre (DEM-AP). Este, aliás, é o principal temor de aliados do democrata: o surgimento de um nome que explore sua conturbada estreia na chefia do plenário. A meta de Alcolumbre após o embate com Renan é não perder apoios. Antes de suspender a discussão, calculava ter 48 votos.

Pela dor Pessoas próximas a Alcolumbre defenderam a atitude dele de, mesmo candidato, ter decidido comandar o rito da eleição no Senado. A quem indagou se o democrata não esticou muito a corda, a resposta foi: “Queria bater Renan como? No amor?”.

A sete chaves O democrata tinha tanto receio de não conseguir presidir a sessão que mandou trancar as portas do plenário antes de chegar à Casa. Temia que José Maranhão (MDN-AP), o aliado de Renan apto a conduzir os trabalhos, se sentasse antes dele na cadeira da Mesa Diretora.

Anéis e dedos Renan dormiu na quinta (31) como favorito e terminou a noite de sexta (1º) fragilizado. Como a manobra de Alcolumbre para emplacar o voto aberto na eleição havia funcionado, ninguém descartava que ele indicasse outro nome para concorrer em seu lugar neste sábado (2), caso o recurso ao STF não surtisse efeito.

Efeito colateral Parlamentares que assistiram a tensa sessão inaugural do Senado dizem que as digitais de Onyx Lorenzoni (Casa Civil) na articulação pró-Davi Alcolumbre trarão sequelas para o governo. A aposta é a de que as consequências do embate no plenário virão nas votações de interesse do Planalto.

Cavalaria A perspectiva de ter seu partido no comando das duas casas do Congresso e em três ministérios fez ACM Neto, presidente do DEM, mergulhar na articulação a favor de Alcolumbre às vésperas da eleição. Abelardo Lupion, um dos braços direitos de Onyx, acompanhou a sessão de dentro do Senado.

Duelo Antes mesmo de a eleição começar, senadores brincavam entre risos nervosos, que “graças a Deus ninguém entra armado no salão azul”.

Para doer no bolso O documento que atesta que a Vale sabia que funcionários seriam fortemente atingidos no caso de rompimento da barragem de Brumadinho (MG), revelado pela Folha nesta sexta (1º), deve ter impacto sobre a indenização que a empresa terá de pagar às vítimas.

Caso a caso O Ministério Público do Trabalho contabilizou 685 empregados da Vale na região –parte em uma mina que não foi atingida pela lama. Os procuradores esperam o fim das buscas para que a mineradora comprove quantos de seus funcionários estão vivos e qual é a situação de cada atingido.

Passado ensina No caso de Mariana, a indenização imposta à Samarco foi considerada baixa –cerca de R$ 2 milhões para cada grupo familiar– porque boa parte dos funcionários era terceirizada. Em Brumadinho, a maioria é de contratados da Vale, o que deve garantir indenizações mais robustas.

Ossos do ofício Desafeto do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), Onyx Lorenzoni, passou na liderança do DEM na Câmara, nesta sexta (1º), para “dar um abraço” nos deputados novos e no carioca, que aquela altura já tinha a reeleição garantida.

Eu? Imagina! O ministro manteve o discurso de que estava se mantendo bem longe da disputa no Congresso. “Nós estamos observando, nós não interferimos em nada”, disse. Ele ainda afirmou que não apostava em favoritismos. “Aprendi que em eleição tem que esperar.”

Muito pop Auxiliares do governador João Doria (PSDB-SP) dizem ter contado no relógio: ele levou 45 minutos para sair da Câmara dada a quantidade de selfies pedidas por deputados de outros estados.


TIROTEIO

O PT vai ao divã. Fez bloco com PSOL e PSB: um se opôs a Lula e o outro apoiou o golpe contra Dilma. História não se apaga

Do deputado Orlando Silva (PC do B-SP), sobre a divisão da esquerda na eleição da Câmara que acabou separando petistas e comunistas