‘Nunca mais vou ser o mesmo’, disse Joesley em aniversário de delação
Lições doloridas Michel Temer foi pragmático. Nesta quinta (17), um ano depois da divulgação do grampo de Joesley Batista que encurralou seu governo, o presidente se limitou a criticar a cobertura da imprensa. Coube a um auxiliar resumir a sensação geral com um comentário seco: “Sobrevivemos”. O empresário, recluso desde que passou de delator a investigado, fez um desabafo. A um amigo, disse que viveu “um ano de dor e transformação”. “Descobri que nunca mais vou ser o mesmo”, arrematou.
Expectativa Advogados que tentam manter de pé a colaboração da JBS, revelada pelo jornal “O Globo”, acham que a procuradora-geral da República, Raquel Dodge, deve esperar o fim da apuração sobre a conduta de Marcello Miller para ampliar a pressão pela rescisão do acordo dos Batistas.
Devagar com o andor Um dos argumentos da defesa para segurar a delação foi o de que, como nem a Procuradoria havia fechado um juízo sobre a prática de crime por parte de Miller, seria precipitado cancelar o trato judicial. O ex-procurador abandonou a carreira para atuar para a JBS.
Vai que é tua Michel Temer já deu todas as indicações a Henrique Meirelles (MDB) de que vai trabalhar pela candidatura dele ao Planalto. Em conversa na quarta (16), pediu que seu ex-ministro da Fazenda se dedique a reuniões com integrantes do partido, ciscando primeiro para dentro.
Preposto O presidente escalou um de seus escudeiros mais fiéis para auxiliar Meirelles na árdua tarefa de entender o MDB, sigla marcada por divisões internas. João Henrique de Almeida, que foi secretário-geral do partido sob a batuta de Temer, já fez diversas reuniões com o pré-candidato.
Cabo de guerra Pressionado por deputados e senadores a passar logo e oficialmente o bastão de candidato a Meirelles, o presidente consultou Moreira Franco (Minas e Energia) e Eliseu Padilha (Casa Civil) sobre o assunto. O primeiro o aconselhou a aguardar.
Para toda obra Dirigentes do PR dizem que a sigla não descarta compor com Geraldo Alckmin (PSDB) na disputa presidencial, indicando o empresário Josué Alencar (MG) para vice do tucano. O grupo que busca uma alternativa a Alckmin para a eleição, porém, chegou a sondar o mineiro para a cabeça de chapa.
Quem dá mais Além do “novo centrão” e do PSDB, o PR também conversa com o PT. Há ainda a opção de um quarto caminho: chegou a 14 o número de parlamentares que quer se aliar a Jair Bolsonaro (PSL).
Eu sou o caminho A presidente do PT, Gleisi Hoffmann, já havia desembarcado em Curitiba nesta quinta (17) com a intenção de chamar uma reunião com os governadores da sigla. Ao conversar com Lula na carceragem da PF, foi estimulada. Ele enfatizou que é candidato. Quer travar os acenos a Ciro Gomes (PDT).
Favas contadas O ex-ministro José Dirceu demonstrou calma ao conversar com aliados após a rejeição ao último recurso que o mantinha fora da prisão. Bem-humorado, chegou a dizer que não entendia o interesse da imprensa sobre um caso cujo desfecho estava assegurado.
Vida prática A única preocupação do petista era com o local do cumprimento da pena. Ele prefere ficar preso no DF, perto de sua família.
Atentai Aliados de Geraldo Alckmin receberam o resultado de pesquisas que sondaram o potencial de uma chapa 100% tucana, encabeçada pelo ex-governador e com João Doria (PSDB-SP) na vaga de vice.
Quero ver para crer Pessoas que acessaram o levantamento dizem que a união com o ex-prefeito de SP fez Alckmin saltar de um para dois dígitos na sondagem. O alarde do resultado levou integrantes do tucanato a encomendarem enquete semelhante.
Quem tem boca Em guerra com a italiana Enel pela compra da Eletropaulo, a companhia espanhola Iberdrola tentou sensibilizar o Ministério de Minas e Energia a analisar de maneira crítica a entrega da empresa paulista à concorrente, que tem o governo da Itália como acionista.
O que diz… A Iberdrola disse ver riscos na cessão de dados a uma estatal estrangeira –e questionou o discurso de valorização da parceria com empresas privadas, mote do projeto de venda da Eletrobras.
… o que faz Aliados de Moreira Franco afirmam que ele parece não ter se convencido de que há problema. O MME tem tratado a disputa como um problema da Eletropaulo e não do governo federal.
TIROTEIO
A palavra veto é muito forte para quem está na política. Sempre é bom lembrar que quem veta pode depois ser vetado
De Carlos Lupi, presidente nacional do PDT, sobre Lula travar o apoio de governadores petistas a Ciro Gomes na corrida pelo Planalto