Apressado Em uma das mensagens que enviou à advogada Esther Flesch logo após fazer uma entrevista para ingressar no escritório Trench Rossi Watanabe, em fevereiro de 2017, o ex-procurador Marcello Miller avisa que há a possibilidade de discutir um contrato com a JBS no Carnaval daquele ano e emenda: “É importante que eu possa, se aparecer a oportunidade, falar, ainda que com as ressalvas devidas, como futuro sócio do Trench”. Detalhe: ele ainda não havia assinado contrato com a banca.

A conversa data de 21 de fevereiro e Miller ainda atuava na PGR. A exoneração de Miller só foi publicada no dia 5 de abril. Como revelou o Painel, novos documentos anexados à apuração sobre a participação do ex-procurador na delação da JBS devem ajudar os investigadores a traçar uma linha do tempo precisa do caso e delimitar a participação de cada agente no processo que deflagrou o maior escândalo do governo Michel Temer.

No dia em que ele e Esther falaram sobre o assunto, o ex-procurador havia acabado de fazer uma entrevista com sócios do Trench. A negociação, porém, não estava concluída.

Procurado, o escritório TRW disse que não iria se pronunciar. À Justiça, a banca informou que não tinha conhecimento das tratativas de Miller e Flesch, que foram travadas à margem de seus sócios.

Flesch sempre negou irregularidades. Seu advogado, Fábio Tofic, diz que “a conversa citada prova que quando Miller mencionou a possibilidade de indicar a JBS, a proposta do TRW já havia sido feita e sua contratação estava praticamente finalizada”.

Miller chegou a dizer aos procuradores que fez uma “lambança”, mas não um crime. Em nota, a defesa do ex-procurador afirmou que “as mensagens somente comprovam que não houve qualquer prática criminosa”.

“Miller estava apenas deixando o cargo de procurador para ingressar na iniciativa privada, momento em que algumas tratativas preliminares são naturais, já esclarecidas às autoridades competentes.”

O Painel não localizou os representantes de Joesley Batista.

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