Com ex-subordinado preso, aliados veem Alckmin passar de vitrine a vidraça
Roda viva Premido pela realidade, Geraldo Alckmin (PSDB) teve que baixar o tom de suas declarações sobre a ordem de prisão de Lula. Um ex-subordinado do tucano, Paulo Vieira de Souza, o Paulo Preto, foi parar atrás das grades antes do petista. Aliados do presidenciável se apressaram a dizer que ele não se preocupa com um revés. Não persuadiram siglas que tentam atrair. Em partidos amigos, a avaliação é a de que, exposto na campanha, Alckmin deixará de ser vitrine para se tornar vidraça.
Com o fígado Há preocupação entre tucanos de SP com a possibilidade de Paulo Preto, ex-diretor da Dersa, mirar a administração Alckmin por vingança. Foi a atual equipe do tucano quem fez uma sindicância na estatal e enviou ao Ministério Público os indícios de irregularidades que o levaram à prisão, nesta sexta-feira (6).
Boca fechada? Paulo Preto sempre foi visto como um homem temperamental, mas metódico e muito organizado. O engenheiro é citado como um aficionado por colecionar documentos que registrem cada ação sua. Ele também é alvo da Lava Jato e, no ano passado, foi aconselhado a fazer delação.
Tem para todos Nomeado por Alckmin diretor de relações institucionais da Dersa em 2005, Paulo Preto foi alçado à diretoria de engenharia da companhia na gestão de José Serra (PSDB) em 2007. O chanceler Aloysio Nunes (PSDB) era seu principal ponto de contato com o tucanato.
Imprevisível Em privado, diversos nomes da cúpula do PSDB veem com preocupação o impacto da ordem de prisão de Lula. Quadros da sigla afirmam que, da forma como o Judiciário conduziu os últimos passos do cerco ao petista, há chance de a eleição deste ano não conseguir pacificar o país.
Nervos de aço Coube ao ex-presidente, único alvo da determinação judicial, acalmar dirigentes e líderes do PT que, durante esta sexta-feira (6), pregavam resistir, inclusive com a força, à ordem de prisão de Sergio Moro.
Nervos de aço 2 Sempre que alguém demonstrava nervosismo ou caia no choro, era Lula quem entrava em campo pedindo serenidade.
Ali onde eu chorei O momento mais tenso emocionalmente foi o encontro do petista com a família.
Gran finale Os que estiveram ao lado de Lula dizem que ele está muito consciente do momento e repete o discurso de que é vítima de uma perseguição que teria sido escancarada nos últimos dias. Este deverá ser o tom das falas na missa em homenagem à ex-primeira-dama Marisa Letícia, neste sábado (7).
Primeiro ela Petistas dirão que dona Marisa foi vítima dessa perseguição e que, com o objetivo de prender o ex-presidente, o Judiciário e o Ministério Público “botaram fogo no país”.
A favorita As críticas ao Supremo e à presidente da corte, Cármen Lúcia, serão intensificadas. O ex-ministro da Justiça Eugênio Aragão a acusa de ter feito “uma chicana”. “Tudo que nós estamos passando hoje é culpa dela.”
Pegou mal É grande a preocupação entre ministros de diversas tendências com a exposição do STF. Gilmar Mendes, por exemplo, relatou que a imprensa europeia tem dito que a polêmica mensagem do comandante do Exército foi determinante para o resultado contra Lula.
Levanta e anda O presidente Michel Temer disse a Henrique Meirelles que quer, sim, disputar a reeleição. Mas também avisou que, se o agora ex-ministro da Fazenda quiser tomar a dianteira, precisa mostrar gana. O primeiro passo foi sair do cargo.
Time de peso O DEM incluiu duas celebridades paulistas na lista de pré-candidatos a deputado. José Luiz Datena e Otávio Mesquita se filiaram à sigla.
TIROTEIO
Isso mostra que a lei é cumprida mesmo quando lamentavelmente pune um líder que significou tanta esperança para o povo.
DO SENADOR CRISTOVAM BUARQUE (PPS-DF), ex-ministro e ex-governador pelo PT, sobre o que representa a iminente prisão do maior símbolo da legenda.
CONTRAPONTO
Sempre alerta
Na primeira sessão legislativa de 2011, quando Dilma Rousseff (PT) assumiu o Planalto, o deputado Marco Maia (PT-RS) bateu Jair Bolsonaro (RJ) na disputa pelo comando da Câmara:
— Bolsonaro, de vez em quando eu fico com saudade, embora tenhamos divergências, não concordemos em tudo e não tenhamos as mesmas opiniões. Mas toda vez que estou com saudade, cito a palavra ditadura e, em cinco minutos, o sr. entra pela porta do plenário — brincou, antes de encerrar:
— Peço uma salva de palmas para o deputado Bolsonaro pela forma como conduz sua militância na Casa!