Planalto vê prisões de aliados de Temer como fruto de guerra interna no STF
Que tiro foi esse? A soltura dos presos da operação Skala dois dias após a ação da PF fez com que ala do Planalto avaliasse a ofensiva como um efeito colateral do fogo cruzado no STF entre os ministros Luís Roberto Barroso e Gilmar Mendes. O último proibiu conduções coercitivas em dezembro. O primeiro, então, autorizou medida mais gravosa, o encarceramento, para a tomada de depoimentos. Embora a saída dos aliados tenha trazido alívio ao presidente, ele está ciente de que o cerco continua.
Bumerangue Integrantes do governo também viram na operação Skala uma tentativa de demonstração de força de Barroso. O ministro assinou os mandados no mesmo dia em que a Segunda Turma tomou uma série de decisões polêmicas, como a concessão de prisão domiciliar para Jorge Picciani (MDB-RJ).
Íntimo e pessoal Nos últimos dias, Temer mostrou-se especialmente perturbado com a prisão do advogado José Yunes, 81, um de seus melhores amigos. O emedebista recebeu uma série de telefonemas de conhecidos em comum no universo jurídico, alguns muito emocionados.
A postos A Frente Brasil Popular vai engrossar as manifestações pró-Lula, em frente ao Supremo, no dia 4, quando o habeas corpus do petista será julgado. A entidade está orientando associados das demais capitais a fazerem vigílias. Em SP, haverá panfletagens nas periferias.
Nós contra eles Associações de advogados e defensores públicos dizem ter reunido três mil assinaturas, inclusive de magistrados, para nota pública contra a prisão em segunda instância. Do outro lado, procuradores e juízes contabilizam mais de quatro mil apoiamentos à antecipação do encarceramento.
Águas passadas Marcelo Freixo (PSOL-RJ), que há dois anos chegou a rejeitar a presença de Lula em seu palanque, telefonou para o ex-presidente neste fim de semana e o avisou que vai apoiar o ato “contra o fascismo” organizado pelo PT para esta segunda (2), no Rio.
Xadrez O ministro Moreira Franco (Secretaria-Geral) decidiu nomear Jorge Bastos, ex-presidente da ANTT, para o comando da EPL (Empresa de Planejamento e Logística). O atual chefe da estatal será deslocado para a Secretaria do PPI (Programa de Parcerias e Investimentos).
Otimize recursos Dirigentes tucanos defendem que Geraldo Alckmin priorize, no início da campanha, viagens a regiões onde tem chances reais de crescimento, como Sudeste, Sul e Centro-Oeste. A avaliação é a de que, por ora, o presidenciável não deve investir pesado no Nordeste, reduto eleitoral histórico do PT.
Jogo duríssimo Alckmin tem uma série de desafios a vencer até nas áreas que apoiaram o PSDB nas últimas eleições. No Sul, precisa frear o crescimento de Álvaro Dias (Pode-PR). No Centro-Oeste e no Sudeste, terá que recuperar o eleitorado perdido para Jair Bolsonaro (PSL-RJ).
Bloco na rua Desconhecido pela população, Flávio Rocha, pré-candidato ao Planalto do PRB, vai intensificar as andanças pelo país. Irá a Goiânia, dia 4, para palestra a estudantes do ensino médio, encontro com vereadores e com pastores.
Santo de casa Apesar de ser evangélico e de ter se filiado a partido ligado à Universal, Rocha nega envolvimento direto da igreja em sua campanha e até uma atenção especial a esse nicho do eleitorado. “O partido é maior do que a igreja e a campanha é maior do que o partido”, diz.
Lotação esgotada A direção do MDB convidou as bancadas do partido na Câmara e no Senado, além de sua executiva, para prestigiar a filiação de Henrique Meirelles (Fazenda) à legenda, na terça (3). Contemplado por Temer na reforma ministerial, o PR, de Valdemar Costa Neto, confirmou presença.
TIROTEIO
Ao optar por não pautar as ações que têm efeito geral, a ministra Cármen Lúcia jogou toda a atenção em cima do caso de Lula.
DO CRIMINALISTA ANTÔNIO CARLOS DE ALMEIDA CASTRO, o Kakay, sobre o nervosismo que ronda o julgamento do habeas corpus do ex-presidente.
CONTRAPONTO
Amor em tempos de guerra
Na sessão do Senado de 28 de fevereiro, Elber Batalha (PSB-SE), suplente de Antônio Carlos Valadares (PSB-SE), defendia a aprovação de um projeto que propõe a contagem de prazos processuais apenas em dias úteis quando decidiu fazer uma homenagem a Paulo Paim (PT-RS). O petista presidia a sessão e deu apoio à tese.
— Vossa excelência tem sido um amigo e irmão. Tem sido o símbolo do meu mandato nesses meses.
Aos risos, Paim respondeu:
— Senador Elber, sabe o que vi mesmo que nos aproxima? Seu sobrenome. É um homem de batalha. Eu gosto do bom combate!