Cúpula do Congresso vê propaganda de pacote anticrime como afronta ao debate parlamentar
O mensageiro e a mensagem Sergio Moro (Justiça) não deve enxergar o questionamento à ação publicitária criada para seu pacote anticrime como uma reação circunscrita à oposição. A ofensiva midiática, deflagrada em meio a pesada discussão sobre a proposta na Câmara, foi interpretada por líderes, dirigentes de outros partidos e pela cúpula do Congresso como uma “campanha de ameaça ao Parlamento, que visa impedir análise independente”. A ampla insatisfação deve aumentar a pressão por uma resposta do TCU.
Boca no trombone Como mostrou o Painel nesta quinta (3), PT, PC do B, PSOL e Rede foram ao Tribunal de Contas da União pedir a suspensão das peças publicitárias pró-pacote, sob o argumento de que a lei não prevê campanha a favor de projetos em votação e que o governo tenta constranger o debate no Congresso.
Mais um Depois, o Ministério Público de Contas pediu uma análise do gasto com a campanha do projeto, estimado em R$ 10 milhões. O pacote anticrime abriga uma série de polêmicas, como o excludente de ilicitude –já rejeitado pelo grupo de trabalho que analisa a proposta na Câmara.
Alvo fácil Para deputados de partidos de centro e centro-direita, ao vincular o tema ao nome do ministro Sergio Moro, o governo quebra o princípio da impessoalidade com a intenção de ampliar a pressão de alguns setores da sociedade contra o Congresso.
Pela culatra Por isso, oposição e centro decidiram ampliar a articulação contra a medida, reproduzindo no plenário alianças que impuseram derrotas a Moro e ao governo no grupo de trabalho da Câmara.
Tropeço 1 A tentativa de Augusto Aras de acompanhar a canonização da irmã Dulce, no Vaticano, com os custos da viagem pagos pelo MPF foi alvo de fortes críticas da categoria. Após a grita da classe, o procurador-geral da República voltou atrás da decisão.
Tropeço 2 Procuradores disseram que Aras parece ter “dificuldades para distinguir público do privado” e houve quem brincasse que ele voltou atrás “a la Bolsonaro”.
Eu me amo Apesar de impasses entre Congresso e Executivo terem travado a reforma da Previdência, o líder do governo na Câmara, Major Vitor Hugo (PSL-GO), celebrou uma vitória pessoal nesta semana. Na terça (1º), conseguiu aprovar três medidas provisórias no plenário, seu recorde.
Remendo Líderes da Câmara pretendem derrubar 6 dos 14 vetos de Jair Bolsonaro à minirreforma eleitoral. O trabalho agora é para convencer o Senado a não se opor.
Remendo 2 Os deputados querem retomar, entre outros pontos, a possibilidade do pagamento de multas partidárias com dinheiro do fundo eleitoral, a brecha para aumentar o valor da reserva que vai custear as eleições e o artigo que amplia o leque de modelos de prestação de contas.
Dança das cadeiras Apesar de negar publicamente, Bolsonaro confirmou a aliados nos últimos dias que realmente pretende mudar a composição de sua equipe ministerial após a aprovação da Previdência.
Quem avisa… Líderes de partidos alinhados ao Planalto dizem que, passada a Previdência, se não melhorar a articulação política, o governo vai enfrentar grandes obstáculos para aprovar medidas de seu interesse no Senado.
Devo, não nego Senadores afirmam que o Planalto descumpre acordos em diversas frentes e que o desprezo de ministros pelas demandas de parlamentares segue como antes. Sobre o general Luiz Eduardo Ramos, hoje responsável pela articulação política, resumem: ele não tem tinta na caneta.
Siga o mestre Bolsonaro reuniu o time de ministros nesta semana e cobrou atenção aos pedidos do secretário de Governo. Até agora, as nomeações prometidas por Ramos a parlamentares têm sido represadas em outras pastas.
O que cativas O ataque, nesta quinta (3), de um procurador da Fazenda Nacional a uma juíza, dentro do TRF-3, em SP, inflamou novamente magistrados contra Rodrigo Janot. Registro do episódio foi repassado em grupos de WhatsApp acompanhado do seguinte comentário: “Olha aí o que Janot criou. Criou essa jurisprudência”.
TIROTEIO
Enquanto cortam verba da educação e de programas sociais, gastar R$ 10 mi para satisfazer o ego de Moro é um escárnio
Do deputado Orlando Silva (PC do B-SP), sobre o custo da campanha publicitária a favor do pacote anticrime do ministro da Justiça