Contradição de Janot é explorada por Lula em ação que pede suspeição de procuradores do STF
O que disse e o que fiz Uma contradição revelada no livro do ex-procurador-geral Rodrigo Janot vai alimentar o pedido de suspeição dos procuradores de Curitiba, feito no STF, por Lula. Na obra, Janot diz ter repreendido integrantes da força-tarefa por ignorarem limites impostos pelo Supremo na formulação da primeira denúncia contra o petista. À corte, porém, em 2016, quando advogados do ex-presidente questionaram Teori Zavascki sobre o ato da Lava Jato, o então chefe da PGR defendeu a conduta dos colegas.
Prólogo No livro, Janot narra uma conversa tensa com Deltan Dallagnol e outros procuradores que, segundo diz, o pressionavam a denunciar Lula antes de outros investigados para dar sustentação à acusação que haviam feito, dias antes, no caso do tríplex.
Motivo… “Dallagnol e os demais colegas tinham vindo cobrar uma inversão da minha pauta de trabalho. Eles queriam que eu denunciasse imediatamente o ex-presidente Lula por organização criminosa, nem que para isso tivesse que deixar em segundo plano outras denúncias”, diz Janot.
…razão… Janot registra que a dura conversa ocorreu dias após a Lava Jato denunciar Lula, no dia 14 de setembro. No auge da discussão, acusado de interferir no trabalho de Curitiba, Janot rebateu: “O ministro Teori excluiu expressamente a possibilidade de vocês investigarem e denunciarem Lula por crime de organização criminosa, que seguia no Supremo. E vocês fizeram”.
…e circunstância “Vocês desobedeceram à ordem do ministro”, concluiu o então procurador, segundo o próprio relato. Ao STF, porém, dia 16 de setembro, em resposta a reclamação na qual a defesa dizia que Lula estava sendo investigado pelos mesmos fatos em dois lugares, STF e Curitiba, Janot desqualificou o argumento e defendeu a Lava Jato.
Muralha Para Cristiano Zanin, advogado do ex-presidente, o episódio mostra que “todos os abusos identificados e formalizados por meio de recursos no Judiciário não prosperaram porque havia essa dinâmica interna”.
Fora da área de serviço? Os deputados do PSL que mais atacam ministros do STF nas redes silenciaram sobre a decisão de Gilmar Mendes que suspendeu processos contra Flavio Bolsonaro. A quietude intrigou os membros do partido que acusam essa ala de agir com oportunismo, poupando o clã Bolsonaro de críticas.
Para frente se anda Se o Supremo de fato retomar nesta quarta (2) a discussão sobre o alcance da decisão que, semana passada, impôs forte derrota à Lava Jato, o ministro Luís Roberto Barroso vai seguir linha que já vinha defendendo: circunscrever os efeitos do veredito aos novos casos, sem permitir que ele retroaja.
Primeiro round Sete ministros entenderam que réus têm o direito de apresentar alegações finais por último, depois inclusive de delatores, para garantir a ampla defesa. Essa ordem não foi seguida em dezenas de casos da Lava Jato.
Segundo round A posição de Barroso coincide com a de procuradores, que temem a anulação de sentenças —mas a aposta é a de que ele ficará novamente vencido.
Fala muito A pressão do Senado para que o governo cumpra os acordos que firmou para destravar a reforma da Previdência ampliou o atrito entre alas do Planalto. Luiz Eduardo Ramos (Secretaria de Governo) culpa Onyx Lorenzoni (Casa Civil) pela insatisfação. Tem dito que o colega fez promessas demais.
Corra Até a chegada de Ramos, era Onyx o responsável pela articulação política. O projeto que vai liberar recursos que vão abastecer projetos indicados pelos senadores será agilizado.
Soa como música O ministro Paulo Guedes (Economia) voltou a buscar apoio no Congresso com o discurso de que quer “reabilitar a classe política”. Ele disse em almoço com senadores, nesta terça (1), que o ideal seria ter “menos dinheiro na mão de ministro e mais na base”.
Canto da sereia Guedes quer ampliar os esforços para aprovar o pacto federativo. Ele também voltou a defender a desvinculação de receitas. Disse que só assim, com as reformas, conseguirá partilhar valores com parlamentares e fortalecer o Legislativo.
TIROTEIO
Será que o problema dele é o regime pressupor trabalho? Ou será que se apaixonou pela cadeia? Fico sem saber…
Do deputado Delegado Waldir (GO), líder do PSL, sobre a resistência do ex-presidente Lula a se submeter às condições do semiaberto