Alas da Receita entram em choque, e servidores fazem acusações de desvios a órgãos de controle

Apenas o começo do fim A queda de Marcos Cintra está longe de estancar a crise na Receita. Nos últimos dias, quando a permanência do agora ex-secretário da área já estava ameaçada, uma série de denúncias com relatos detalhados de desvios de integrantes do fisco foi encaminhada a órgãos de controle. Há queixas anônimas e outras nas quais o autor se identifica e oferece colaboração. Ministros e investigadores que acessaram os documentos viram neles um sinal de que diversas alas da entidade seguem em guerra.

RSVP Membros do Supremo foram informados oficiosamente dos relatos de desvios na Receita. Motivo: um dos fatores que agravou a crise no órgão foi a descoberta de que integrantes do STF e seus parentes tiveram as contas devassadas por auditores.

Pênalti Antes de perder o cargo, Cintra enviou ofício ao Tribunal de Contas da União no qual se comprometia a entregar à corte os nomes dos auditores que acessaram, com ou sem justificativa formal, dados de autoridades públicas nos últimos cinco anos.

Cartão amarelo A primeira reação da Receita foi a de tentar driblar a ordem do TCU. Houve forte reação na corte e o então secretário do órgão decidiu ceder.

Alô polícia Nesta quinta (12), a procuradora-geral da República, Raquel Dodge, solicitou ao Ministério da Justiça abertura de inquérito policial contra dois servidores da Receita apontados pelo próprio órgão como os responsáveis pelo vazamento de dados sigilosos do ministro Gilmar Mendes, do Supremo.

Alô polícia 2 No ofício, Dodge informa que o fisco classificou o vazamento dos dados de Mendes como acidental após investigação administrativa interna, mas ressalta que isso não exclui a necessidade de apuração criminal, já que os dados do ministro e de qualquer contribuinte são protegidos por sigilo legal.

Test drive Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) vai, sim, integrar a comitiva do presidente Jair Bolsonaro à Assembleia Geral da ONU, dia 24. Viajará, a princípio, como presidente da Comissão de Relações Exteriores da Câmara.

Test drive 2 A indicação de Eduardo Bolsonaro à embaixada do Brasil em Washington não deve ser formalizada até o início da conferência, apostam integrantes do Palácio do Planalto.

A casa é sua Escolhido por Jair Bolsonaro para suceder Raquel Dodge na PGR, Augusto Aras segue tentando aparar arestas internas. Nesta quinta (12), recebeu telefonema de Deltan Dallagnol, coordenador da Lava Jato em Curitiba, e fez gestos à operação pregando “diálogo permanente”.

Ambidestro Aras já fez reparos públicos aos métodos e ao personalismo da Lava Jato, mas também enalteceu a importância da investigação. Recentemente, num aceno ao grupo, convidou Thaméa Danellon, aliada de Deltan, para trabalhar na Procuradoria.

Homem e circunstância Deltan também tem motivos para buscar aproximação com Aras. Ele é alvo de processos no Conselho Nacional do Ministério Público e enfrenta campanha para que seja afastado do MPF.

Questão de coerência Aras chamou nesta quinta (12) o procurador Guilherme Schelb para o seu time. Schelb é defensor do Escola sem Partido e chegou a ser cotado para chefiar o Ministério da Educação no governo Bolsonaro.

Disque-denúncia Supostas vítimas do deputado Luis Miranda (DEM-DF) descobriram e compartilharam o telefone do presidente do DEM, ACM Neto. Deste então, ele tem recebido cobranças para punir o parlamentar na sigla. Miranda é acusado de praticar golpes no Brasil e nos EUA.

We are folia? ACM Neto, que é prefeito de Salvador, diz que vai analisar a decisão da Câmara Municipal de proibir blocos de Carnaval na quarta-feira de Cinzas, mas adianta que, apesar de ser católico praticante, vai desconsiderar o argumento de que a festança contraria a religiosidade.

Visita à Folha Eduardo Saron, diretor do Itaú Cultural, visitou a Folha nesta quinta (12), onde foi recebido em almoço. Estava acompanhado de Claudio Sá, presidente da Conteúdo Comunicação.


TIROTEIO

Não tem essa de querer botar um freio no Carnaval de Salvador. Se a política insistir, vai quebrar o freio

Do senador Otto Alencar (PSD-BA), sobre a Câmara Municipal da capital baiana sugerir a proibição da festa na Quarta-feira de Cinzas