Líderes da lista tríplice rejeitada por Bolsonaro pedem ‘vigilância’ e dizem que Aras é ‘um entre 1.160’

Exército de um homem só Dois subprocuradores que integravam a lista tríplice rejeitada por Jair Bolsonaro na sucessão da PGR reagiram enfaticamente à indicação de Augusto Aras, que não participou da eleição interna. Na rede interna do Ministério Público Federal, Mário Bonsaglia e Luiza Frischeisen lembraram os colegas de que não há controle hierárquico no órgão e que todo procurador tem independência funcional. “Vamos defendê-la sempre e ficar mais vigilantes do que nunca”, escreveu Bonsaglia.

Espinha ereta “Vamos, cada um de nós, em seu ofício, mais vigorosamente do que nunca, seguir defendendo, com independência e altivez, contra qualquer desrespeito, a Constituição e as leis deste país!”, conclamou Bonsaglia.

Sigam-me os bons A manifestação de Luiza foi tão enfática quanto. “O melhor apoio que temos, nesses momentos difíceis, é o de cada um(a) de nós. O PGR ocupa um dos ofícios do MPF, entre 1.160”, escreveu, em referência a Aras.

Sigam-me os bons 2 “Cada um(a) de nós continuará propondo ações penais quando houver crime, não importa quem seja o autor; atuando na proteção do patrimônio público, do meio ambiente, de grupos que tenham tido direitos violados e zelando pela atuação dos órgãos de fiscalização. Sigamos!”, encerrou a subprocuradora.

Efeito multiplicador Bonsaglia e Luiza foram os dois nomes mais votados pela categoria. Têm, portanto, representatividade. Blal Dalloul, o terceiro colocado, fez críticas públicas e, internamente, agradeceu os colegas.

Inimigo do meu inimigo O fato de alguns integrantes da esquerda terem atacado a decisão do presidente de indicar Aras por fora da lista tríplice facilitou a reorganização da defesa do subprocurador em alas do bolsonarismo. O deputado Marcelo Freixo (PSOL-RJ), por exemplo, fez críticas.

Álibi Após a fala de Freixo, blogueiros e youtubers que apoiam o presidente afirmaram às tropas que a simples reação de parlamentares da esquerda ao nome de Aras deixava claro que, em alguma medida, Bolsonaro havia acertado.

Aqui se faz… No fim, o presidente só trabalhava com duas opções: Aras e Dodge. Pesou contra a atual procuradora-geral o veto exposto por Eduardo Bolsonaro ao nome dela. Motivo: Dodge denunciou tanto ele quanto o pai no STF.

Bem na sua cara Críticos da censura do prefeito do Rio, Marcelo Crivella (PRB), convocaram um “beijaço”, neste sábado (7), às 19h, na Bienal. Crivella mandou recolher quadrinhos com a imagem de dois homens se beijando.

Ampulheta Com o debate sobre o teto de gastos pegando fogo, a previsão é a de que a Comissão de Constituição e Justiça da Câmara comece a discutir, na próxima semana, proposta de emenda constitucional que permite ao governo cortar despesas obrigatórias.

Via rápida O relatório do deputado Sóstenes Cavalcanti (DEM-RJ) foi protocolado nesta quinta (5). A PEC vai permitir, entre outras coisas, que o governo demita servidores sem estabilidade, corte incentivos fiscais e encurte a jornada do funcionalismo com proporcional redução de salários.

Suor e ranger de dentes As medidas de ajuste seriam acionadas quando o comprometimento do caixa deixasse o governo a 5% do descumprimento da chamada regra de ouro –que diz que só se pode pegar dinheiro emprestado para investir. Desde 2016 há dificuldade para cumprir a norma.

Caiu na rotina Teme-se no Congresso que, dado o buraco orçamentário do governo (o deficit programado para este ano é de R$ 139 bi), as medidas de contenção se tornem permanentes ou, pelo menos, vijam por muitos anos.

Remédio ou veneno? A bancada da região Norte já se mobiliza para preservar a relevância da Zona Franca de Manaus após a reforma tributária. Os parlamentares temem que a alteração da arrecadação de impostos no resto do país acabe tornando a área menos atrativa para as empresas.

Apalavrado O senador Eduardo Braga (MDB-AM) afirma que há acordo entre a bancada e o deputado Baleia Rossi (MDB-SP), autor da reforma tributária, para manter as vantagens comparativas da região.


TIROTEIO

Parte justo de Bolsonaro, eleito com a retórica anticorrupção, o mais duro golpe à independência do Ministério Público

Do senador Fabiano Contarato (Rede-ES), autor de PEC que obriga a adoção da lista tríplice, sobre a forma da indicação de Aras à PGR