Ações sobre fisco e PF fazem Bolsonaro ganhar pontos com políticos: ‘fez o que ninguém teve coragem’

Tá tudo dominado Se desagradou a parlamentares eleitos com o vigor das redes, a ofensiva de Jair Bolsonaro a órgãos como PF, fisco e Coaf recebeu elogios de políticos mais experientes. O fenômeno ganhou ainda mais força nesta quinta (22), após o presidente acenar com a demissão do diretor-geral da Polícia Federal, enquadrando Sergio Moro (Justiça). Um deputado do PSD resume os comentários de coxia: “Ele está tendo coragem de fazer o que ninguém –nem Lula, nem Dilma, nem Temer– teve”.

Sem ambiente… Dirigentes de partidos de centro ponderam que Bolsonaro subestima a influência de Moro sobre parte considerável da sociedade e que os movimentos incisivos de repreensão podem fazer o ministro da Justiça vestir a carapuça de vítima. Ainda assim, avaliam que Moro está hoje politicamente “disfuncional”.

…em casa O ex-juiz, que nunca teve articulação com a maioria do Congresso e com as cúpulas partidárias, acumulou, na Lava Jato, a antipatia de ala do Supremo –sentimento que só cresceu com a repercussão das mensagens obtidas pelo The Intercept. Mas, agora, parece ter perdido o apoio do próprio governo.

Depois da tempestade Aliados de Moro no Senado e na Câmara afirmam que Bolsonaro tenta “emagrecer, fragilizar” o ministro, que neste momento não teria outra alternativa a não ser resistir e esperar a poeira baixar.

Infiltrado As ações do presidente incomodaram aliados do diretor-geral da PF, Maurício Valeixo. A avaliação é a de que o órgão acabou sendo alvo de uma bala perdida no embate entre Bolsonaro e Moro, e que a eventual saída de Valeixo do cargo desencadearia questionamentos sobre as intenções do sucessor escolhido pelo presidente.

7 a 1 Expoentes da oposição reconhecem que, aos trancos e barrancos, Bolsonaro conseguiu domar boa parte do tabuleiro político interno: ele manejou o Congresso com farta liberação de emendas, criou vínculo com o STF, apertou o cerco a órgãos de fiscalização e ainda enquadrou Moro mantendo 30% de eleitores fieis à pauta de costumes.

Revanche? Tudo isso, apontam integrantes da esquerda, sem que as corporações que foram atingidas pelo presidente reagissem à altura. A dúvida, para esse grupo político, é quanto tempo Bolsonaro seguirá reinando sem rebote acumulando tantas arestas.

Onde pega A ponta solta que mais ameaça a equação do presidente é a política ambiental. Um bloqueio externo teria fortíssima repercussão no agronegócio, setor que é caro a Bolsonaro e altamente representado no Congresso.

Orelha quente Cobrados nas redes, integrantes do Novo não descartam recurso ao conselho de ética contra a permanência de Ricardo Salles (Meio Ambiente) na sigla.

Balança Estudo feito pelo site Infomoney com dez casas de análise de risco político e três analistas independentes aponta a percepção de uma relação mais profícua do governo com o Judiciário do que com o Legislativo.

Esquece Os resultados mostram que quase não há aposta na retomada da proposta de capitalização na reforma da Previdência: 54% dizem que a chance é muito baixa, e outros 38% que é baixa.

Muro A maioria dos analistas (62%) crê na votação da reforma no Senado em outubro. Só 8% dizem que são altas as chances de Eduardo Bolsonaro (PSL-RJ) ser aprovado embaixador.

Me dê motivo O PT no Senado quer que o TCU apure o adiamento da divulgação da Pesquisa de Orçamentos Familiares, do IBGE. O estudo é usado na atualização do cálculo da inflação e deveria ter saído mês passado. A sigla questiona os riscos e prejuízos decorrentes do atraso e de supostas ingerências nas estatísticas.

Visitas à Folha Flávio Rocha, presidente da Riachuelo, visitou a Folha nesta quinta (22), onde foi recebido em almoço. Estava acompanhado de Guilherme Barros, presidente da GBR Comunicação.

Marcelo Battistella Bueno, presidente da Ânima Educação, e Guilherme Soárez, vice-presidente de Crescimento e Educação Continuada da Ânima, visitaram a Folha nesta quinta. Estavam acompanhados de Thiago Salles, assessor de imprensa.


TIROTEIO 

Chegou a hora de o governo mostrar coerência com o que o levou ao poder: apoio à Lava Jato e ao combate à corrupção

Do senador Eduardo Girão (Pode-CE), sobre a ofensiva de Jair Bolsonaro a instituições como a Receita e a Polícia Federal