Maia dá avisos ao governo, e aliados veem anúncio de agenda própria do Congresso
De alma lavada Ao concluir missão que tomou como pessoal, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), enviou recados explícitos ao Planalto. No discurso que selou a aprovação em primeiro turno da reforma da Previdência, enalteceu o Parlamento, os partidos, seus líderes, a oposição e o STF. Tudo o que o bolsonarismo abomina. Nenhum aliado dele crê que o governo vá dividir os louros da vitória. Por isso, a fala foi vista como o anúncio de que a Casa, agora, tem uma agenda para chamar de sua.
Sem tempo, irmão As linhas gerais dos próximos passos do Congresso foram delineadas também no discurso de Maia: reforma tributária e administrativa. Os detalhes desse macroprojeto serão alinhavados no recesso. Maia e o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), vão dedicar boa parte do período a isso.
Homem de ferro Paulo Guedes (Economia) estava em uma reunião quando o resultado da votação na Câmara foi anunciado. Interromperam a conversa para avisá-lo. O ministro percorreu corredores parabenizando técnicos que trabalharam na proposta e estavam aos prantos, emocionados. Ele mesmo não chorou.
Foi-se No início do ano, Maia e Guedes estavam em sintonia. Nesta quarta (10), no discurso que fez antes de anunciar a aprovação da reforma, o presidente da Câmara mencionou diversos integrantes do governo e do Congresso, mas não citou o nome de Guedes.
Melhor que a encomenda O placar pró-reforma foi tão majoritário (379 votos) que nenhum deputado do DEM ou do PRB, bancadas que fizeram bolão, acertou o resultado. Na primeira sigla, o parlamentar que chegou mais perto chutou 361 votos. O Democratas decidiu fazer um churrasco com o valor total da aposta.
Em frangalhos Mais do que derrotada, a oposição concluiu a votação da reforma rachada. No PDT e no PSB, siglas que ameaçaram filiados que votassem com o governo, houve cerca de 30% de votos a favor das novas regras de aposentadoria. Entre os socialistas, muitos apostavam em crise com a cúpula partidária.
Fins e meios Autor da proposta de reforma tributária, Baleia Rossi (MDB-SP) afirma que a previsão é a de que São Paulo perca arrecadação no início da mudança. E que isso é bom. Segundo ele, vai ajudar a “vender a proposta” a estados que criticam a medida. No fim, todos ganham, aposta.
Que comecem os jogos O ingresso público do prefeito de SP, Bruno Covas, no grupo de tucanos que cobra o afastamento do deputado Aécio Neves (MG) do PSDB mudou o patamar da pressão exercida sobre o mineiro. O governador paulista, João Doria (PSDB), hoje o grande cacique do partido, lavou as mãos e avisou que vai deixar o barco correr.
Digitais O secretário-executivo da Prefeitura de SP, Gustavo Pires, foi o responsável por incluir na pauta de reunião do PSDB paulistano o pedido de expulsão de Aécio, na quinta passada (4). Ele é braço direito de Covas. O diretório estadual deve convocar discussão sobre o tema em breve.
Prepara Aécio recebeu apoio de dirigentes de outras legendas de centro e centro-direita. Os que estiveram com o deputado descreveram a ação da ala paulista do PSDB como desastrada. Quem conversou com Doria e também com o mineiro vaticina: “Essa história não vai acabar bem. Doria não vai recuar, e Aécio não é qualquer um”.
No braço O deputado de Minas, que já foi presidente do PSDB e candidato da sigla ao Planalto, tem dito a aliados que, da forma como as coisas estão sendo conduzidas, não lhe resta outra saída a não ser resistir. Sair correndo, afirmou, segundo relatos, não é opção.
Vai tu mesmo Integrantes do MPF dizem que Augusto Aras, que trabalha para ser o sucessor de Raquel Dodge na PGR, ganhou o apoio de nomes que ficaram de fora da lista tríplice e são próximos a Sergio Moro.
Visita à Folha O presidente do conselho diretor do Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram), Wilson Nélio Brumer, visitou a Folha nesta quarta (10). Estava acompanhado de Flávio Ottoni Penido, diretor-presidente do Ibram, Paulo Henrique Leal Soares, diretor de comunicação do Ibram, e Sergio Cross, assessor de imprensa e sócio-diretor da Profissionais do Texto.
TIROTEIO
Todos que tiverem problema por suposta corrupção têm que pedir para sair. O PSDB não é mais o mesmo
Do deputado estadual Carlão Pignatari (PSDB-SP), líder do governo João Doria (PSDB), sobre a pressão para que Aécio Neves se desfilie