Operação de Bolsonaro pró-policiais na reforma deixa arestas e dá munição à oposição
Fala, mas não escreve A operação protagonizada por Jair Bolsonaro para tentar contemplar policiais mantidos pela União com regras mais amenas de aposentadoria deixou muitas arestas no Congresso. Deputados dizem que, além de abrir brecha para pressão de outras categorias, o presidente derrubou um dos pilares do discurso pró-reforma da Previdência, o de que ela acabaria com privilégios, dando munição à oposição. Na noite desta quarta (3), a aposta majoritária era de votação no plenário só em agosto.
E agora, José? Deputados de partidos de centro-direita lembraram que o ministro Paulo Guedes (Economia) criticou fortemente a primeira versão de texto apresentado pelo relator da reforma na Câmara, Samuel Moreira (PSDB-SP), dizendo que a o Congresso havia sucumbido a lobbies.
O gato comeu Mas diante da ação do chefe, avaliaram, Guedes preferiu recolher os flancos.
Sem distinção A possibilidade de regras mais amenas para policiais desagradou a Rede Apoie a Reforma, que une 77 instituições e representantes da sociedade civil. O grupo lembra que pesquisa recente encomendada pelo CLP-Liderança Pública mostrou que 79% dos entrevistados apoia direitos e deveres iguais para todos.
Nem vem que não tem Outro entrave ao avanço da reforma, o impasse sobre a inclusão de estados e municípios no pacote de mudanças, causou desgaste no DEM. O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), maior entusiasta da medida, viu o presidente de sua sigla, ACM Neto, prefeito de Salvador, agir de maneira contundente contra a extensão das novas regras.
Se quer, defenda O principal adversário político de Neto é o governador da Bahia, Rui Costa (PT), cujo partido condena a reforma da Bolsonaro.
Diga aonde você vai A oposição conta com os passos em falso do governo para tentar jogar a votação da reforma para o segundo semestre, o que teria impacto negativo no mercado financeiro. Os investidores atrelaram o timing da reforma à expectativa de queda de juros.
…que eu vou varrendo Os integrantes de PT e PC do B, por exemplo, consideram principalmente a insatisfação de deputados de centro com a capacidade do governo de liberar as emendas prometidas.
Vai ter luta Em reposta à investida da Polícia Federal contra Glenn Greenwald, partidos de oposição preparam representação à Procuradoria-Geral da República. Na peça, vão pedir que o órgão “garanta a liberdade de imprensa” e evite que jornalista seja “vítima de abuso de autoridade”, diz Marcelo Freixo (PSOL-RJ).
Vai ter luta 2 O texto é assinado por PDT, PSOL, PT, PC do B e PSB e deve ser protocolado na quinta (4). Os partidos não descartam outras medidas para tentar blindar o jornalista. Uma opção em estudo é o ingresso de ação no STF.
Vale a pena… O escritório de integridade acadêmica da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) concluiu relatório sobre o autoplágio cometido pelo agora ministro da Educação, Abraham Weintraub. Como revelou a Folha, ele publicou o mesmo artigo em dois periódicos diferentes.
…ler de novo Segundo o documento, a conduta “não é adequada e contraria as boas práticas de pesquisa científica”. O relatório é uma resposta a requerimento do deputado Alexandre Padilha (PT-SP).
Anos dourados O deputado Pedro Paulo (DEM-RJ) se reúne nesta quinta com técnicos da equipe econômica para começar a discutir proposta de emenda constitucional que crie gatilhos para evitar que o governo corra risco de quebrar a regra de ouro –norma que proíbe tomada de empréstimos para quitar despesas do dia a dia.
Anos dourados 2 O intuito é expandir a metodologia para as demais regras fiscais, acionando gatilhos de contenção de despesas que corrijam a rota antes que a crise se instale.
Visita à Folha A presidente da Indeov, Camila Teixeira, visitou a Folha nesta quarta-feira (3). Estava acompanhada de Carolina Nocetti, médica e consultora técnica em terapia canabinoide, e Fernanda Dabori, assessora de imprensa.
TIROTEIO
Interesses de algumas corporações não podem prevalecer sobre os de todos os brasileiros. Seria um retrocesso!
Do deputado Vinicius Poit (Novo-SP) sobre Bolsonaro ter articulado mudanças no texto da Previdência para atender forças de segurança