Desconfiança contamina Congresso e oposição age para adiar Previdência

Quem pisca primeiro? Tanto a desconfiança da capacidade do governo Bolsonaro de honrar compromissos que assumiu com líderes de partidos quanto a série de ataques do clã presidencial à cúpula do Congresso azedaram o clima pró-reforma da Previdência. Dirigentes de siglas dizem que ainda há votos para aprovar a proposta, mas não descartam jogar a discussão no plenário para o próximo semestre. A mudança de humores deu brecha à oposição, que tenta adiar a análise na comissão especial por cinco sessões.

Se poupe A inclusão de estados e municípios no texto da reforma da Previdência ainda na comissão especial foi descartada por dirigentes partidários. O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), que trabalhou muito para reverter a situação, foi avisado de que o esforço seria em vão.

Faça você mesmo A única alternativa, agora, é tentar, durante a votação do texto no plenário, ou seja, na última etapa da tramitação na Casa, incluir uma emenda que preveja a adoção das regras mediante aprovação de mensagem dos governadores ou dos prefeitos pelos legislativos locais.

E os russos? O clima de desconfiança que se instalou no Congresso nesta quarta (26) caiu na conta do ministro Onyx Lorenzoni (Casa Civil) e da líder do governo no Congresso, Joice Hasselmann (PSL-SP). Aliados do Planalto dizem que os dois alinhavaram acordo para a liberação de verbas a deputados sem antes avisarem os ministérios.

SOS O general Luiz Eduardo Ramos, que vai assumir a Secretaria de Governo, foi acionado por integrantes do PSL para tentar organizar os repasses. Formalmente, ele ainda não tomou posse. O acordo entre Onyx e os partidos foi revelado pelo Painel na última quinta-feira (20).

Ninguém é de ferro Os ataques disparados por bolsonaristas nas redes sociais começaram a preocupar familiares dos presidentes da Câmara e do Senado. Aliados de Rodrigo Maia dizem que, mais de uma vez, seus entes mais próximos manifestaram alarde com o nível das mensagens.

Brasil acima de tudo A crise política fez o governador Flávio Dino (PC do B-MA) e o ex-presidente José Sarney (MDB), adversários políticos figadais no Maranhão, conversarem. Em uma análise, o emedebista disse ver muito conflito e poucas pessoas dispostas a acalmar o ambiente. “O país está no labirinto”, concluiu.

Gato escaldado A descoberta de que um militar usou um voo da FAB para traficar 39 kg de cocaína para a Europa fez aliados do presidente da Câmara o aconselharem a revisar procedimentos para o embarque em seus voos.

Vai como quer Os relatos são de que, na base aérea de Brasília, a inspeção é praticamente zero. Ninguém é revistado, nenhuma mala é inspecionada e nem submetida a raio-x.

Torcida organizada Parlamentares de centro e centro-direita apostam em grande mobilização pró-Sergio Moro e Lava Jato no domingo (30). O engajamento de grupos como o MBL e o Vem Pra Rua, calculam, pode fazer este ato superar o anterior, de 26 de maio.

Questão de honra O PT começa a discutir o cenário para as eleições municipais no dia 1º de julho. Dois dos principais nomes do partido, Gleisi Hoffmann, presidente da sigla, e Fernando Haddad, que concorreu ao Planalto em 2018, defendem que a legenda tenha candidato próprio em SP.

Dividir para conquistar Na primeira bateria de conversas, os petistas vão falar sobre seis estados, entre eles Rio Grande do Sul e Rio. Se há disposição de defender quadro próprio em SP, há também a intenção de avaliar com carinho aliança em torno de nomes como Manuela d’Ávila (PC do B-RS) e Marcelo Freixo (PSOL-RJ).

Olha aí A bancada do PT na Assembleia de São Paulo vai pedir que o Ministério Público apure o uso de verbas destinadas à educação para o pagamento de aposentados na gestão João Doria (PSDB).

Aqui tem Com o Ministério da Educação sob ataque pelo corte de verbas para pesquisadores, a Fundação de Amparo à Pesquisa de São Paulo, ligada à Secretaria de Desenvolvimento Econômico, lança edital para destinar R$ 100 milhões a estudos sobre saúde, educação, segurança, agricultura e tecnologia.


TIROTEIO

O STF deveria agir para pacificar, não colocar o povo em estado de alerta. Mas venceu o bom senso, e Lula continua preso

Da deputada Bia Kicis (PSL-DF), sobre julgamento em que a Segunda Turma do Supremo rejeitou a soltura imediata do ex-presidente