PT é orientado a não tratar oitiva de Moro como plebiscito sobre Lula

Cada dia com sua agonia Diante dos esforços de aliados para blindar Sergio Moro (Justiça) na audiência no Senado na qual ele vai falar do vazamento de conversas com procuradores da Lava Jato, o PT busca estratégia para enfrentar o ministro. Quem acompanha as conversas diz que as assessorias da sigla na Câmara e no Senado estão mobilizadas para encontrar o melhor caminho. A indicação, até agora, é a de que os integrantes da legenda evitem fulanizar a discussão a ponto de transformá-la em um plebiscito sobre Lula.

Alhos e bugalhos O entendimento que se impôs é o de que nem todos os senadores que se incomodaram com o teor das conversas reveladas pelo The Intercept Brasil entre Moro e procuradores da Lava Jato são a favor de mudanças no caso que levou Lula à prisão –por isso seria improdutivo partir daí.

Olhai além A pregação pela libertação do ex-presidente divide até parlamentares do campo progressista. Diante dessa constatação, o partido foi aconselhado a tratar as dúvidas sobre a atuação de Moro a partir de prisma mais amplo.

O que cativas Para a assessoria do PT, Moro deve ser apresentado como protagonista de decisões que deram fôlego ao discurso da antipolítica, cujo produto final foi a eleição de Jair Bolsonaro. Nesse cenário, o ingresso do ex-juiz no Ministério da Justiça deve ser explorado.

Rebote A pressão que emerge das redes sociais em consonância com o discurso do ministro Paulo Guedes (Economia), pelo endosso da proposta de reforma da Previdência entregue por ele, não teve guarida na Câmara.

Corpo fechado “A comissão até está blindada. Só quem não gostou da proposta que fizemos foi o Guedes”, diz o presidente da comissão especial que analisa o tema, Marcelo Ramos (PL-AM).

Chapa quente “Guedes precisa saber que está numa democracia. A experiência dele de vida pública foi na ditadura do Pinochet. O Parlamento tem tanta legitimidade quanto o presidente, representa também as minorias. O texto foi bem recebido pelo mercado, pelos investidores. Seguiremos”, finaliza Ramos.

Canto da sereia Até entre colaboradores do Ministério da Economia há o temor de que o ministro tenha se apaixonado pelo eco das redes, colocando em risco apoio que havia agregado no Congresso.

Só dê tiro certo A declaração do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), que chamou de “covardia sem precedentes” a demissão de Joaquim Levy do BNDES dividiu o DEM. Integrantes da sigla acham que ele não precisava ter se exposto para defender um quadro que não era querido por ninguém.

Nunca diga nunca A versão da equipe econômica para a escolha de Gustavo Montezano para o BNDES é a de que, “pela primeira vez”, o BNDES terá um banqueiro no comando. “Guido Mantega, Carlos Lessa, Luciano Coutinho, nenhum deles era banqueiro”, disse um auxiliar de Paulo Guedes, mencionando nomes da era PT.

Nunca diga nunca 2 Ele esqueceu, porém, que Maria Silvia Bastos Marques, que comandou o Goldman Sachs, Persio Arida, que foi sócio do BTG, e Francisco Gros, que começou em Wall Street, também passaram pela cúpula do banco estatal.

Padrinho mágico Vindo da área bancária, Gustavo Montezano era um executivo discreto. A principal referência mencionada por colegas do setor foi o trabalho ao lado de Salim Mattar, na Secretaria de Desestatização. Para a equipe de Guedes, Montezano pode fazer uma dobradinha com o ex-chefe e fazer andar a agenda de privatizações.

Agora vai? Publicitários acreditam que a saída do general Santos Cruz da Secretaria de Governo abrirá as torneiras do governo Bolsonaro à mídia tradicional. O agora ex-ministro travou muitas batalhas para conter gastos com comunicação, desagradando inclusive a equipe econômica, que queria bombar propagandas pela reforma da Previdência.

Visita à Folha O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) visitou a Folha nesta segunda (17), onde foi recebido para um café. Estava acompanhado de Myrian Pereira, assessora de comunicação.


TIROTEIO

Com a pseudoforça que ganhou nos atos, Bolsonaro faz mudanças entre os que foram seus aliados de primeira hora

Do deputado Júlio Delgado (PSB-MG), sobre o presidente ter rifado Joaquim Levy do BNDES em praça pública no fim de semana