Doria muda tom, não rebate críticas e diz que momento é de paz pela Previdência
Navegar é preciso Criticado por setores do Congresso pela pressão que vinha fazendo para manter estados e municípios na reforma da Previdência, João Doria (PSDB) ergueu bandeira branca, às vésperas da apresentação do relatório. “Não é hora de polemizar. É hora de paz. Vou trabalhar e pedir votos pela proposta, mas sem atritos”, disse ao Painel. A nova atitude do governador de São Paulo está atrelada a uma tentativa de compor com parlamentares, chegando a um termo que atenda a gregos e troianos.
Minha parte Doria não vê o aceno a um cessar-fogo como recuo. “É possível compor sendo firme. O gesto é pelo bem do Brasil. Já há pressão demais no ambiente e o momento não é disso. É preciso entendimento”, disse.
Faca no pescoço A fala do governador de SP vem no esteio de uma série de pronunciamentos de Jair Bolsonaro sobre o Congresso. O presidente tenta acelerar a votação de projeto que abre crédito de R$ 248 bilhões para o governo dizendo que, se o Parlamento não aprovar a medida, terá de parar de pagar aposentadorias e Bolsa Família.
Arremate Há, nos bastidores, forte trabalho para abrir caminho a um entendimento na Previdência. A equipe econômica sinalizou que pode apoiar a retirada de mudanças nas aposentadorias rural e assistencial, o chamado BPC, do texto. Isso é uma demandas de governadores do Nordeste e de partidos de centro e centro-direita.
Joga para frente Outra possibilidade aventada é a de separar a discussão da reforma do projeto de criação de um sistema de capitalização. Segundo informação repassada a governadores do Norte e Nordeste, o novo regime de poupança obrigatória poderia ser analisado depois, em uma proposta de emenda constitucional, garantindo alentada discussão sobre o tema.
Prelúdio Na véspera do encontro do Fórum de Governadores, marcado para terça (11), Doria janta com os presidentes da Câmara, Rodrigo Maia , e do Senado, Davi Alcolumbre, ao lado de outros nove parlamentares, entre eles o relator da reforma da Previdência, Samuel Moreira (PSDB-SP).
Pescador de homens O Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos vai levar seus filiados às ruas do centro de São Paulo, na quarta (12), para alardear a convocação da greve geral marcada para sexta (14).
Dia de caça As reportagens do The Intercept Brasil com bastidores da Lava Jato caíram como uma bomba em Brasília. Na véspera, ministros do STF souberam que haveria um “Wikileaks de Curitiba”, mas sem pistas do potencial das revelações. A aposta é de ampla repercussão internacional.
Por um fio Membros do Supremo dizem que o conteúdo das revelações é forte e abre margem para questionar a atuação de Sergio Moro como juiz. Um pedido de suspeição do hoje titular do Ministério da Justiça foi rejeitado por Edson Fachin, mas segue sob análise da Segunda Turma. Dormita nas mãos de Gilmar Mendes, que pediu vista.
Me dê motivos Integrantes do Judiciário dizem que, hoje, as chances de uma indicação de Moro ao STF vingar são próximas de zero. A indisposição de parte da corte com o titular da Justiça é evidente.
Diga que valeu Durante o périplo de Paulo Guedes (Economia) pelo STF, na semana passada, um ministro disse a ele que, “se o governo acabar amanhã, vocês já prestaram um grande serviço para o Brasil”. Concluiu explicando que se referia ao fato de Bolsonaro ter feito Moro largar a magistratura para atuar na política.
Cajadada só Advogados do grupo Prerrogativas vão à OAB para que a entidade peça que a PGR determine o desmonte da Lava Jato, e que o CNJ transforme a aposentadoria de Moro em demissão, para que o ex-juiz perca o direito a vencimentos da magistratura.
De cada vez O Ministério da Economia deu mais um passo na elaboração do projeto que prevê ofertar terrenos públicos por meio de editais para possibilitar a reforma e venda de imóveis mais baratos, como uma alternativa ao Minha Casa, Minha Vida.
Todo ouvidos O governo levou a ideia à Câmara Brasileira da Indústria da Construção, que ficou de sugerir ajustes.
TIROTEIO
É a prova do que sempre denunciamos: juiz e procuradores atuaram combinados, com parcialidade e motivações políticas
Da deputada Gleisi Hoffmann (PR), presidente nacional do PT, sobre as reportagens do The Intercept Brasil com bastidores da Lava Jato