Partidos veem aceno do presidente à radicalização; bolsonarista fala em ‘fechar Congresso’

O rei está nu O texto distribuído por Jair Bolsonaro a aliados foi lido por dirigentes de partidos como um sinal de que o presidente acenou à radicalização para voltar a comandar a cena política. A mensagem foi interpretada como uma tentativa de incendiar convocatória que circula nas redes bolsonaristas para ato em defesa dele, contra o Congresso e o Supremo, dia 26. Em áudio que chegou ao Planalto, um caminhoneiro fala em mostrar força à Câmara, ao Senado e “àqueles 11 togados de merda”.

Deep web Bolsonaro compartilhou uma espécie de artigo, intitulado “texto apavorante”, que dissemina a tese de que o “sistema” se uniu para não deixá-lo governar. Ele o fez após receber informações de que as convocações para ato em sua defesa estavam ganhando corpo. Assim como na campanha, o principal vetor da mobilização é o WhatsApp.

Deep web 2 O presidente foi abastecido por aliados com as mensagens que estavam circulando. Em um áudio, um caminhoneiro diz ter se dado conta de que “a parte podre do Congresso —Câmara e Senado—, mais o STF com o apoio da Rede Globo, estão se unindo para tentar derrubar o capitão”. “E a gente não vai deixar”, ele conclui.

Deep web 3 “O povo vai se levantar em favor do presidente para dar a ele salvo-conduto para fazer o que for necessário. (…) Nem que seja para fechar esse Congresso maldito e interditar esse STF”, diz o caminhoneiro. O texto compartilhado por Bolsonaro, endossa, de forma menos virulenta, a tese de uma conspiração.

Fale só Presidentes de siglas orientaram suas bancadas a não reagirem institucionalmente ao artigo divulgado por Bolsonaro para não dar vazão à teoria conspiratória que ele, agora pessoalmente, alimenta.

Lamento Militares que não atuam no Planalto viram com preocupação a escalada dos fatos desta sexta (17). Dizem que o momento era de somar esforços, não de dividir.

Estrilou Pessoas próximas à família atribuem os últimos gestos do presidente ao combo de derrotas no Congresso e ofensiva do Ministério Público sobre Flávio Bolsonaro. A devassa nas contas do filho, com implicações para outros integrantes do clã, o abalou.

Jogada ensaiada A operação montada na comissão especial da Câmara para elaborar um texto alternativo de reforma da Previdência não ocorrerá à revelia do ministro Paulo Guedes (Economia).

A garantia sou eu Parlamentares trabalham com a orientação de preservar a meta de economia de R$ 1 trilhão e de não atrasar o cronograma de votação acordado com o ministro. Marcelo Ramos (PR-AM), presidente do colegiado, e Rodrigo Maia (DEM-RJ), comandante da Câmara, são avalistas desses termos.

Efeito colateral Foi na esteira da polêmica mensagem divulgada por Bolsonaro que Maia cristalizou o plano de dar ao Parlamento uma agenda paralela à do governo, centrada na economia. Ele espera amarrar estratégia com o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP).

Bom enquanto durou O apresentador José Luiz Datena protocolou no início desta semana pedido de desfiliação do DEM, agremiação a que aderiu no ano passado, quando ensaiou ser candidato ao Senado.

Timing Datena formalizou o pedido para deixar a sigla em meio a conversas com o PSL e outras legendas sobre a possibilidade de concorrer à Prefeitura de SP no ano que vem.

Não tão cedo O fato de o apresentador ter topado conversar sobre o assunto ouriçou ala do partido de Bolsonaro. Por isso, Datena faz questão de frisar que 1) não decidiu se quer concorrer; 2) não se filiou ao PSL; 3) a sigla não é a única com quem tem conversado.

Querer é poder Sobre o reboliço que o flerte com a prefeitura causou, o apresentador diz: “O meio político parece ter medo da minha entrada. Talvez porque minha candidatura tenha chance razoável”.


TIROTEIO

Paulo Guedes prometeu um programa que era céu de brigadeiro e não está entregando, daí a decepção dos últimos dias

Do economista Luiz Carlos Mendonça de Barros, sobre a desvalorização da Bolsa e a alta do dólar ocorridas nesta semana