Primeiro grande protesto na gestão Bolsonaro é empacotado como ato em defesa da educação para ampliar adesão

Adição e multiplicação Organizadores dos protestos marcados para o dia 15 em todo o país mudaram o mote do chamado para tentar ampliar a adesão. Antes centrado nos professores e na crítica à reforma da Previdência, ele foi adaptado para reclamar do corte de verbas de universidades e institutos federais e, por fim, empacotado como resposta aos “ataques à educação”. Com isso, estudantes, redes estaduais e municipais, algumas instituições privadas e até diretórios acadêmicos liberais confirmaram presença.

Dois e dois são muitos Primeiro, os professores chamaram greve geral contra mudanças na aposentadoria. Após o anúncio dos cortes, só na última semana estudantes de ao menos 14 universidades federais decidiram se somar às marchas.

De olhos bem abertos A oposição ao presidente Jair Bolsonaro monitora desde a semana passada a aderência dos chamados de professores e alunos e, na sexta (10), classificou a movimentação como “promissora”, mas insuficiente para “mudar a conjuntura“. “Para isso, só se tiver continuidade”, explicou deputado do PC do B.

Escola sem partido A greve uniu líderes estudantis que são de lados ideologicamente opostos. O DCE (Diretório Central dos Estudantes) da UnB (Universidade de Brasília), por exemplo, que se define como liberal e não é alinhado à UNE, vai se somar aos atos do dia 15.

Rede de solidariedade O presidente do Sindicato dos Profissionais em Educação no Ensino Municipal de SP, Cláudio Fonseca, diz que 70% da rede vai aderir –principalmente aos atos na avenida Paulista.

Corda esticada O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), foi aconselhado a não derrubar de uma vez todo o decreto de Jair Bolsonaro que facilitou o porte de armas. O número de excessos cometidos pelo presidente foi tão grande que aliados do democrata viram no texto “o primeiro teste que ele fez da resistência do Legislativo”.

Alvo Maia foi orientado a analisar a norma ponto a ponto para não criar atrito desnecessário com o grupo de bolsonaristas que é a favor da liberação do porte de armas. Por isso, ele já dizia na sexta (10) que ia buscar um acordo.

Devagar… A ofensiva puxada nas redes por Carlos Bolsonaro e pelo PSL contra a mudança do Coaf do Ministério da Justiça para o da Economia irritou deputados veteranos. Não há disposição de inverter a pauta para antecipar a votação da medida que reestrutura a Esplanada até quinta (16), quando Maia volta dos EUA.

…e sempre Na sexta (10), postagem em que o filho 02 atacou parlamentares circulou em grupos de WhatsApp de líderes do Congresso. “Não podemos deixá-los cuspir na nossa cara sempre! Cobremos!”, dizia Carlos na mensagem.

Libera geral Bolsonaro ficou profundamente irritado com a edição de norma que proibiu o uso de minissaia, regata e chinelo no Planalto. Em áudio a auxiliares, na sexta (10), o presidente avisou que queria ver o “responsável por essa anormalidade” em seu gabinete na segunda (13).

Eis-me aqui Rui Costa (PT), governador da Bahia, tem feito questão de contrapor seu estilo ao de Bolsonaro. Seja de maneira direta, como com o vídeo em que celebrou a diversidade de cores e de opções sexuais sob o mote “aqui é Bahia, aqui é respeito”, seja com ironia fina.

Eis-me aqui 2 Semana passada, ele postou foto no Museu de História Natural de NY –local que barrou homenagem ao presidente. Rui se referiu à cidade americana como um lugar que “respeita a diversidade, como o nosso estado”.

Meu lugar ao sol Em ato com prefeitos, na quarta (8), o governador João Doria (PSDB-SP) literalmente marcou posição antes de discursar. Pediu que movessem o púlpito da lateral para o meio. “Nosso governo é de centro, não é de direita e nem de esquerda.” O tucano, aos poucos, se distancia do estilo do presidente.


TIROTEIO

O estelionato regimental que o governador João Doria propõe é como liquidação de loja: pague uma e leve seis

Do deputado estadual Campos Machado (PTB-SP), que quer projetos separados para cada estatal que o governo quer fundir ou extinguir