Ataque de Olavo a militares faz aliados de Bolsonaro falarem em ‘situação limite’ e pedirem ‘pragmatismo’

Perto do ponto sem retorno O uso de um canal do presidente para a divulgação de ataques de Olavo de Carvalho a militares –só no primeiro escalão há oito fardados– fez aliados moderados de Jair Bolsonaro no Congresso e no Planalto reconhecerem que as intervenções do guru chegaram a uma situação limite. Para eles, não há solução de curto prazo para a disputa entre olavistas e integrantes das Forças. Mas o tom é de apelo por pacificação e pragmatismo, sob risco de contaminação total da agenda do governo.

Ferro em seda Os mais próximos de Bolsonaro evitam tomar lado na disputa, vista como especialmente delicada para o presidente por opor ministros muito leais, como os generais Santos Cruz (Secretaria de Governo) e Augusto Heleno (GSI), e o filho Carlos Bolsonaro, que tem enviado recados a militares e afagos a Olavo desde a transição.

Palavra tem poder Aliados de Carlos dizem que os militares cobraram já no domingo (21) uma declaração de Bolsonaro contra o vídeo postado em seu canal no YouTube. Na polêmica peça, Olavo dizia que as Forças só fizeram “cagada” e que o presidente está cercado “de filhos da puta”.

Morno Bolsonaro optou por tirar o vídeo discretamente e tentou se equilibrar entre os ministros, a família e o guru, condenando nesta segunda (22), em nota, os termos usados por Olavo, mas salientado o patriotismo do escritor.

Pisando em ovos A questão entre o presidente e seu vice, Hamilton Mourão, é diferente. Há, de fato, um desconforto com o protagonismo que o contraponto a falas de Bolsonaro deu ao general. O problema é tão evidente que se tornou alvo de preocupação entre o time e amigos do militar.

Incendiário Olavo de Carvalho divide o PSL. Os mais próximos ao escritor, se recolheram. Os críticos foram à forra. O líder do partido na Câmara, Delegado Waldir (GO), o chamou de “Nero do Brasil”.

Faz parte do show A ala do governo ligada ao escritor diz que, além do receio de uma tutela excessiva dos militares, há preocupação com o que olavistas chamam de falta de traquejo político dos generais, que se esquivam de apontar “diferenças entre esquerda e direita”, tipo de discussão que agradaria à base de Bolsonaro.

Tranquilo e favorável? Líderes de partidos de centro e centro-direita dizem que, mantidos os termos já firmados com a equipe econômica, a votação da reforma da Previdência na Comissão de Constituição e Justiça, nesta terça (23), deve ocorrer em relativa tranquilidade. O governo prevê cerca de 40 votos.

Sem descanso O secretário do Ministério da Economia que toca a reforma, Rogério Marinho, enviou no fim de semana a líderes do Congresso uma minuta com as modificações que deve acatar. A tentativa de rever a idade de aposentadoria compulsória –que poderia inclusive afetar a composição do STF– estará entre os trechos suprimidos.

Sem descanso 2 Apesar dos acenos do centro à equipe econômica, a oposição vai trabalhar duro para ganhar tempo, dentro e fora do Congresso. O PSOL vai apresentar requerimentos solicitando já os estudos que dão base à reforma. Haverá ainda um mandado de segurança conjunto a ser remetido ao Supremo.

Nova chance O Tribunal de Justiça de SP analisa nesta quarta (24) recurso em que o ex-presidente Lula busca reparação de Delcídio do Amaral por danos morais. No primeiro grau, a ação foi julgada improcedente. De lá para cá, Lula foi absolvido de acusações feitas pelo ex-petista.

Visita à Folha Marcelo Felipe Kheirallah, presidente voluntário do Conselho de Administração da AACD, visitou a Folha nesta segunda-feira (22). Estava acompanhado de Valdesir Galvan, superintendente-geral; Alice Rosa Ramos, superintendente clínica; Edson Brito, superintendente de Marketing e Relações Institucionais; Rafael Vergueiro, coordenador de Marketing; e Everton Vasconcelos, assessor de imprensa.


TIROTEIO

A reforma anterior previa R$ 600 bi em 10 anos. Pela lógica, a atual, semelhante, não alcançaria R$ 1,1 tri. Tem conta errada

De Arthur Maia (DEM-BA), sobre a economia prevista pela equipe do ministro Paulo Guedes com as novas regras de aposentadoria