Com governo em crise, DEM se oferece para assumir articulação da base no Congresso
Intervenção branca Com o governo exibindo forte dificuldade de articulação, o DEM, partido que elegeu Rodrigo Maia (RJ) presidente da Câmara e Davi Alcolumbre comandante do Senado, propôs ao Planalto que entregue a tarefa de organizar a base no Congresso a esses dois quadros. A oferta foi feita à Casa Civil num jantar, nesta segunda (18), com um aviso: Maia e Alcolumbre só topam a empreitada se tiverem “instrumentos” para entregar aos parlamentares o que for acordado para votar com o presidente.
Areia movediça A tese de delegar à cúpula do DEM a formação de uma maioria parlamentar ganhou força nos últimos dias, com os sucessivos desgastes e, mais ainda nesta terça (19), com a imposição da primeira derrota do governo na Câmara.
Preto no branco O porta-voz da proposta do partido disse que Maia e Alcolumbre só atuarão se o governo estabelecer critérios claros para a negociação com deputados e senadores. Se o Planalto, por exemplo, estiver disposto a só aceitar indicações de nomes técnicos para cargos nos estados, ok. Mas precisa entregar o que promete.
Caneta sem tinta Um líder do centrão diz que é impossível negociar com Onyx Lorenzoni (Casa Civil). O ministro ouve as demandas mas sempre diz que não tem autonomia para garantir o atendimento por parte do governo.
Na corda bamba A atuação do líder do governo na Câmara, Major Vitor Hugo (PSL-GO), voltou a ser alvo de forte ofensiva.
Na corda bamba 2 Dirigentes partidários demonstram que, assim como a derrubada do decreto que facilitava o sigilo de documentos públicos, a queda de Hugo está dentro do pacote de sinais de descontentamento que o Parlamento quer mandar a Jair Bolsonaro.
Aperitivo A derrubada do decreto foi articulada pelo chamado “grupo dos dez”, formado por líderes das principais bancadas. O acerto foi fechado na casa do presidente da Câmara, na manhã desta terça.
Exceção que é a regra Única jogada do Planalto bem recebida no Congresso até agora, a indicação de Fernando Bezerra (MDB-PE) para o posto de líder do governo foi articulada por Alcolumbre.
Diluído Líderes de siglas com assento no Congresso discutem o que fazer com as medidas do pacote anticrime de Sergio Moro (Justiça). A tese que conquistou mais apoio até agora prega apensar os projetos do ex-juiz a outros que já tramitam sobre os temas.
Quem entende Depois, as mudanças pregadas por Moro seriam submetidas à junta de juristas que, no ano passado, apresentou sugestões para endurecer a legislação penal.
Faca e queijo A prisão do presidente da CNI, Robson Andrade, nesta terça (19), deve acelerar a intervenção do governo nos recursos do Sistema S. O Ministério da Economia prepara projeto que designa à Secretaria de Produtividade a supervisão do orçamento dessas entidades.
Gregos e troianos O ministro Paulo Guedes (Economia) vai iniciar a pregação pela reforma da Previdência nesta quinta (20), dia seguinte à entrega da proposta à Câmara. Ele desembarca em SP para reunião com centrais sindicais, agentes do mercado financeiro e membros da FIESP.
Recibo Após a divulgação na Veja dos áudios de conversas de Bolsonaro com o agora ex-ministro Gustavo Bebianno, parlamentares simpáticos ao presidente disseram que ele pareceu inseguro, disputando poder com um auxiliar. E que transformou em crise algo que não merecia “nem sequer 2 minutos de atenção”.
Afasta de mim A saída de Aloysio Nunes (PSDB-SP) do governo paulista evidencia a tentativa de João Doria de estabelecer um cordão sanitário e blindar sua gestão do polêmico Paulo Preto –preso nesta terça pela Lava Jato. A expectativa é a de que o ex-governador do ES Paulo Hartung assuma o comando da InvesteSP no lugar de Aloysio.
TIROTEIO
Nem dois meses de governo e um ex-ministro provou que o presidente mentiu. Como o povo poderá confiar nele?
Do deputado Alessandro Molon (PSB-RJ), sobre a divulgação de áudios que contraditam versão de Bolsonaro sobre a crise Bebianno