Regra de transição será prioridade de ofensiva publicitária da nova Previdência

Vamos por partes Uma das principais preocupações da equipe de Paulo Guedes (Economia) é conseguir explicar de maneira eficaz o que é e como vai funcionar a transição na reforma da Previdência. O time que trabalha na campanha publicitária das novas regras de aposentadoria desenvolve peças específicas para ressaltar que, se aprovada, a idade mínima não vai valer de imediato. O grupo avalia que Michel Temer falhou ao explicar este ponto quando apresentou sua proposta, o que fortaleceu a oposição.

A quem de direito O esforço para ressaltar a regra de transição vai servir, inclusive, para exaltar a acomodação política feita para agradar tanto ao presidente como ao ministro da Economia, como mostrou o Painel nesta quinta (14).

A quem de direito 2 Os técnicos já apostavam na viabilidade da proposta vencedora porque ela atende ao que pregava Bolsonaro (a idade mínima das mulheres será de 57 anos e a de homens de 62 ao fim deste mandato), mas também agrada a Guedes (no fim da transição, em 2031, o piso será de 65 para eles e 62 para elas).

Tenho dito Líderes de partidos alinhados ao Planalto fizeram chegar à equipe de Guedes que, caso a proposta de reforma da Previdência mexa na aposentadoria rural, os deputados vão votar contra o governo.

Nem vem Com o aval de Rodrigo Maia (DEM-RJ), caciques das principais bancadas na Câmara fizeram um acordo tácito no início da semana para barrar qualquer modificação no regime dos trabalhadores do campo.

Pano para manga A tensão inaugurada pelo vazamento do relatório da Receita Federal sobre o ministro Gilmar Mendes, do STF, pode se estender para além do desconforto entre o Supremo e o governo. Líderes de partidos do centrão ventilam a hipótese de chamar Paulo Guedes ao Congresso para explicar o episódio.

Quem mandou? Esses parlamentares lembram que a Receita inaugurou um grupo de trabalho para monitorar cerca de 800 autoridades. Eles atribuem a esse núcleo a produção do documento sobre Mendes e acreditam que relatórios semelhantes ao do ministro foram elaborados sobre mais de 100 pessoas públicas. Querem saber o motivo.

De mal… Não arrefeceu a cizânia inaugurada no governo pelo embate entre Carlos Bolsonaro e Gustavo Bebianno (Secretaria-Geral da Presidência).

… a pior O presidente, que endossou os ataques de seu filho ao outrora aliado, indicou a pessoas próximas que sua bronca com Bebianno vai além das denúncias que já pairam sobre seu partido, o PSL. No Congresso, ala da sigla que torce o nariz para o ministro diz que a permanência dele soará como fruto de chantagem.

E os seus? Declarações dadas por Bebianno ao longo desta quinta (14) ajudaram a manter o assunto em fogo alto. Ele disse à Crusoé, sem citar nomes, que pessoas que “foram eleitas agora” também estão sob investigação. A fala foi decodificada como um petardo direcionado a Flávio Bolsonaro.

A união… As Defensorias Públicas do Rio e de São Paulo se somaram a entidades que representam advogados para lançar, nesta sexta (15), manifesto contra o pacote anticrime de Sergio Moro (Justiça).

… faz a força? O documento diz que as propostas do ministro carecem de embasamento teórico e de discussão com a sociedade e a academia. O texto também critica a “inconstitucionalidade da prisão em segunda instância” e o endurecimento da execução de penas.

Juntos chegaremos lá Criticado pela inexperiência, o líder do governo na Câmara, Major Vitor Hugo (PSL-GO), está disposto a agregar até 15 vice-líderes de partidos da base ao seu time para ampliar o apoio ao seu trabalho.

Visita à Folha Javier Piñol, diretor de estúdios para a América Latina e a Península Ibérica do Spotify, visitou a Folha nesta quinta (14), onde foi recebido em almoço, a convite do jornal.


TIROTEIO

É impossível um presidente de partido monitorar todos os candidatos. Expor o ministro dessa forma é falta de bom senso

Do deputado Marcos Pereira (SP), presidente do PRB, sobre o desgaste imposto ao governo após o embate em torno de Gustavo Bebianno