80% dos juízes apoiam prisão em segunda instância, diz pesquisa da AMB

Veredito colegiado A prisão após condenação em segunda instância tem o apoio de 80% dos juízes do país. O tema –que será discutido pelo STF em abril e está no pacote anticrime de Sergio Moro (Justiça)— foi alvo de pesquisa realizada pela Associação dos Magistrados Brasileiros. A entidade ouviu 4.000 membros da classe, entre os quais ministros de tribunais superiores e do próprio Supremo. O “plea bargain”, sistema que também é defendido por Moro, é aceito por 92,2% dos magistrados de segundo grau.

Diante dos meus olhos Na primeira instância, a adesão ao “plea bargain” –sistema que prevê redução da pena em caso de confissão de culpa– chega a 89%. Os magistrados de primeiro e de segundo grau que apoiam a iniciativa condicionam sua vigência à participação do Judiciário nas negociações.

Às claras O raio-x da classe está no estudo “Quem somos. A magistratura que queremos”, coordenado pelo ministro do STJ Luis Felipe Salomão e pela vice-presidente institucional da AMB, Renata Gil. A pesquisa completa será divulgada nesta segunda (11).

Mãos dadas A celeridade dos julgamentos aparece como a principal preocupação de 70% dos juízes. A maioria defende que, em casos de crimes graves, as decisões sejam tomadas por um colegiado.

Ao meio A magistratura está dividida quanto às audiências de custódia, em que se avalia a legalidade da prisão em flagrante. Metade dos juízes é a favor; os outros 50% são contra.

Conectados A pesquisa indica que 80% dos juízes usam redes sociais. A maioria (60%) é católica. O espiritismo é a segunda religião com mais adeptos na magistratura (14%).

Abre a gaveta O DEM está levantando propostas do pacote anticrime de Sergio Moro (Justiça) que já tramitam na Câmara. O partido resgatou, por exemplo, uma PEC que estabelece a prisão em segunda instância, apresentada pelo agora ministro Onyx Lorenzoni (Casa Civil) no ano passado.

Compartilhe Para a sigla, o tema deve ser debatido como emenda à Constituição, e não projeto de lei. O líder Elmar Nascimento (DEM-BA) vai levar o material a Moro e sugerir que o ministro abrace os projetos que existem na Casa.

Pé na estrada O PT vai retomar caravanas pelo país para tentar dar força à oposição ao governo Jair Bolsonaro e ampliar a campanha pela liberdade do ex-presidente Lula. O debate da reforma da Previdência é prioridade. As viagens serão conduzidas por Fernando Haddad, que desembarca no Ceará no fim de semana.

Pé na estrada 2 Dirigentes petistas dizem que o partido precisa voltar a mobilizar o país. Para isso, é necessário retomar as conversas não só com sua base, mas também com os 47 milhões de eleitores que votaram em Haddad no segundo turno da disputa presidencial.

Molde personalizado O formato das caravanas de Haddad será diferente do das conduzidas por Lula em 2017. A ideia é que, além de comandar atos públicos, o ex-prefeito de São Paulo participe de eventos fechados e dê entrevistas para a imprensa local.

Conflito na base A luta contra a reforma da Previdência tem causado apreensão entre dirigentes sindicais. Há um temor de que as principais centrais do país se dividam entre as que representam servidores públicos e as que reúnem empregados do setor privado.

Conflito na base 2 A divergência de interesses, avaliam os sindicalistas, pode rachar e enfraquecer o movimento contra as mudanças na aposentadoria. As centrais convocaram um ato unificado para o dia 20. Parte dos dirigentes já conta com possibilidade de divisão neste primeiro grande encontro.

Blindado O deputado novato Rodrigo Agostinho (PSB-SP) quer instituir o Programa Nacional de Proteção e Incentivo a Relatos de Suspeitas de Irregularidades, para garantir proteção a quem denunciar práticas corruptas de agentes públicos.


TIROTEIO

Política, palavra feminina, não tem gênero. É para todos, mas é incrível como a cultura machista inverte valores naturais

Da deputada Renata Abreu (SP), presidente do Podemos, sobre Luciano Bivar (PSL) ter dito à Folha que mulher não tem vocação para política