Rivais comemoram fala de Mourão e veem brecha para ataque enfático a Bolsonaro
Embrulhado para presente A crítica do general Hamilton Mourão ao 13º salário, ao adicional de férias e a pregação a favor da renegociação dos juros da dívida do governo abriram janela de oportunidade inédita até aqui para ataques à campanha de Jair Bolsonaro (PSL), avaliam estrategistas de rivais. O vídeo com a fala do vice do deputado sobre direitos trabalhistas será explorado na TV pelo potencial de impacto em eleitores que ganham até cinco salários mínimos. Já a tese sobre juros é mal vista pela elite do mercado.
Não mexa no bolso A cúpula da coligação de Geraldo Alckmin (PSDB) diz que Mourão escorregou ao falar de assunto muito sensível e que influencia todos os trabalhadores. Nem mesmo a rápida reação de Bolsonaro, avaliam esses políticos, pode ser suficiente para aplacar as dúvidas que serão estimuladas pelo vídeo com a palestra do general.
Conta e risco A nova intervenção sobre o vice tende a reforçar a ideia de que há problemas na chapa e forte desorganização na campanha, dizem adversários do deputado.
Conta e risco 2 Para os rivais, esse episódio, somado ao sumiço de Paulo Guedes, o “posto Ipiranga” do líder das pesquisas, pode plantar desconfianças e defecções em ala do empresariado que hoje apoia o candidato do PSL. Mas há dúvidas se haveria tempo para uma mudança significativa no cenário eleitoral.
Me dê motivo Assim como Alckmin e Ciro Gomes (PDT), Fernando Haddad (PT) também vai explorar a fala de Mourão. O sindicalismo reagiu rápido. Secretário-geral da Força, Juruna disse que o vice fez propaganda contra Bolsonaro de graça. “Se cobrasse cachê, eu pagaria!”
Vai que cola As campanhas de Alckmin e de Ciro se apressaram em veicular críticas à fala de Mourão para ver se os resultados da pesquisa Datafolha que será divulgada nesta sexta (28) já captam alguma reação do eleitorado.
Entendi certo? Operadores do mercado financeiro telefonaram a Henrique Meirelles, nesta quinta (26), para saber se o aceno que ele recebeu de Haddad no debate promovido pela Folha, em parceria com UOL e SBT, na quarta (26), era indicativo de parceria no segundo turno ou em eventual governo do petista.
Forasteiro Pesquisas qualitativas que chegaram à campanha do PT sobre o desempenho de Haddad no debate da Folha mostraram que o candidato ainda não passa espontaneidade ao eleitor. Mais: ele vai melhor nos grupos que testam a opinião de não petistas do que nos de simpatizantes do partido.
Na telinha Ciro Gomes gravou vídeos em que afirma que é preciso lutar contra o ódio e se apresenta como a antítese dos extremos. Nos filmes, menciona os nomes de Haddad e Bolsonaro. O material será distribuído nas redes sociais, mas a campanha estuda levá-lo à TV na próxima semana, a última antes da votação.
Mais um Depois de Alckmin e de Meirelles, a campanha de Ciro será a terceira a atacar diretamente a polarização PT x PSL. Além de se colocar como terceira via, ele fará gestos à população feminina na reta final da campanha.
Para elas O PDT programa um evento do candidato com mulheres para que ele apresente propostas de prevenção e combate a doenças, como câncer de mama.
Se poupe Integrantes da campanha de Bolsonaro divergem sobre a eventual participação dele no debate da Globo, dia 4 de outubro. Alguns dirigentes, como o presidente do PSL, Gustavo Bebianno, defendem que ele não vá ao evento.
Melhor prevenir Mesmo sem decisão tomada, integrantes da equipe do deputado foram a reuniões com organizadores do encontro na emissora, que teria colocado à disposição do presidenciável toda a estrutura necessária para que ele compareça.
Ele manda A palavra final será de Bolsonaro que, segundo apoiadores, já disse que gostaria de participar do debate.
TIROTEIO
Desde Aristóteles se sabe que a virtude está no meio, não nos extremos. Não vamos deixar o ‘nós contra eles’ se consolidar
Do deputado Marcus Pestana (PSDB-MG), que tenta articular pacto entre candidatos de centro contra a disputa Haddad x Bolsonaro