Advogados que fazem estratégia eleitoral de Lula também travam batalha e preocupam PT

Casa edificada sobre areia Não bastasse a peleja pública travada pelos advogados na esfera criminal, Lula terá que manejar nova disputa, agora entre defensores que atuam na eleitoral. Eugênio Aragão, ex-ministro da Justiça escalado para representar o petista no TSE, tem batido de frente com Luiz Fernando Pereira, o consultor do PT que sustenta que, mesmo condenado em segunda instância, o ex-presidente poderia disputar a eleição. A sigla teme que, preso, Lula vá para a batalha jurídica com o time em pé de guerra.

De quem chegar primeiro Lula já é alvo de uma ação no Tribunal Superior Eleitoral impetrada na semana passada pelo MBL. Quando Aragão, advogado constituído na corte, foi entregar a defesa, descobriu que Pereira já havia encaminhado uma peça ao tribunal.

Por direito O ex-ministro da Justiça se sentiu atropelado. A confusão chegou à cúpula do partido. Pereira foi levado ao PT por Gleisi Hoffmann, presidente da legenda, que agora está fora do país.

Querem um pedaço dele O partido está em agonia com as desavenças entre os advogados, já célebres pela troca de farpas entre Sepúlveda Pertence e Cristiano Zanin. O PT começa a achar que a briga de egos dos defensores deixará Lula como a maior vítima.

Pingos nos is Gleisi diz que tem pregado a potenciais aliados a tese de que se Lula for impedido de chegar às urnas, a eleição pode ser deslegitimada. Mas nega os relatos de que teria pregado boicote à disputa caso ele não seja candidato.

Tons de cinza Numa tentativa de alavancar a aliança com o centrão, o coordenador do plano econômico de Ciro Gomes (PDT), Mauro Benevides, encontra nesta terça (17) técnicos indicados pelo consórcio DEM, PP e Solidariedade.

Daí para baixo O bloco de partidos quer usar a reunião para ver se é possível chegar a um meio-termo nas propostas do pedetista. Ao menos uma já promete ser alvo de polêmica: Ciro estuda um limite para a dívida pública. O centrão torce o nariz para a ideia.

Vai ter luta Integrantes do DEM que são contra o apoio a Ciro dizem que, se o bloco fechar com o pedetista, vão tentar derrubar a decisão internamente. Dentro da sigla, acreditam, há espaço para recuo.

Tudo por você Geraldo Alckmin (PSDB) tenta convencer dirigentes do PSB a engrossarem as fileiras dos que defendem que o partido fique neutro nas eleições presidenciais. Ele chegou a dizer que os tucanos poderiam apoiar Renato Casagrande (PSB) na disputa pelo governo do ES para afastar a legenda de Ciro.

Quem dá mais O PDT, por sua vez, ofereceu ao PSB o apoio em diversos estados. Entre os quais, Distrito Federal, Espírito Santo, São Paulo e Sergipe. Ao DEM acenou com uma composição no Rio.

Lenha na fogueira Coordenador político da pré-campanha de Alckmin, o ex-governador Marconi Perillo (PSDB-GO) se reuniu com o presidente Michel Temer nesta segunda (16). A possibilidade de o Planalto retaliar o PP caso o partido decida apoiar Ciro foi tema do encontro.

Parece que o jogo virou O impasse nas alianças estaduais com o PSL de Jair Bolsonaro (RJ) fez a bancada do PR olhar com mais simpatia à possibilidade de aderir a Ciro Gomes. Hoje, dizem integrantes da legenda de Valdemar Costa Neto, seria possível construir maioria para fechar com o pedetista.

Muito caro Do lado de Bolsonaro, aliados dizem que ele sabe que seria importante fechar com o PR para ter mais 45 segundos de propaganda na TV, mas segue sem disposição de pagar o preço de abrir espaço à sigla de Valdemar nos estados.

Mais água no chope Com as negociações já travadas pela dificuldade de uma composição no Rio de Janeiro e em São Paulo, Valdemar disse a integrantes do PR que, se for para continuar a negociar com Bolsonaro, quer discutir também os palanques em Mato Grosso e no Distrito Federal.


TIROTEIO

É um jogo de estica e puxa. Pede mais, cede um pouco. O problema é que desta vez estão com a corda no pescoço

Do cientista político Carlos Melo, professor do Insper, sobre as negociações entre partidos para atrair apoios na eleição