Acuado por greve dos caminhoneiros, Temer procurou dirigentes de emissoras de TV
Diário de uma tormenta Há um mês, o governo Michel Temer se dobrava pela primeira vez ao movimento que levou ala expressiva do Planalto a recear sua queda. Era 23 de maio. Anunciava-se o congelamento do preço do diesel, e a greve dos caminhoneiros adquiria caráter de crise nacional. Dias depois, diante de noticiário estridente, o presidente procurou as grandes emissoras do país. Descreveu a gravidade do momento a representantes de Globo, SBT, Band e RedeTV!. O apelo por prudência estava implícito no gesto.
Árido Enquanto as negociações com os caminhoneiros naufragavam, o governo recebia dados cada vez mais alarmantes. Houve muita tensão quando o Planalto foi avisado de que havia risco de desabastecimento de água tratada porque, em algumas cidades, as cargas com insumos para a limpeza estavam presas nos bloqueios.
No escuro Havia também preocupação com a queda no fornecimento de eletricidade em ao menos dois estados da região Norte: Rondônia e Roraima. Nesses locais, as termelétricas são responsáveis por parte substancial da energia gerada —e as reversas de óleo estavam baixas.
Deus nos acuda O maior temor era o de que, sem luz ou água, houvesse revolta popular e ondas de saques e violência.
O que nos resta Após ceder os anéis e os dedos, o Planalto rachou o movimento. Eliseu Padilha (Casa Civil), que ficou à frente das negociações, ouviu elogios em forma de gracejo: “Você, que estava cabisbaixo, chegou a rejuvenescer. Vamos arrumar outra crise dessa”, disse um ministro.
Boas intenções Aliados de Aécio Neves (PSDB-MG) dizem que ele foi ao encontro de Temer e do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), na quinta (21), fazer um apelo pela unidade em torno de Geraldo Alckmin (PSDB). O assunto avançou muito pouco.
Vem Na tentativa de atrair aliados para Alckmin, Marconi Perillo (GO), coordenador político do tucanato, procurou Valdemar Costa Neto, do PR.
Negócios à parte Valdemar disse que sua mãe gosta muito de Alckmin, mas que há dificuldades. Ao menos 27 dos 41 deputados do PR querem marchar com Jair Bolsonaro (PSL). A outra ala prefere o PT.
Pela ordem A expectativa de concessão de prisão domiciliar para o ex-presidente Lula abriu guerra na defesa do petista e por pouco não terminou com a saída de Sepúlveda Pertence e José Roberto Batochio do grupo de advogados que atua no caso.
Pela ordem 2 Dirigentes do PT contam que a renúncia de Pertence era dada como certa na tarde de sexta (22), após Cristiano Zanin desautorizar o pedido de mudança do regime da pena.
Deixa disso Um grupo de advogados foi acionado para evitar ruptura. Chamou-se uma reunião no escritório do criminalista Antonio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, para acalmar os ânimos. Procurado, Kakay negou que tenha havido qualquer encontro.
Foco A direção do PT também foi acionada para apartar a briga. Um racha entre os advogados, dizem dirigentes petistas, seria muito prejudicial para Lula.
Munição Aliados de Jair Bolsonaro (PSL) justificam sua decisão de não participar de debates no primeiro turno com o argumento de que essas aparições são exploradas por rivais na TV —plataforma na qual o deputado não tem espaço para responder a ataques.
Para a próxima Bolsonaro tem menos de dez segundos no horário eleitoral. Seu grupo diz que ele irá aos embates se passar para o segundo turno. Nessa fase, os candidatos dispõem do mesmo tempo de propaganda.
Não rola Articulada pela bancada do MDB, a indicação de Marcelo Barbieri (MDB) para a vaga de vice de Paulo Skaf na corrida ao governo de SP tem um problema: pelo cargo que ocupa no Planalto, o emedebista já deveria ter se desincompatibilizado.
TIROTEIO
Ao retirar de pauta o pedido de Lula, Fachin mostrou seu ‘republicanismo’: quando tem risco de perder, vira a mesa.
De Guilherme Boulos, pré-candidato do PSOL ao Planalto, sobre o relator da Lava Jato ter derrubado recurso da defesa de Lula de pauta