Com habeas corpus, Lula pode ficar livre até as eleições, dizem ministros do STJ
Fôlego até o fim Ministros do Superior Tribunal de Justiça dizem que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem boas chances de continuar em liberdade até o dia da eleição se conseguir habeas corpus no Supremo Tribunal Federal após a Páscoa. Tudo indica que o Tribunal Regional Federal da 4ª Região rejeitará nesta segunda (26) os embargos apresentados contra sua condenação. Com o habeas corpus, ele poderá recorrer em liberdade ao STJ, onde o caso dificilmente será julgado antes de outubro.
Pode esperar Lula terá direito de apresentar ao STJ um recurso especial, que pode levar a modificações na sentença do TRF-4. No ritmo habitual, dizem os ministros da corte, será impossível ouvir as partes envolvidas e concluir a análise do pedido até julho, e depois só restarão dois meses até a eleição.
Muro à frente O habeas corpus e o recurso ao STJ não livram Lula da barreira imposta pela Lei da Ficha Limpa à sua candidatura, mas ele poderá continuar viajando pelo país enquanto estiver brigando para registrar sua chapa na Justiça Eleitoral.
Quem sabe A possibilidade de apresentação de novos embargos ao próprio TRF-4 após a decisão do tribunal nesta segunda é considerada remota pela defesa do petista, mas permitiria que ele ganhasse ainda mais tempo.
Gabarito Novos embargos nessa instância só serão possíveis se os três juízes que julgarão o caso entrarem em contradição ou deixarem sem resposta algum questionamento da defesa.
Programa duplo O TRF-4 também julgará nesta segunda mais uma apelação do ex-tesoureiro petista João Vaccari, num caso em que foi condenado com o pecuarista José Carlos Bumlai, amigo de Lula, e os antigos donos do banco Schahin.
Grão em grão Preso em Curitiba há quase três anos, Vaccari foi condenado cinco vezes pelo juiz Sergio Moro, mas conseguiu reverter duas sentenças recorrendo à segunda instância. Uma das apelações foi rejeitada e duas ainda não foram julgadas.
Outro canal O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, estará em Porto Alegre na segunda. Fará palestra sobre a economia em almoço com empresários da Federasul, a poucos minutos de distância da sede do TRF-4.
Porta fechada Depois que moradores de Mucajaí (RR) invadiram um abrigo e queimaram pertences de venezuelanos, na segunda (19), o senador Romero Jucá (MDB-RR) propôs ao governo o fechamento provisório da fronteira com o país vizinho.
Um atrás do outro Líder do governo no Senado, Jucá afirma que, sem a medida, as agressões se tornarão mais frequentes. Mesmo que os venezuelanos sejam transferidos para outros estados, o fluxo migratório não diminuirá, segundo ele.
Meu plano Além de fechar a fronteira, a proposta de Jucá prevê um censo dos venezuelanos e cotas para acolhimento de imigrantes no estado. Auxiliares do presidente Michel Temer dizem que o plano contraria tratados internacionais.
Fique onde está Tucanos sugeriram ao prefeito João Doria (PSDB) que, após entrar em campanha pelo governo paulista, evite viagens para fora do estado. A ideia é não dar margem a especulações sobre a volta de suas pretensões presidenciais.
Com quem anda Praticamente fechado com o PSD, Doria tenta atrair para seu lado o PRB, o partido dos bispos da Igreja Universal do Reino de Deus. A conversa com o DEM vai mal, dizem tucanos.
No time Em busca de aliados para enfrentar Doria na eleição estadual, o vice-governador de São Paulo, Márcio França (PSB), prometeu ao PC do B o comando da Secretaria de Esportes.
TIROTEIO
Muitas candidaturas que têm sido lançadas são como lenha verde queimando: soltam muita fumaça, mas produzem pouco calor.
DO CIENTISTA POLÍTICO CARLOS MELO, professor do Insper, sobre a proliferação de pré-candidaturas no atual estágio da corrida ao Palácio do Planalto.
CONTRAPONTO
Com as próprias mãos
Na longa entrevista concedida para o livro lançado em sua defesa há duas semanas, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva lembrou-se do primeiro encontro no Brasil com o presidente americano George W. Bush, em 2005.
Como fez com outros chefes de Estado que visitaram o país na época, Lula convidou Bush para um churrasco na Granja do Torto. Antes do almoço, seguranças americanos vasculharam o local e mandaram recolher as facas.
Ele diz que Bush chegou e dirigiu-se ao churrasqueiro:
— Me empresta essa faca aí que eu quero um pedaço.
Bush cortou a carne e devolveu a faca, para embaraço dos seguranças e da comitiva americana, segundo Lula.
RICARDO BALTHAZAR (interino), com THAIS ARBEX e JULIA CHAIB