Convocação de paralisação da Ajufe irrita STF e amplia rejeição a auxílio
Em busca da honra A presidente do STF, Cármen Lúcia, não vive seus melhores dias na corte. A resistência dela em pautar temas polêmicos, como a prisão após condenação em segunda instância, é criticada por outros ministros. Mas a tentativa da Ajufe de emparedá-la com a ameaça de uma greve –uma reação à possível extinção do auxílio-moradia– restaurou o espírito de corpo. Até os integrantes mais corporativistas avisam que esse início de rebelião não encontrará guarida no Supremo.
Na boca do povo O grupo mais próximo a Cármen Lúcia aposta na reação da opinião pública para desmobilizar os juízes federais. Mesmo ministros que simpatizam com causas como o reajuste salarial dizem que a luta pelos penduricalhos é hoje a principal fonte de desgaste para o Judiciário.
É comigo? Os números do primeiro dia de consulta da Associação dos Juízes Federais do Brasil aos seus 2.000 coligados sobre a convocação de uma paralisação no dia 15 de março: 522 “sim” e somente 40 “não”.
Saída honrosa Se o STF pautar a ação que questiona penduricalhos de juízes estaduais, diz o presidente da Ajufe, Roberto Veloso, o movimento pró-greve “pode até ser repensado”.
Não confere O ex-procurador Marcello Miller sustenta que esteve com a cúpula da JBS em 26 de fevereiro do ano passado para preparar o grupo para uma reunião sobre acordo de leniência.
Não confere 2 O problema é que ele próprio, em mensagens de telefone, explicitou a data em que haveria o encontro entre os empresários e os procuradores: uma quinta-feira. Caiu em 2 de março de 2017.
Não confere 3 Em depoimento a investigadores sobre possíveis irregularidades no acordo da JBS, os delatores falaram a respeito desta reunião. Foi na PGR, com a cúpula da força-tarefa da Lava Jato. Tema: delação premiada.
Hora do espanto A nova ofensiva da Justiça sobre Paulo Vieira de Souza, o Paulo Preto, preocupa os principais aliados do governador Geraldo Alckmin (PSDB-SP). O tucano, que prepara sua campanha presidencial, nunca foi pessoalmente próximo ao ex-diretor da Dersa, mas foi o responsável por sua nomeação, em 2005.
Não há vácuo Henrique Meirelles (Fazenda) decidiu acenar com clareza para a sucessão presidencial em um gesto calculado. O raciocínio é simples: enquanto o presidente Michel Temer não disser com todas as letras que será candidato à reeleição, ele vai se colocar como postulante ao Planalto.
Passaram recibo Integrantes de partidos da base de Temer que veem com desconfiança qualquer tentativa de o presidente melhorar sua avaliação ficaram convencidos de que ele deu uma tacada certeira com a intervenção federal do Rio ao verem a reação dos petistas.
Sem palavras A repercussão da ação acendeu uma luz amarela no PT. A pedido do ex-presidente Lula, Fernando Haddad, coordenador do programa de governo da sigla, se debruçará na formulação de propostas de combate ao crime e à violência até o início da caravana pelo Sul.
Divã Os diretórios do MDB de Curitiba, Florianópolis e Porto Alegre querem que o TSE impugne a mudança de nome do PMDB. Relator do caso, Admar Gonzaga determinou que a direção nacional da legenda se manifeste até a próxima semana.
Visita à Folha Luiz Carlos Trabuco, presidente do conselho de administração e presidente-executivo do Bradesco, e Octavio de Lazari, indicado para sucedê-lo na presidência executiva, visitaram a Folha nesta quinta-feira (22), onde foram recebidos em almoço. Estavam acompanhados de Nilton Horita, assessor de imprensa.
TIROTEIO
A Justiça Federal está passando o Brasil a limpo. Não fica bem seus juízes ameaçarem greve. É ilegal. E por algo tão controvertido.
DE CARLOS VELLOSO, ex-presidente do STF, sobre a Ajufe incitar paralisação da classe como reação ao julgamento que pode acabar com o auxílio-moradia.
CONTRAPONTO
Onde os fracos não têm vez
Logo no início da sessão da Câmara desta quarta-feira (21), o novo líder do PT, Paulo Pimenta (RS), perguntou ao presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ), como deveria proceder para que o partido obstruísse a sessão.
O petista fez três questionamentos em sequência, e o democrata acabou se irritando ao repetir uma resposta.
— Vossa excelência tem que ter paciência. Estou começando agora na liderança, quero aprender um pouco. Não precisa ficar nervoso… — argumentou Pimenta.
Maia não perdeu a piada:
— Volta, Zarattini! — rebateu, usando um bordão petista para chamar pelo ex-líder da bancada.