Em retrospectiva, Temer diz que renunciar seria declaração de culpa e põe denúncias em xeque

Painel

Entre mortos e feridos Num balanço sobre o ano mais duro de sua trajetória política, Michel Temer diz que se tivesse optado pela renúncia no auge da crise instalada pela delação da JBS estaria se “declarando culpado”. “Não seria um caminho mais fácil, seria um caminho incriminador.” O presidente afirma que seus algozes foram “desmascarados”. Com as duas denúncias paralisadas até o fim do mandato, provoca: “Tenho minhas dúvidas de se no futuro virão a ser aceitas de tão inconsistentes que são.”

Hora H Temer nega que as acusações de Rodrigo Janot tenham corroído sua base, mas reconhece que “naquele instante, as informações falsas perturbaram os trabalhos do Congresso”. Diz que a batalha com a PGR surgiu “no momento em que tínhamos como praticamente aprovada a reforma da Previdência“.

Meu juízo “Tínhamos os votos. Mas isso não significa que não poderemos aprová-la ainda no meu mandato”, afirma. O presidente diz não ter “a menor dúvida” de que o tempo trará reconhecimento à sua gestão. “Se quiser saber qual é o meu legado, espero que tenha tempo para ouvir. É um longo legado.”

Meu juízo 2 “Enfrentamos reformas fundamentais que ninguém, ao longo de 20, 30 anos, teve coragem”, diz. Temer cita mudanças na lei trabalhista e na do Ensino Médio. “Repactuamos as dívidas dos Estados e salvamos as finanças municipais. Dividimos a multa da repatriação e os prefeitos puderam fechar seus balanços.”

Sucessor Temer diz querer passar a faixa para alguém que prestigie sua agenda e arrisca um slogan: “O Brasil reformista não pode parar”. “É o governo reformista que está dando bons resultados para o país, como revelam o crescimento da economia e a geração de empregos.”


Fórmula O PSDB fechou proposta para as prévias ao Planalto. Todo filiado poderia votar e Geraldo Alckmin (SP) e Arthur Virgílio (AM) fariam cinco debates, um em cada região. Ala do tucanato teme desencadear uma guerra.

Menos holofotes Aliados do ex-presidente Lula têm dito que ele teria mais chances de obter uma liminar no STJ do que no STF para concorrer em 2018. Avaliam que a corte constitucional tornou-se muito “midiatizada” e “politizada”.

Cabeça arejada Ciro Gomes (PDT) tirou recesso até 11 de janeiro. Quando voltar, quer começar a montar sua equipe de campanha e a pensar em nomes que fariam parte de seu governo.

Sob nova direção O deputado estadual Fernando Capez (SP) afirmou a colegas que trocará o PSDB pelo PSB em 2018 e que ocupará uma secretaria quando o vice-governador Márcio França assumir no lugar de Geraldo Alckmin. Tucanos estão receosos com as mudanças que o pessebista fará no governo.

Prova viva O delegado-geral de Polícia Civil do Rio Grande do Norte, José Francisco Correia Júnior, que anunciou sua aposentadoria na sexta (29), durante a greve de policiais, deixou o cargo aos 47 anos ganhando R$ 38.416,74 –valor que receberá agora como inativo.

Prova viva 2 O principal problema do Estado é o peso da conta previdenciária.

Que momento O gesto de Correia Júnior irritou a cúpula do governo potiguar, que conseguiu que o Ministério da Defesa enviasse 2.000 militares das Forças Armadas para tentar conter uma onda de violência. O Executivo ainda negocia um crédito para colocar os salários em dia.

Resta um Quase dois meses após o desembarque do PSDB do Ministério das Cidades um indicado dos tucanos permanece em cargo de alto escalão. O economista José Roberto Generoso, ex-assessor do Metrô de SP, ainda chefia a Secretaria Nacional de Transporte e da Mobilidade Urbana.


TIROTEIO

O combate à escravidão sobrevive. O governo cedeu graças à pressão popular. Isso é uma vitória da luta pelo trabalho livre e digno.

DE TIAGO MUNIZ CAVALCANTI, procurador do Ministério Público do Trabalho, sobre a nova portaria que endurece a fiscalização ao trabalho escravo.


CONTRAPONTO

Pane no sistema

O deputado Chico Alencar (PSOL-RJ) lembrava no último dia 13 que deu aulas para o colega Julio Lopes (PP-RJ), quando foi interrompido por Rodrigo Maia (DEM-RJ):

— Agora, eu descobri o porquê da sua fama de grande professor. Fez um grande liberal aqui no plenário!

— Fui professor do Otavio Leite (PSDB-RJ) e até do ministro da Cultura, Sérgio Sá Leitão, o que prova que o Escola Sem Partido é uma balela. Não influenciei em nada esses ex-alunos! — respondeu Chico, que é esquerdista.

— Vamos fazer uma investigação para descobrir sua responsabilidade no excesso de liberalismo do Julio Lopes. Só uma CPI para resolver! — brincou Maia.