Governadores cobraram posição enérgica de Temer contra ato de caminhoneiros

Pare enquanto é tempo Nas últimas 48 horas, ao menos três governadores entraram em contato com o Planalto manifestando preocupação com a guinada no discurso dos caminhoneiros e seus apoiadores nas redes sociais, que passaram a falar contra a corrupção e o governo emedebista. Eles cobraram uma posição enérgica para prevenir um levante nas ruas. Luiz Fernando Pezão, do Rio, chegou a enviar vídeos de convocatórias em defesa de uma intervenção militar a ministros da confiança de Michel Temer.

Sem reprise Os governadores temiam principalmente que o agravamento do desabastecimento em seus estados provocasse uma reedição dos protestos que, em 2013, derrubaram a popularidade não só do governo federal, mas dos políticos de maneira geral.

Vigiai Auxiliares do presidente dizem que o Planalto passa por um teste de resistência. Eles esperam arrefecimento significativo da crise em dois ou três dias. Esses integrantes do governo avaliam que o uso das Forças Armadas foi uma cartada alta, mas inevitável.

Vigiai 2 O flerte de grupos de caminhoneiros com o discurso de saneamento da política por meio de um golpe militar não passou batido.

Lei e ordem Diumar Bueno, presidente da Confederação Nacional dos Transportadores Autônomos, diz que o movimento não tem veia interventora, mas admite que o assunto aparece nos grupos. Ele afirma que não há entidade que controle toda a categoria, mas pondera: “Caminhoneiro é trabalhador. Não anarquista”.

Do próprio remédio Diumar sentiu na pele os efeitos de sua mobilização. Ele contou que seu voo de Brasília para o Paraná, nesta sexta (25), foi cancelado por falta de combustível.

Para chocar Temer assistiu a um vídeo com imagens de canibalismo entre animais, que se atacavam por falta de alimentos. O material foi levado pelo ministro interino da Agricultura, Eumar Novacki, a pedido da ABPA (Associação Brasileira de Proteína Animal).

Larga escala Ricardo Santin, diretor-executivo da ABPA, disse a Novacki que mais de 50 milhões de aves morreram desde o início da paralisação. Hoje, 1 bilhão esperam nos aviários os insumos parados nos bloqueios.

Eu garanto Nas reuniões que teve com aliados no Congresso, o presidente Michel Temer fez questão de ressaltar que, por ele, Pedro Parente não deixará de forma alguma o comando da Petrobras.

Panos quentes Integrantes do PSDB se alarmaram com o ataque especulativo patrocinado por partidos da oposição, como PT e PSOL, contra o chefe da estatal. O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso foi acionado para entrar no circuito e acalmar Parente.

Dois gumes Líderes da base do governo alertam que, ao recorrer ao uso das Forças Armadas, Temer abraçou o risco de confrontos que poderiam estimular a adesão de outros setores ao movimento.

Mapa da guerra Pré-candidatos à Presidência fizeram pesquisas para medir o apoio nas redes sociais aos caminhoneiros. Um dos partidos que monitorou o debate diz que 53% das menções foram positivas e apenas 10% negativas. O restante, permaneceu neutro.

Rindo da cara do perigo Quase 30% das citações ao assunto nas redes vieram de piadas.

Nem do avesso O bate-cabeça que seguiu a aprovação pela Câmara da redução das alíquotas de Pis/Cofins acabou de vez com a boa convivência entre Temer e o presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ).

Fronteira Maia se sentiu desrespeitado pelo alarde que o Planalto fez em torno do erro que cometeu ao calcular o impacto da medida. Disse a aliados que está do lado certo, o do povo, que não aguenta mais pagar tributos.

Sinal verde Auxiliares do governo de SP acreditam que o estado deve concordar com a política de diminuição de ICMS para reduzir o preço dos combustíveis.


TIROTEIO

Quando se esquece que a prioridade é encurtar distâncias sociais, degringola. Estômagos vazios têm o mais curto dos pavios

De Ayres Britto, ex-presidente do STF, sobre o levante que parou o país e engoliu a agenda do governo Michel Temer e da Petrobras