A aliados, Temer chamou suspeita da PF que atinge sua família de ‘canalhada’
Em nome do pai A forte irritação externada por Michel Temer nesta sexta (27) em seu pronunciamento traduz apenas uma fração da fúria que ele demonstrou logo no início da manhã, em reunião com aliados. O presidente chamou de “canalhada” a suspeita da PF de que poderia ter lavado dinheiro em transações de um imóvel que doou ao filho de nove anos. Chegou a dizer que tentavam “enlamear o nome de uma criança” e que os investigadores haviam perdido “o limite da falta de respeito”.
A origem Temer se exaltou após ler reportagem publicada pela Folha. O texto apontou as principais suspeitas da PF no inquérito sobre a atuação do emedebista no porto de Santos. Os investigadores desconfiam que ele pode ter branqueado capitais em reformas e empreendimentos hoje em nome de familiares.
Sujeito oculto O presidente passou boa parte da manhã repetindo que, em alguns momentos, chegou a ter quatro fontes de renda e que pode justificar seu patrimônio. Mais uma vez, disse enxergar objetivos escusos na apuração.
Linhas cruzadas Francisco de Assis, ex-diretor Jurídico e delator da JBS, falou por cerca de seis horas à PF para o inquérito que investiga a participação de Marcello Miller no acordo firmado por ele e pelos irmãos Joesley e Wesley Batista. O tempo foi insuficiente. Nova oitiva será marcada.
Linhas cruzadas 2 O delegado que toca esta investigação, decisiva para garantir a validade das provas obtidas na colaboração da JBS, é Cleyber Malta Lopes. Ele também chefia a apuração sobre a atuação de Temer no porto de Santos.
Sem saudade Ex-presidente do Supremo, Carlos Velloso fez críticas severas ao tribunal em almoço do Instituto dos Advogados de SP. “Desgraçadamente, o STF vem se transformando em uma corte penal, e corte penal de segunda classe“, disse, atribuindo o fenômeno “à excrecência do foro privilegiado”.
Só Jesus na causa Ao comentar a polêmica decisão que determinou a remessa dos trechos da delação da Odebrecht referentes a Lula para a Justiça Federal de SP, Velloso ironizou: “Não entendi, só vou entender quando ler o acórdão. Entende apenas quem redigiu e Deus, ou talvez só Deus”.
Só cara nova Neste ano, o 1º de maio da Força Sindical em SP terá menos cara de palanque eleitoral do que em edições anteriores. Os organizadores querem comedimento no discurso de políticos. Esperam apenas o governador do estado, o prefeito da capital e os pré-candidatos ao Planalto do SD, Aldo Rebelo, e do PSC, Paulo Rabello de Castro.
Até aqui de mágoa A Força avalia que os ânimos estão exaltados e por isso é melhor evitar reação negativa aos convidados. Em 2014, dois dos principais presidenciáveis –Aécio Neves (PSDB) e Eduardo Campos (PSB)– participaram do evento. Dilma Rousseff mandou representantes.
Pelas beiradas A veia política foi reservada ao interior do estado. No domingo (29), o governador Márcio França (PSB-SP) deve ir a Barretos e Piracicaba com Paulinho da Força (SD-SP) para um “1º de maio antecipado”.
Peneira A delação que Antonio Palocci fechou com a PF é alvo de desconfianças entre procuradores. Antes mesmo de conhecer o material firmado com a polícia, o MPF diz que o ex-ministro foi seletivo.
Novo round? Aliados do governador Fernando Pimentel (PT-MG) que atribuem seu processo de impeachment às pretensões do presidente da Assembleia, Adalclever Lopes (MDB-MG), lembram que o emedebista mineiro não é tão esperto quanto Eduardo Cunha e que Pimentel não se assemelha a Dilma Rousseff.
Visita à Folha O vereador Mario Covas Neto (SP), pré-candidato ao Senado pelo Podemos, visitou a Folha nesta sexta (27). Estava acompanhado da deputada federal Renata Abreu (SP), presidente nacional do partido, de Mariana Antunes, assessora de imprensa, e Fernando Vieira, assessor.
TIROTEIO
Agiram certo na hora errada. Já tiveram mais razões para impeachment. Parece oportunismo fazer agora que faltou dinheiro
De Mário Heringer, presidente do PDT-MG, sobre a abertura do processo que pode afastar o governador Fernando Pimentel (PT)