Pressão para julgar ação que sele destino de Lula faz Cármen Lúcia se isolar no STF
Ela em seu labirinto O grupo próximo à presidente do STF, Cármen Lúcia, já admite que ela acabará pautando um caso que sele o destino do ex-presidente Lula. Seja o habeas corpus ou a ação que questiona de forma genérica a prisão após condenação em segunda instância. A ministra vive momento de extrema pressão. Tem evitado reuniões com o colegiado e reduziu ainda mais seu núcleo de conselheiros. No Supremo, dizem que não se vê isolamento semelhante desde a gestão de Cezar Peluso (2010-2012).
Me dê motivo Ministros apontam várias decisões que renderam críticas à presidente do Supremo. O veto parcial ao indulto natalino de Michel Temer, a decisão que barrou a posse de Cristiane Brasil (PTB-RJ) no Ministério do Trabalho e a hesitação sobre o habeas corpus de Lula são citados como exemplos.
Somente só Cármen não submeteu nenhum desses casos ao plenário e tem sido definida como alguém que peca pelo apego à opinião pública e pela veia centralizadora.
Fora da ordem Os críticos da ministra estão atentos aos mínimos detalhes. Recentemente, uma autoridade do Judiciário lembrou que o CNJ chegou a ficar sem café por um período deste ano –o colegiado é presidido por ela. Para suprir a demanda, foi preciso pegar emprestado no STJ.
Uni-duni-tê A defesa do senador Aécio Neves (PSDB-MG) questiona o fato de o ex-procurador-geral Rodrigo Janot ter enviado a delação da JBS diretamente ao ministro Edson Fachin. Ao encaminhar o caso para o relator da Lava Jato no STF, sustenta, Janot teria driblado o sistema de distribuição da corte.
Pingos nos is Os advogados do tucano afirmam que Fachin não deveria ser visto como juiz natural no caso da JBS pois a colaboração da empresa nada teria a ver com os desvios na Petrobras.
Passe em jogo As negociações para que a senadora Kátia Abreu (sem partido-TO) se filie ao PDT avançaram na última semana.
Meia palavra basta A birra do PT com Fernando Haddad acabou irritando o grupo do ex-prefeito. Há, entre os aliados dele, quem diga que o partido está empurrando um bom quadro para fora da sigla.
Recado cristalino Petistas próximos a Lula admitem que há resistência a Haddad e dizem que “nem de longe” ele deveria ser visto como plano B caso a Justiça impeça o ex-presidente de disputar a eleição presidencial.
Fica a dica A fundação João Mangabeira, do PSB, levará ao congresso da sigla, em março, documento em que prega o retorno às bases ideológicas do partido. O texto foi intitulado “Projeto Brasil: princípios e diretrizes do desenvolvimento nacional”.
Fica a dica 2 O artigo diz que, como “o neoliberalismo não cumpriu suas promessas, o socialismo reemerge como alternativa concreta para a humanidade”. Apesar do tom, socialistas não descartam aliança com o governador Geraldo Alckmin (PSDB-SP), que tenta atrair o partido para seu palanque na campanha presidencial.
Quanto mais… O PSB tenta ampliar seu leque de opções nas eleições estaduais e negocia filiar o vice-governador do Rio Grande do Norte, Fábio Dantas (PC do B), para disputar a sucessão de Robinson Faria (PSD). As conversas estão avançadas.
Copie e cole As diretrizes do PSDB para as prévias pela candidatura ao Planalto —hoje extremamente improváveis— animaram adversários de Luiz Felipe d’Ávila, pré-candidato ao governo de SP.
Copie e cole 2 A resolução nacional diz que só filiados há mais de dois anos podem se inscrever na disputa interna. D’Ávila só ingressou no PSDB há seis meses. As regras paulistas serão definidas pelo diretório estadual.
TIROTEIO
Com Paulo Preto e seus milhões, o PSDB deixa o moralismo da antiga UDN para se juntar ao pragmatismo corrupto do velho ademarismo.
DO DEPUTADO ESTADUAL JOSÉ AMÉRICO (PT-SP), sobre a revelação de que Paulo Preto, apontado como operador do PSDB, tinha R$ 113 milhões na Suíça.
CONTRAPONTO
Tudo na vida é oportunidade
Em campanha por José Serra (PSDB-SP) no segundo turno da eleição presidencial de 2010, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, foi a Rio Branco (AC) para um comício do correligionário.
Assim que o evento começou, as luzes se apagaram no ginásio do evento. Houve corre-corre e até suspeita de sabotagem, já que toda a cidade estava acesa.
Alckmin fingiu que nada aconteceu. Discursou no escuro mesmo e ainda aproveitou o incidente para fazer um fecho para sua fala:
— Neste apagar das luzes da campanha, eu rogo a Deus que acenda uma luz na consciência dos brasileiros.