Crise com centrão e PMDB pressiona Alckmin a assumir o tucanato para evitar isolamento em 2018
Salva-te a ti mesmo A crescente indisposição do centrão e do PMDB com o PSDB aumentou a pressão para que o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, assuma o comando do tucanato numa tentativa de salvar a própria candidatura à Presidência. Aliados do paulista avaliam que, se ele terceirizar a tarefa de construir alianças, a degradação das relações entre sua sigla e o resto da base de Michel Temer pode contaminar o processo a ponto de submetê-lo ao isolamento ou a um arco insignificante de aliados.
Passou da conta A operação do PMDB para acelerar a queda de Antonio Imbassahy (PSDB-BA) da Secretaria de Governo acabou esgarçando ainda mais as relações. Deputados tucanos a favor da reforma da Previdência avisaram que boicotariam o texto se o governo optasse pelo caminho da ingratidão.
Perde ou perde O grupo que apoia Alckmin diz que a disputa entre Tasso Jereissati (PSDB-CE) e Marconi Perillo (PSDB-GO) não trará vitória. A sigla continuará dividida qualquer que seja o resultado. O cearense esteve com o governador nesta quinta (23). A expectativa é de que ele abra caminho para o paulista.
Ironia do destino Cotado para substituir Imbassahy, Carlos Marun (PMDB-MS) deu de cara com o atual ministro ao chegar no jantar em que o texto da nova Previdência foi apresentado a deputados, na quarta (22). Houve evidente desconforto.
Sem saída Aliados de Michel Temer avaliam que o imbróglio sobre a Secretaria de Governo o colocou em situação limite. Mesmo que o presidente queira poupar Imbassahy, não tem como desbancar Marun, aliado fiel no Congresso. Seria “péssima sinalização para a base”, advertem.
Cartão de visitas Novo lar de Jair Bolsonaro (RJ), o Patriota quer chegar a 2018 com uma bancada de ao menos dez deputados. Dos três representantes que a sigla tem hoje, só um deve permanecer. A recém-filiação de Bolsonaro será o principal ativo para a atração de novos quadros.
Nova cartada A defesa de Jorge Picciani entrou com um habeas corpus no STJ pedindo a soltura do presidente da Alerj. A peça ataca a Justiça Federal. Diz que o TRF tenta “reescrever a Constituição” e conclui: “Juiz não faz lei”.
Parte pelo todo Avalia-se no universo jurídico que a prisão de Régis Fichtner servirá para reforçar sua disposição em fazer delação. Ele conhece cortes do Rio e tribunais superiores como poucos.
Para todos A Câmara vai usar o pedido de vista de Dias Toffoli, do STF, para acelerar o projeto que restringe o foro aos presidentes da República, do Congresso e do Supremo. Motivo: A proposta do Legislativo também acaba com a prerrogativa no Judiciário.
Otimista Temer calcula ter hoje 275 votos a favor da nova Previdência.
No varejo A oposição vai aproveitar a desarticulação da base aliada para promover protestos contra mudanças na aposentadoria. CUT e MST já foram escalados.
Régua torta Expulsa do PMDB, Kátia Abreu (TO) diz que Geddel Vieira Lima, autor do pedido que levou à sua saída, está “preso e continua filiado sem responder a processo ético”. A senadora também ataca Temer. Atribui a ele palavra final no caso.
DNA “Ele é de fato o presidente do partido e segundo, a PF, o chefe desta organização criminosa em que se transformou a cúpula do PMDB”, diz a senadora.
Visita à Folha Luciano Guidolin, presidente da Odebrecht, visitou a Folha nesta quinta-feira (23), onde foi recebido em almoço. Estava acompanhado de Marcelo Lyra, vice-presidente de Comunicação e Sustentabilidade, de Marcelo Pontes, diretor de Comunicação, e de João Rodarte, presidente da CDN Comunicação.
TIROTEIO
Temer está com a cabeça na lua. Não resolve a briga entre o centrão e o PSDB, mas acha que aprova a Previdência e que será reeleito.
DO DEPUTADO CARLOS ZARATTINI, líder do PT na Câmara, sobre a dificuldade do presidente de conciliar as demandas de sua base aliada no Congresso.
CONTRAPONTO
Piada pronta
Na sessão da Câmara desta quarta (22), o deputado Sílvio Costa (Avante-PE) discursou contra as articulações do governo para tentar aprovar a nova Previdência e fez provocações sobre a reforma ministerial, que incluirá a Secretaria de Governo, comandada hoje por Antonio Imbassahy (PSDB-BA). A fala ocorreu em meio às especulações na base governista a respeito da demissão do ministro. Costa aproveitou a polêmica:
— O governo está feito macaco em casa de louça, quebrando tudo! O centrão mudou até nome de ministro…
E concluiu:
— Passou de Imbassahy para Éprassaí!