Partidos defendem que deputado denunciado por corrupção volte ao cargo
Lideranças das maiores bancadas da Câmara indicaram ao Painel que vão votar nesta quarta-feira (5) pelo retorno de Wilson Santiago (PTB-PB) ao cargo de deputado federal. O parlamentar foi afastado em dezembro por decisão do ministro Celso de Mello, do STF (Supremo Tribunal Federal).
Santiago foi denunciado pelo Ministério Público Federal sob acusação dos crimes de organização criminosa e corrupção, na investigação sobre desvio de dinheiro de obras no sertão da Paraíba. Na busca e apreensão em sua casa, a Polícia Federal encontrou um celular dentro de uma caixa de remédios guardada no frigobar. O parlamentar nega relação com os fatos.
Segundo entendimento do Supremo, a decisão de Celso de Mello pode ser revista pelo plenário, com votação nominal e aberta da maioria dos integrantes da Casa.
Líder do PL, Wellington Roberto (PB) apontou que o deputado do PTB não teve direito à defesa. “Sou contra o afastamento até pela forma como aconteceu. Todo mundo tem direito ao contraditório”, afirmou.
Na liderança do PT, Enio Verri (PR) disse acreditar em uma votação em bloco favorável a Santiago.
“A questão deve ser tratada na Justiça. Se cometeu crime, deve pagar por ele. Mas ele não foi condenado a nada. Vamos fazer um voto em defesa do mandato parlamentar. É um equívoco político essa suspensão”, declarou.
O líder do PC do B, Daniel Almeida (BA), indicou que vai também defender o mandato do deputado paraibano. “Sempre vejo como elemento central a soberania do voto. São os eleitores que elegem as pessoas e só em casos excepcionais a soberania deve ser questionada”, disse.
O deputado Ivan Valente (PSOL-SP), que até esta terça (4) liderava o partido na Câmara, afirmou que não há consenso em sua bancada. “Tem questões para serem aprofundadas. Parece que o deputado nem foi ouvido ainda no processo, o que cria um problema real. Agora, por outro lado, se for um caso de corrupção comprovado, fica difícil qualquer defesa”.
Até mesmo partidos que se dizem favoráveis a operações como a Lava Jato ainda têm ressalvas quanto ao voto nesta quarta. “A bancada vai se reunir e vamos olhar os autos. Se tiver culpa nesse processo, provas cabais e contundentes, ele terá que ser afastado. Agora, se não tiver culpa, o partido não vai colocá-lo na guilhotina. Já pedi à assessoria jurídica que estude o processo e tenha uma reunião com a bancada”, disse José Nelto (Pode-GO).
O deputado Delegado Waldir (PSL-GO) também tem dúvidas jurídicas a respeito do caso. “Não tem como prever, porque temos que aguardar o relatório. O partido ainda não fechou uma questão a respeito disso. Sou da área do Direito, então antecipar voto seria prejulgar. Mas posso dizer que não haverá corporativismo”, declarou.
Quem chegou à Casa há pouco tempo também não se convenceu plenamente, até a véspera da votação, sobre a culpa de Santiago. “A informação que a gente conseguiu obter até agora é de que ele não teve tempo nem para se manifestar, inclusive. Pedi para que a minha equipe fizesse uma análise até para que eu tome uma decisão mais certa, para que seja feita justiça“, disse Policial Katia Sastre (PR-SP).
Posição contrária, mas mesmo assim ainda suscetível a mudanças, foi tomada pelo líder do Novo, Paulo Ganime (RJ). “Sou favorável à manutenção do afastamento dele por causa da decisão judicial. Isso dentro das informações que a gente tem, o entendimento preliminar”, afirmou.
Por William Cardoso