Polêmica menção a Bolsonaro no caso Marielle amplia críticas do STF à apuração no Rio e a vazamentos
Tiro de festim A suspeita de que houve tentativa de forjar acusação que envolvesse Jair Bolsonaro na investigação do assassinato de Marielle Franco ultrapassa as fronteiras do Planalto e da PGR. A avaliação de integrantes do Judiciário é a de que buscaram manipular diversas instituições, inclusive o STF. Integrantes da corte dizem que as informações sobre o depoimento do porteiro que mencionara Bolsonaro foram enviadas ao Supremo a conta-gotas e com contradições aparentes, o que causou desconfiança.
Diz que… Fontes do STF relatam que a primeira notícia de fato sobre o depoimento do porteiro do condomínio no qual o presidente morava chegou há cerca de 15 dias, já apontando inconformidade da versão com registros oficiais.
…diz Dias depois foi enviado o áudio que mostra que, para ingressar no condomínio, o suspeito de ter servido de motorista aos supostos assassinos de Marielle ligou para a casa de um comparsa, e não para a do presidente, como dizia o porteiro. Tudo foi apenas remetido, sem análise ou juízo de valor formal, à PGR.
Sobe som O vazamento à imprensa –o depoimento foi revelado pelo Jornal Nacional– ampliou o volume das críticas à porosidade de investigações sigilosas. Ministros chamaram Ministério Público e polícias de “irresponsáveis”.
Ricochete Há temor no Parlamento e no STF de que o episódio só tenha servido para inflar o radicalismo de Bolsonaro contra instituições como a imprensa e o Ministério Público.
Vigiai Deputados do RJ, de esquerda e de direita, também desconfiam da chance de o depoimento do porteiro ter sido obra de grupos que tentam atrapalhar a apuração do assassinato de Marielle.
Vigiai 2 Esse grupo lembra de relatos de milicianos infiltrados tanto no Ministério Público como na Polícia Civil –e de que não é a primeira vez que informações são vazadas para desviar o foco do suspeito de ser mandante do crime, o ex-deputado Domingos Brazão.
Efeito… Responsabilizado publicamente por Bolsonaro, o governador Wilson Witzel (RJ), é visto como um que sai ferido do caso.
…colateral A aposta é a de que ele terá dificuldade repactuar a recuperação fiscal do estado. Flávio Bolsonaro foi aconselhado a falar direto com prefeitos sobre recursos federais, isolando o desafeto.
De baciada A comissão de ética do PSL vai analisar cerca de 30 representações que pedem a suspensão de deputados da ala ligada a Bolsonaro. Além de denúncias coletivas, há acusações individuais.
Tempo de plantar Aliados do presidente apostam que o procurador-geral, Augusto Aras, abrirá uma ação civil pública para apurar se a cúpula do PSL cometeu improbidade administrativa, gerindo mal os recursos do fundo. A estratégia, que visa bloquear a verba do partido, foi revelada pelo Painel dia 17.
Sem fim Deputados do PSL notaram a ausência de Caroline de Toni (PSL-SC) na audiência pública da Comissão de Constituição e Justiça, desta quarta (30), que debateu a proposta que prevê a prisão após condenação em segunda instância, da qual ela é relatora. Foi acusada de só querer “aparecer no Facebook”.
Chega mais Líderes de PV, PDT, PSB e Rede querem costurar alianças em cerca de 120 cidades na eleição do ano que vem. Pela negociação, a cabeça de chapa ficaria com o nome que se mostrasse mais competitivo, e as demais siglas se comprometeriam em apoiá-lo. Novas conversas estão marcadas para novembro.
Tiro ao alvo Renan Calheiros apresentou nova representação ao Conselho Nacional do Ministério Público contra Deltan Dallagnol, e dessa vez também acionou a procuradora Thaméa Danelon. Motivo: o fato de, segundo mensagens reveladas pelo The Intercept, eles terem municiado pedido de impeachment de Gilmar Mendes, do STF.
Vai flecha Renan sustenta que Thaméa e Deltan exerceram “advocacia privada através da redação clandestina do pedido de impeachment” de Mendes. Apesar de orientada pelos procuradores, a ofensiva foi assinada por Modesto Carvalhosa. Até agora, nenhum dos procedimentos contra Deltan no CNMP deslanchou.
TIROTEIO
Seguimos apoiando o ministro Moro nas ações contra a pirataria, mas é bom a assessoria do presidente ficar mais atenta
De Fabio Lepique, da Comissão de Combate ao Mercado Ilegal em SP, sobre a inclusão de empresários chineses na comitiva de Bolsonaro