Guerra no PSL fragiliza defesa de Bolsonaro no Congresso; oposição quer explorar brecha na CPMI das fake news

Sob ataque e sem retaguarda A guerra no PSL fragilizou as defesas do governo em flancos importantes, como na CPMI que apura a disseminação de fake news e na comissão que analisa a reforma das aposentadorias de militares. Como cabe ao líder do partido indicar os integrantes de colegiados –e a tropa de choque de Jair Bolsonaro está sendo removida desses postos–, a oposição se prepara para explorar todas as brechas. A possibilidade de sofrer derrotas nesses campos preocupa aliados do Planalto.

Brecha Vendo a desordem na sigla de Bolsonaro, a oposição foi ao presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), cobrar maior produtividade da CPMI das fake news. A avaliação é a de que o comandante do colegiado, Angelo Coronel (PSD-BA), é “ingovernável” e atrapalha os trabalhos.

Reforço O deputado Ricardo Barros (PP-PR), designado para a vice-presidência da CPMI, é visto como o nome que vai dar ritmo aos trabalhos.

Alistamento voluntário A troca de acusações no PSL ampliou a lista de pessoas dispostas a colaborar com a apuração que mira fake news. O líder do partido na Câmara, Delegado Waldir (GO), diz que foi atacado em suas redes, mas que os autores das postagens esqueceram “que sou policial e sou bom de investigação”.

Tiro de alerta Waldir afirma que é prática comum dos aliados de Bolsonaro disseminar mentiras e afirmou ao Painel que está disposto a colaborar com a CPMI se for chamado.

Tiro de alerta 2 “Se eu for convidado talvez faça um bom depoimento. Estão mexendo com a pessoa errada. Estou quieto aqui. Não mexam comigo”, diz. “Quem fez a pergunta que derrubou o Eduardo Cunha fui eu.” Em 2016, ele questionou se o então presidente da Câmara tinha conta na Suíça ou em paraíso fiscal.

Retranca Apesar do clima beligerante e de não estar disposto a buscar a conciliação, o presidente do PSL, Luciano Bivar, disse em reunião nesta sexta (18) que o partido precisa mostrar que está mais preocupado em ajudar o Brasil do que em brigar com Bolsonaro.

Linha reta Presidente de uma das principais comissões da Câmara, Felipe Francischini (PSL-PR) diz que não vai mudar sua atuação na CCJ. “O meu trabalho vai continuar da mesma maneira. Aprovei, até hoje, todas as pautas importantes para o governo, tenho senso republicano.”

Sem atalho O pacote de medidas que Paulo Guedes (Economia) quer apresentar nos próximos dias será formado por seis textos que demandam aprovação do Legislativo. Há pedidos urgentes e também temas que, na avaliação da equipe econômica, vão mobilizar o debate até o fim do primeiro semestre de 2020.

Trava Um dos projetos tratará de mudanças na regra de ouro das contas públicas, norma que proíbe o governo de tomar dinheiro emprestado para se endividar.

Negócios à parte Técnicos da Economia temem não cumprir a regra a partir do no ano que vem e, por isso, há pressa. Um dos caminhos em estudo é inserir o conteúdo do texto do deputado Pedro Paulo (DEM-RJ) em uma proposta de tramitação mais avançada, de autoria da hoje deputada Gleisi Hoffmann (PT-PR).

Só chutar pro gol Recém-nomeado líder do governo no Congresso no lugar de Joice Hasselmann (PSL-SP), o senador Eduardo Gomes (MDB-TO) disse ao Painel que tem grandes amigos na Câmara, o que o credenciaria a dialogar com a Casa, e que sua prioridade no posto será “arrematar os feitos e as conquistas do ano”.

Tempo de colheita Na visão do novo líder, o governo tem boas notícias a mostrar na área de infraestrutura e também terá resultados positivos com o 13º do bolsa família.

Bola fora Luiz Eduardo Ramos (Secretaria de Governo) causou constrangimento à bancada feminina do PP durante um almoço com integrantes do partido. De acordo com relatos, ele disse ter mentido para a mulher quando ela perguntou quem era a colega, uma senadora da legenda, que havia posado com ele em uma foto.

Bola fora 2 Um integrante do PP diz que Ramos contou ter dito tratar-se de funcionária do Congresso “para não ter problema em casa”. Deputadas e senadoras deixaram o local.


TIROTEIO

Vivemos situação dramática com essa tragédia de dimensões desconhecidas, e de quem se espera liderança vem falta de ação

Do governador Rui Costa (PT-BA), sobre o que considera “omissão do governo Bolsonaro” no vazamento de óleo que atingiu a costa do NE