Com partido em crise, aliada de Bolsonaro no PSL é alvo de acusação de caixa dois
Em meio à guerra dentro do PSL, um ex-apoiador da deputada Bia Kicis (PSL-DF), o ativista Fernando Souza protocolou no MPDFT (Ministério Público do Distrito Federal e Territórios), nesta sexta (18), acusação contra a parlamentar por suposta prática de caixa dois durante o período eleitoral.
A deputada nega a acusação e diz que todas as despesas de campanha foram declaradas e aprovadas. Bia é uma das principais parlamentares da tropa de choque de Bolsonaro na crise deflagrada entre o presidente e o grupo do dirigente Luciano Bivar (PSL-PE).
Na representação, Souza diz que Bia usou como diretório da campanha um apartamento no hotel San Paul, no DF, que seria do blogueiro Octavio Fakhoury, e não declarou o uso do espaço à Justiça Eleitoral.
“No período da campanha eleitoral do ano de 2018 presenciei por várias vezes a ida de alguns amigos para auxiliar a campanha da então deputada federal Bia Kicis, no hotel San Paul quarto 1015 de propriedade do senhor Otávio Oscar Fakhoury, observando a documentação que chegou em minha residência, observo que tal endereço era utilizado como diretório politico, mas não se encontra declarado na prestação de contas”, diz ele.
A advogada de Bia, Denia Magalhães, diz que o apartamento foi declarado sim na prestação de contas e que se tratou de uma doação da família Fakhouri para a campanha.
“A pessoa permitiu o uso e, para isso, tem a necessidade de estipular um valor. Não houve absolutamente nada a respeito do apartamento que pudesse desaboná-la. O imóvel é da família Fakhouri e não estava no nome do herdeiro. O inventariante é a pessoa que administra o espólio e até isso foi demonstrado na prestação de contas”, detalha.
Segundo a prestação de contas da deputada, o uso do apartamento como comitê de campanha foi estimado em R$ 5.700.
O ativista, que diz ser criador do Movimento Realidade do Povo, também questiona o valor de R$ 10.500 gastos com combustível durante a campanha de Bia.
“Parei para fazer alguns cálculos, se ela abasteceu dia 01/10/2018 em torno de 750 litros de gasolina e novamente no dia 5/10/2018 em torno de 750 litros de gasolina, analisando que a gasolina na época estava em torno de 4 reais, ela teria que ter rodado 2.400 quilômetros por dia em uma velocidade média de 100 quilômetros por hora os 04 dias seguidos sem parar. Achei muito estranho e anormal”, diz, na representação.
A defesa de Bia diz que ainda não foi notificada e que a deputada está à disposição para prestar informações. “É natural que pessoas com interesses políticos diversos ou que queiram prejudicar façam denúncias”, afirma Denia.
Souza também diz que sua acusação não tem relação com a briga entre alas ligadas a Jair Bolsonaro e a Luciano Bivar, presidente do PSL, dentro do partido.
“Não tem relação com a briga do PSL. Eu não tenho contato com o PSL”, diz.