Juízes e procuradores viram tentativa de intimidação em aviso sobre cópias de material da Lava Jato
Maçã envenenada Soou como tiro de alerta entre procuradores e juízes o telefonema, revelado pela Folha, nesta segunda (7), em que Marco Aurélio Canal, um dos auditores da Receita presos pela Lava Jato do Rio, disse ter distribuído cópias de processos atrelados à operação a interlocutores. Investigadores familiarizados com o caso lembram que, quando a conversa chegou a eles, ainda durante a apuração, ela foi interpretada como tentativa de intimidação. Encarcerando-o, a força-tarefa dobrou a aposta.
Sob encomenda O grupo de Canal desconfiava de que era alvo de monitoramento, como mostrou O Globo. Esse fato reforça a suspeita dos procuradores de que, ao dizer em um telefonema que havia copiado informações sensíveis, o auditor queria, na verdade, avisar que tinha munição contra gente importante.
Mensagem para você Canal falou sobre o tema ao telefone com um ex-cunhado, que é juiz. Ao fazer isso, o auditor facilitou a captação da conversa pelos investigadores.
Barril de pólvora Integrantes de cortes superiores também interpretaram como ameaça a conversa publicada pela Folha. A percepção de alguns é a de que a prisão de Canal pode deflagrar “uma guerra de facções” entre órgãos de fiscalização.
Prova real Para os procuradores, nada muda. A Lava Jato do Rio faz questão de isolar o trabalho de Canal, que não integrava o eixo das apurações. Além disso, o telefonema evidencia, dizem os investigadores, que o auditor usava o posto para achacar autoridades.
Meio a meio Agentes e delegados da PF se dividem sobre a atuação do ministro Sergio Moro (Justiça), que saiu em defesa de Jair Bolsonaro, após a Folha revelar que um depoimento e uma planilha obtidos pela corporação vincularam a campanha do presidente ao laranjal do PSL mineiro.
Não é para tanto As duas categorias concordam que Moro cruzou uma linha ao indicar que teve acesso a investigações sigilosas. Mas os agentes relativizam. Afirmam que há tentativa de criar tensão na gestão Bolsonaro, e que o ministro tenta apenas minimizar a pressão sobre o presidente.
Passo em falso Já delegados dizem que o ex-juiz colocou a PF numa situação horrível ao sugerir que conhece inquéritos sigilosos e ainda fazer juízo de valor sobre os dados antes de a apuração ser concluída.
Devagar com o andor O Tribunal de Contas da União acatou representação para apurar queixa contra a montagem do Conselho de Administração do Banco do Brasil. A indicação de quatro integrantes foi questionada em queixa sigilosa enviada à corte.
Lá e cá A reclamação questiona a indicação ao colegiado de nomes que, anteriormente, ocupavam postos em concorrentes do BB, indicando possível conflito de interesses.
Com lupa A área técnica do TCU entendeu que havia motivos para apurar e solicitou diligências sobre o procedimento à Comissão de Valores Mobiliários e ao próprio banco. O ministro Bruno Dantas autorizou as inspeções.
Lança-chamas No BNDES, houve bate-boca nos grupos de WhatsApp após divergência sobre a venda de ações do BB em posse do banco. Mensagem atribuída ao diretor André Laloni classificou de “faxina” a destituição de executivos que “fizeram as piores operações da história do BNDES”, como as com a JBS.
Retrovisor Sob Michel Temer (MDB), porém, o BNDES concluiu que teve lucro com o frigorífico. A assessoria do banco não confirmou nem negou que Laloni tenha escrito a mensagem.
Sem pressa Líderes do centrão começam a dizer que o pacote anticrime de Moro deve ser votado só no ano que vem.
Tempo ao tempo O texto da reforma administrativa que vai promover mudanças no funcionalismo deve ficar pronto no fim da próxima semana.
Que rei sou eu A disputa pelo comando do PSL entre Jair Bolsonaro e Luciano Bivar, presidente do partido, subiu um degrau. O clima ficou tão tenso que integrantes da sigla dizem que a cúpula discute rescindir contratos com a advogada Karina Kufa, por considerá-la fiadora da ofensiva de Bolsonaro por espaço no PSL.
TIROTEIO
Um governo cada vez menos diferente dos que criticava. Confunde o público com o privado e adota prática de ética seletiva
Do deputado Marcelo Ramos (PR-AM), sobre a carona em avião da FAB que Onyx Lorenzoni (Casa Civil) deu ao pastor de sua igreja