Bolsonaro avisa aliados do Rio que é contra projeto que dá autonomia à PF

Sem margem de dúvida Jair Bolsonaro usou um encontro com a bancada do Rio de Janeiro, nesta quarta (28), para explicitar sua posição sobre a tentativa de uma ala do Congresso de emplacar proposta que prevê a autonomia da Polícia Federal. Segundo dois participantes da reunião, o presidente foi absolutamente claro ao dizer que é contra a iniciativa. Ele chegou a afirmar que tinha noção do desgaste que sofreria por defender publicamente tal posição, mas reiterou que seu entendimento sobre o tema já está fechado.

Dose dupla? De acordo com os relatos, o presidente chegou a usar o Ministério Público Federal, órgão autônomo, como exemplo. Disse para os parlamentares pensarem bem sobre o tema, estendendo todas as dúvidas que têm sobre a atuação da Procuradoria à PF ao projetarem o cenário de novo status para a corporação.

Casa de ferreiro O projeto que trata do assunto foi ressuscitado pelo presidente da Comissão de Constituição e Justiça da Câmara, Felipe Francischini, que é do partido de Bolsonaro. Por isso, um dos deputados disse ao presidente que não adiantava ele orientar a base num sentido para, em seguida, ser desrespeitado pela própria legenda.

Estamos de olho A conversa com parlamentares do Rio serviu ainda para a família Bolsonaro explicitar suas divergências com o governador do estado, Wilson Witzel (PSC), que vem flertando com a ideia de ser candidato ao Planalto em 2022. O senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ) criticou o andamento do plano de recuperação fiscal do estado.

Estamos de olho 2 Flávio chegou a dizer que o Ministério da Economia deveria produzir um relatório sobre o cumprimento dos compromissos firmados pelo Rio para saber se a gestão estadual está fazendo o dever de casa.

Para pior A Associação Nacional dos Magistrados da Justiça do Trabalho pedirá a Bolsonaro o veto parcial da medida provisória da liberdade econômica. A entidade alega que, ao revogar artigos que tratam do descanso semanal remunerado, a proposta deixou arestas na regulamentação do trabalho aos domingo e feriados.

Bota na conta Duas diretorias da Eletronorte foram oferecidas ao presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), e seus aliados. Isso em meio à tentativa do Planalto de ganhar simpatia à indicação de Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) para a embaixada nos EUA.

Vida real Parte do agronegócio pressiona Ricardo Salles (Meio Ambiente) a reforçar a fiscalização e deixar de lado o discurso de que Ibama e ICMBio atuam sob orientação de bússola ideológica. Este grupo diz que a prioridade é mostrar a clientes globais que há controles ambientais no Brasil –e que eles funcionam.

Fora dessa O setor produtivo foi a campo. Exportadores têm negado diretamente a clientes vínculo do agronegócio com queimadas.

Semântica Produtores rurais querem que fazendeiros que colocam fogo para abrir vegetação sejam nominados de outra forma pelo governo, como “especuladores de terra”, por exemplo. O Planalto evita a palavra “grileiro”, que vê atrelada à narrativa de esquerda.

Anéis e dedos O ministro Edson Fachin, do STF, atuou para conter danos ao determinar a retomada das alegações finais na ação que estava pronta para julgamento e questiona a compra do Instituto Lula.

Anéis e dedos 2 Apesar de a defesa do ex-presidente ter ganhado tempo, o despacho blindou informações sobre o pagamento e destinação de multas da Odebrecht dos advogados de Lula, que reivindicavam no recurso acesso total ao acordo de leniência do MPF com a empreiteira.

Visitas à Folha Camilo Santana, governador do Ceará, visitou a Folha nesta quarta (28). Estava acompanhado de Chagas Vieira, secretário de Comunicação, e Janaina Farias, assessora especial do governador.

Francisco Sant’Anna, presidente do Ibracon (Instituto dos Auditores Independentes do Brasil), visitou a Folha nesta quarta. Estava acompanhado de Marco Aurelio Fuchida, superintendente do Ibracon, Ricardo Viveiros, presidente da Ricardo Viveiros & Associados Oficina de Comunicação, e Ricardo Filinto, gerente de atendimento da empresa.


TIROTEIO

Já se sabia que não eram impessoais nem isentos. E, agora, que não têm alma nem fé, apesar de se dizerem cristãos

Do senador Jaques Wagner (PT-BA), sobre mensagens trocadas por procuradores após as mortes da mulher, do irmão e do neto de Lula