Para governadores, Bolsonaro subestimou crise e ampliou desgaste do Brasil com retórica voltada às redes
Língua, o chicote da alma Governadores diretamente envolvidos na gestão da crise deflagrada pelos incêndios na Amazônia avaliam que Jair Bolsonaro subestimou o problema e ampliou o desgaste do Brasil com sua retórica. Para eles, o presidente tratou uma questão de dimensão global da mesma forma que opera polêmicas miúdas, “falando com a bolha, apostando no acirramento”.
Tiro no pé Os que buscam ajuda de entidades internacionais relatam desconfiança geral de “complacência institucional” com o desmate.
Tu o dizes Para políticos de estados que estão no centro da tribulação, o encadeamento das ações do governo acabou dando corpo à narrativa de que ele estimula uma política antiambientalista. Primeiro o desprezo a números de institutos oficiais, depois o ataques às ONGs e, por último, a tese do complô externo contra o agronegócio nacional.
Maquiavel Para um governador do Norte, a imagem da atividade rural do país no exterior já foi fortemente abalada –e será duro reverter esse fenômeno.
Antes tarde… Representantes do Ministério da Defesa se reuniram na manhã desta sexta (23) para avaliar ações diante da crise com as queimadas. Antes mesmo de o presidente decretar a Garantia da Lei e da Ordem, helicópteros e aeronaves das Forças já tinham sido deslocados para os locais.
Menos Integrantes da Defesa também corroboram a avaliação de que a retórica do presidente contribuiu para ampliar a crise internacional.
Muito menos Militares aconselharam o Planalto a baixar o tom daqui para frente para evitar retaliações. Este grupo diz que é alto o risco de sanções a produtos agrícolas e de congelamento do acordo Mercosul-União Europeia.
Até tu, Brutus? A menção feita por Bolsonaro a “produtor rural tacando fogo” na Amazônia, durante a live desta quinta (22), irritou agricultores do Norte e do Centro-Oeste. Federações ligadas à Confederação Nacional da Agropecuária (CNA) chegaram a sugerir uma carta pública para rebater o presidente.
Água na fervura O setor produtivo divulga que quem desmata ilegalmente deve ser chamado de bandido, e não de produtor rural. Coube à ministra Tereza Cristina (Agricultura) apagar o incêndio no setor apelando por um voto de confiança no governo. A carta foi suspensa.
Amor próprio A romaria dos candidatos ao posto de procurador-geral da República ao Palácio do Planalto para falar com Bolsonaro começou a ser criticada no Ministério Público Federal. O gesto tem sido chamado internamente de “ato de mendicância” e de “humilhação para a categoria”.
Para o que nasce A situação piorou à medida que o governo passou a falar abertamente sobre o perfil que o presidente busca para a PGR: alinhado à pauta conservadora, sem vínculo com a esquerda e que atue pelas maiorias, não pelas minorias.
Para o que nasce 2 Para procuradores, quem cumprir o último item da lista estará traindo sua missão institucional.
Festim A entrevista à Gazeta do Povo na qual Deltan Dallagnol fez críticas a Jair Bolsonaro e tentou distanciar a Lava Jato da eleição do presidente chegou tarde, na avaliação de políticos. Há uma espécie de consenso nos três Poderes que o chefe da força-tarefa de Curitiba, neste momento, perdeu poder de fogo.
Meu cofrinho Líderes de partidos de centro-direita pressionam o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), a colocar em discussão na próxima semana projeto de lei que amplia os usos do fundo partidário, já de olho nas eleições municipais de 2020.
Meu cofrinho 2 Proposta que circula entre parlamentares abre a possibilidade de uso do fundo no pagamento de serviços de impulsionamento de mensagens nas redes sociais, como nos grupos de conversa, e também para o pagamento de multas eleitorais.
Repetente A nova investida da Lava Jato sobre o BTG de André Esteves virou piada nos grupos de WhatsApp de operadores do mercado financeiro. Um meme com imagens de máquinas de picotar papel com a inscrição “Venha ser trainee no BTG” circulou fartamente.
TIROTEIO
Cenas explícitas do esquartejamento de um ministro. O último passo para a desmoralização será a nomeação do PGR
Do senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), sobre as derrotas acumuladas por Sergio Moro (Justiça) no governo Bolsonaro